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terça-feira, junho 29, 2010

OGÃ

Ogã é um cargo de suma importância dentro de uma casa de santo, pois é ele quem toca os atabaques, instrumento de percussão que chamam as divindades para a terra, a fim de que possam se manifestar através de seus eleitos para serem reverenciados por todos que se encontram na festividade. Além de exercerem outras funções imprescindíveis para que um templo possa funcionar.

Dentro da nação Angola, o ogã é uma espécie de Abikú, diferentemente do que acontece em algumas outras nações. Seu cargo é visto pelo sacerdote em jogo de búzios e então ele será iniciado para esse sacerdócio.

Sim, o cargo de ogã é um tipo de sacerdócio, pois ele é que vai também, auxiliar o sumo sacerdote em diversas tarefas, inclusive na iniciação dos filhos de santo. Quando uma pessoa tem esse cargo, sua vida dentro do santo é bem diferente daqueles que se incorporam com Orixá, a começar por sua iniciação.

Um rodante, como chamamos as pessoas que incorporam, passa por um bori, e começa a ser um abiã dentro da casa de santo, onde seus direitos são muito poucos.

Mais tarde quando vai para a iniciação, passa por um período de vinte e um dias recluso. Já o ogã, a partir do momento em que é apontado e suspenso, já começa a ser chamado de pai, e assim sendo tem o respeito de todos daquela casa, bem como de outras casas.

Sua iniciação se dá com sete dias de reclusão e ele já sai com seus direitos, ou seja, “nasce com sete anos” como falamos no Candomblé. Porém, terá que passar por todas as obrigações normais de uma pessoa, até que complete a de vinte e um anos.

Essas obrigações são para que complete o ciclo pendente que seu Orixá, traz de outras encarnações. Uma pessoa é ogã, pois seu Orixá em outros tempos já passou pela fase de iniciação como rodante, assim sendo, precisa que seu filho apenas cumpra essa fase para que ele, como Orixá possa dar como cumprida a sua missão perante Orumilá.

Um ogã tem como função, além de tocar os atabaques, o zelo pelos mesmos, mantendo-os sempre em condições de serem utilizados. Além disso, é ele o responsável por retirar o couro dos animais sacrificados, de cuidar para que a casa esteja dentro das leis que regem o candomblé, cuida para que o zelador esteja sempre a par de tudo que acontece na roça, mantém os filhos de santo dentro das normas exigidas.

Algumas funções são pertinentes somente a alguns cargos de ogã. Por exemplo, a matança, ou seja, o sacrifício dos animais, pertence ao Axogum, cargo de suprema hierarquia, pois ele é o sacerdote da faca, é o homem que tem mão de faca, estando apto a realizar os cortes para qualquer entidade. É ele, inclusive, que tem o direito de jogar búzios para algum filho de santo, quando do impedimento do sumo sacerdote da casa.

O Axogum não pode errar jamais, afinal ele trabalha em conjunto com o Babalorixá ou com a Yalorixá, auxiliando-os em todos os instantes em cada função. Somente pessoa de altíssima confiança do sumo sacerdote ou sacerdotisa, pode exercer essa função, afinal ele tem a capacidade, a autoridade para imolar os animais, alimentando assim o santo de uma pessoa.

Se ele foi apontado e feito para o santo regente da casa, ele é pai do zelador, pai de seu Orixá e tem até mesmo o direito de sacrificar para o santo do zelador, afinal ele é o escolhido para essa função.

Existem ainda outras qualidades de ogã, como:

Alabê que é o que toca os instrumentos denominados de atabaques. É o grande maestro e sob sua batuta os instrumentos ecoam seus sons, avisando aos Orixás que mais uma festa em seu louvor está acontecendo. Graças a esses ogãs, é que temos a maravilha chamada roda de santo, ocasião em que podemos mostrar nosso amor a essas divindades, dançando seus ritmos louvando assim, toda a existência na Terra, que sem a permissão de Olorúm, jamais aconteceria.

O Pejigan, aquele responsável por zelar do altar sagrado da casa. A palavra pejigan assim se traduz: peji = altar, gan = senhor. Em algumas casas, dependendo da nação, ele é o de maior importância, sendo considerado o chefe dos ogãs. É a ele que se reportam quando necessitam de alguma informação sobre determinados assuntos e, o zelador não está ou não pode atender naquele momento, devido a algum impedimento.

Todas as qualidades de ogã são de suma importância para uma casa de santo, e nenhuma pode ser edificada sem a presença dos mesmos, afinal, são eles, os pais de todos os rodantes, aqueles eleitos pelos Orixás para serem seus representantes com altas patentes.

Independente do cargo, se um ogã é suspenso e confirmado para o santo do zelador, ele é pai do mesmo e assim devem andar em harmonia, pois o Orixá, dono da casa, os escolheu para zelar por seu templo. Nesse caso ele é iniciado pelo sacerdote que iniciou aquele zelador.

Em qualquer casa aonde chegar, um ogã deve ser respeitado, pois não pediu para nascer assim, foi escolhido pelos “deuses” para aquela função.

A palavra ogã, deriva da palavra Jêje, que significa chefe, dirigente. Um sacerdote que permanece lúcido durante todas as obrigações não importando qual seja

O fato de o ogã não se incorporar, não significa que ele não tenha intuições ou mesmo que não sinta a presença do santo. Ao contrário: os ogãs possuem alta sensibilidade intuitiva, são capazes de auxiliar o sumo sacerdote até mesmo quando esse enfrenta uma dificuldade, por exemplo, de interpretar determinado assunto no jogo de búzios, são grande sensitivos e sentem a presença de seus Orixás, podendo até mesmo sentir um arrepio ou algo parecido.

Os cargos de ogã são exclusivamente masculinos e jamais uma mulher poderá exercer a função do mesmo. Inclusive o ato de tocar atabaques, é uma aptidão somente para eles. Pois são eles; preparados para tal finalidade. Não incorporam, e assim podem chamar os Orixás até mesmo das pessoas mais antigas que estiverem presentes naquele momento.

Costumam os ogãs saberem todos os fundamentos dos Orixás, dado a sua falta de incorporação. Foram escolhidos para esse sacerdócio e ai daqueles que censurarem um ogã ou mesmo não o respeitar como pai. Sua importância é tanta, que ao falecer uma pessoa, o axexê, ou seja, a cerimônia fúnebre, jamais pode ser realizada sem ele, afinal além de tocar, os instrumentos sagrados, anunciando que a pessoa não mais pertence ao mundo dos vivos, é ele quem preside o ato de despachar os pertences da pessoa.

Quando um Orixá escolhe uma pessoa como seu ogã ou mesmo, como ogã da casa, está entregando a ele, mais que um cargo. O Orixá na verdade o consagra como um sacerdote, uma pessoa que deverá manter sua casa aberta, e ainda, zelar para que todas as obrigações sejam feitas dentro das normalidades.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.




terça-feira, junho 22, 2010

MENTIRA E INTRIGA, ÁCIDOS QUE A TUDO CORREM.

Dentro de uma obrigação, temos que manter a disciplina, o amor, a harmonia para que o Orixá possa interferir na vida de uma pessoa. Mas, nem somente nesses momentos essas energias devem ser utilizadas, mas em toda nossa vida, uma vez que os Orixás precisam delas para nos ajudar em nosso dia a dia.

Acontece que muitas vezes, por mais que se lute com fé e dedicação, algumas coisas não alcançam seus objetivos, então, temos que parar analisar e ver onde está o erro. No geral, as pessoas tendem a colocar logo a culpa no santo ou no zelador que fez as obrigações, mas, se esquecem de olhar à sua volta, e ver se está em um ambiente salutar.

Ocorre, que; quando estamos em um local onde a mentira, e a intriga reinam, dificilmente obteremos os resultados desejados, pois, elas são como ácido que a tudo correm, mesmo com as mais belas e amorosas obrigações realizadas.

Não existe como um Orixá trabalhar nesse local, pois ao invés das pessoas, se manterem unidas em prol de todos, alguns se manifestam, seja por inveja, ciúmes ou outro motivo, contrário ao que se está sendo feito, e aí meus queridos, dificilmente alcançaremos a graça desejada.

De nada adianta ter um bom zelador de santo, fartura em materiais, e tudo que se diz respeito ao santo, se uma ou mais pessoas estiverem nutrindo esses sentimentos que somente a espíritos e almas pequenas servem.

Seria como um barco, onde existem pessoas remando para um lado, e outras para outro. Esse barco vai apenas rodar até que afunde levando a todos junto de si.

É de suma importância que, todos estejam com pensamentos positivos, tanto na hora das obrigações, como depois delas. Afinal, de que serve tanta energia positiva, como é jogada nas obrigações, se, depois ficam alguns nutrindo ódio, rancor, mágoa, vingança etc.?

Existe um ditado que diz que: “uma laranja podre em um cesto, estraga todas as demais”. E é a mais pura verdade.

Desde os momentos que antecedem a uma obrigação, o sumo sacerdote que irá realizá-la, tem que se abster de tudo que for do mundo, para que somente o positivo aja no trabalho. Mas, não somente o sacerdote tem essa obrigação, as pessoas que irão ajudar a família da pessoa beneficiada, teem a obrigação de compactuarem com pensamentos e ações positivas.

“Uma andorinha só não faz verão” diz outro ditado popular. E aí mais uma vez, vemos a sabedoria dos antigos, ditando os caminhos corretos para seguirmos.

Após a obrigação, a pessoa beneficiada, passa por um período no qual estará muito sensível e vulnerável ocasião em que as forças inferiores farão de tudo para estragarem o que foi feito, e se encontram essas energias negativas, teem terreno fértil para semearem suas malditas sementes.

As pessoas devem se conscientizar de que, tudo aquilo que desejamos para os outros, volta contra nós mesmos, e assim deixarem a mesquinharia, o orgulho e a avareza fora de suas vidas. Os fofoqueiros deviam entender que somente eles são as maiores vitimas de suas intrigas e maledicências.

Deveriam essas pessoas se envergonhar e pararem de mentir e intrigar, pois mais dia menos, dia, elas mesmos serão suas vítimas. Acontece que: “o que mata a cobra, é o próprio veneno”. E essas palavras já ouvia quando ainda era criança.

Quantas vezes uma família inteira terá que sofrer por conta de pessoas assim, até que as mesmas deixem do lado de fora de suas vidas essas ações?

Mentira, intriga, servem somente para destruírem tudo ao nosso redor, não importa se somos sacerdotes, sacerdotisas, abikús, ebomis etc.

Usemos, pois, sempre da verdade, da harmonia e do amor, por mais que achemos defeitos nos outros e veremos que muita coisa ao nosso redor pode mudar.



Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.




sábado, junho 19, 2010

POSSESSÃO

Este fator que ocorre em número muito maior do que possa se imaginar é algo gravíssimo e que tem que ser tratado dentro do Santo, pois os danos que causa em uma pessoa são muito mais fortes do que alguns imaginam.

A pessoa que está sendo vítima da possessão, não tem conhecimento algum de seus atos, de suas ações diárias e podem vir até mesmo a cometer crimes que perante a lei, serão julgados e condenados.

Os possuídos, por mais que aparentem normalidade em suas ações, não são em hipótese alguma conhecedores do que lhes ocorre, e medidas muito sérias precisam ser tomadas para que se afastem aquelas forças que, sob o julgo dos mesmos encontra-se determinado ser humano.

Muitas vezes a pessoa está possuída por egum, outras por espíritos trevosos, e até mesmo por vários espíritos ao mesmo tempo. Ocorre que esses espíritos nunca agem sozinhos, como falange que são, agem em grupos e deterioram com a vida de uma pessoa em pouco tempo.

Algumas possessões podem ocorrer por feitiçaria que fizeram contra ela, outras porque mexeram em despachos em encruzilhadas e cemitérios, além de vários ouros fatores, e é importante que o zelador entenda bem as quedas dos búzios para que possa resolver a questão, como é também de vital importância que a família ofereça todas as informações possíveis, para ajudar ao sacerdote a entender melhor o que se passa para que assim, tenha condições de efetuar a obrigação.

Se não for cuidada da forma que precisa, a pessoa obsedada pode ter consequências até mesmo em sua patologia, levando assim a aparecerem doenças que por mais que a medicina trate a cura não virá.

Existem pessoas que demonstram, por exemplo, um distúrbio mental, que os médicos identificam como esquizofrenia, sendo que a pessoa jamais possuiu tal doença, por mais que em sua família tenham existido casos semelhantes.

Deve-se evitar o tratamento clinico? Obviamente que não, pois a medicação ajudará a manter a mente da pessoa centrada e irá corrigir os danos que a possessão causou. Mas, é de suma importância que sejam feitos ebós, banhos, e obrigações para o anjo da guarda da pessoa e também para seu Orixá, a fim de que, seja afastado dela, o espírito que a mantém refém de suas vontades.

Em todos os casos de obsessão, é importante que, caso tenha já a pessoa sido levada ao médico, que se respeite o tratamento clínico e se intervenha com os trabalhos espirituais, pois a união desses dois tratamentos garantirão que a pessoa não fique com sequelas da doença.

Existem vários sintomas que indicam obsessão:

• Dores de cabeça sem motivo clínico algum,

• A pessoa, por mais que esteja o sol brilhando necessita de luz acesa dentro de casa, pois se sente em escuridão,

• A falta de higiene tanto pessoal como com o local onde vive e/ou trabalha,

• Xingamentos, onde a pessoa passa a maior parte de sua vida chamando pelos espíritos ruins, mas nesse caso, deve-se observar também se a pessoa sempre teve essa mania, e assim sendo não é propriamente a obsessão, ou a pessoa foi acompanhada em toda sua vida por espíritos obsessores, o que ocorre com frequência

• A pessoa acende velas para mortos e outros espíritos inferiores dentro de casa,

• De uma hora para outra a pessoa se entregou ao vício da bebida ou outras drogas, e se nesse caso, outras drogas, é vital que haja o tratamento clinico, pois ele limpará o organismo da pessoa,

• Por mais que a pessoa tente, mas, não consegue um bom sono durante a noite,

• Loucura mental ou outras doenças relacionadas à mente, além de uma imensa lista de problemas que são sintomas de obsessão.

Para cada um desses sintomas, existem tratamentos espirituais diferentes, da mesma forma que acontece com o tratamento médico que varia de pessoa para pessoa.

Às vezes é feito um trabalho espiritual aliado com o clínico e a pessoa melhora, mas após algum tempo os sintomas persistem, isso não significa que o zelador fez algo de errado.

Acontece que existem espíritos que vêm com a pessoa desde seu nascimento, e nesse caso ou em outros, vão embora, mas voltam, e esse retorno pode ser por vários motivos, e é importante que se comunique o fato ao sacerdote para que ele possa intervir novamente até que aquela força seja afastada em definitivo.

Muitas pessoas, ao verem que seu ente querido voltou, por exemplo, a um estado de loucura, agridem o sacerdote com palavras, mas, a culpa não é do mesmo, pois as forças das trevas são persistentes e determinadas a não perderem aquela alma que conquistaram. Esse retorno acontece até mesmo dentro das Igrejas quando praticam o exorcismo.

Quando, por exemplo, é feito um feitiço contra aquela pessoa, ou ela se contaminou por trabalho negro feito para outro familiar, foi feito um pagamento para aquela entidade, e essa não vai abandonar a presa facilmente. Ao contrário, voltará quantas vezes for necessário para cumprir a tarefa a ela designada.

A magia negra possui recursos inimagináveis e os usarão sem dúvida alguma contra seu desafeto. O mesmo ocorrendo, quando a pessoa é vítima de um egum, ou seja: alma de morto.

Esse espírito não vai abandonar sua vítima com facilidade e muitas vezes, essa guerra pode levar meses ou até mesmo anos.

Já presenciei casos, em que, pessoa feita de santo, foi vítima de um egum, e esse após algum tempo se passar dos ebós e da matança do voltava para tentar de novo, e assim foi, até que o Orixá finalmente venceu.

A demora nesse caso ocorre, porque quando são realizados os trabalhos, forma-se uma batalha entre as forças protetoras e as forças trevosas, e da mesma forma que em uma guerra, muitas vezes a força do mal se afasta, para tão somente buscar reforços e voltar a atacar, e nesse caso, muitas vezes, o retorno é com mais força do que tinha antes.

Acontece da mesma forma que um exorcismo realizado nas Igrejas, onde inicialmente o demônio se afasta da pessoa, mas pode acorrer de voltar, como foi o caso de Emily Rose, ocorrido nos Estados Unidos, onde por mais que o padre tenha lutado, culminou com a morte da moça. Foi então o padre culpado? Não! Apenas ele lutava sozinho contra uma força muito maior que a dele, e também naquele caso, houve o choque entre a medicina e a fé, sendo que nesses casos, é imprescindível que as duas andem juntas, por mais que o médico não reconheça o poder da fé.

A possessão existe em número muito maior do que se possa imaginar e em alguns casos, pode atingir a toda a família, provocando discórdia, brigas, desentendimentos cada vez maiores, e nesse caso, a intervenção do sacerdote se dá em várias vezes e não em uma somente. É o tão citado aqui, confronto entre as forças do bem e as do mal.

Já presenciei um caso, em que uma pessoa, (não cito nomes, por uma questão de ética), sofreu um surto psíquico e mais tarde foi diagnosticado como surto de esquizofrenia. Foram feitos, ebós, banhos e outras obrigações, mas, o tratamento médico não deixou de existir, e a pessoa melhorou, voltou a ter uma vida “normal”, obviamente respeitando as limitações que a doença deixou, e depois de quase um ano, a medicina diagnosticou que aquela pessoa, não sofreu um surto esquizofrênico.

Nesse caso, a pessoa tinha sofrido um ataque de um egum, de uma determinada pessoa que fazia parte da família quando viva e que não tinha simpatia pelos familiares. Isso é muito comum, pois após a morte, o espírito continua vivo, e com capacidade para interferir de formas variadas na vida das pessoas.

Vi também, um médico, que tinha uma pessoa de sua família diagnosticada como esquizofrênica e chegando ao apogeu da loucura, mesmo com certa desconfiança na chamada, fé, esse médico levou seu parente a um sacerdote e a pessoa voltou a ser como era antes.

Logicamente que mágica não existe, e em todos esses casos, mantiveram o tratamento clínico e o religioso, e dispuseram de tempo e recursos para se obter os resultados.

Existe ainda outro tipo de possessão: aquele que faz com que uma determinada doença não seja diagnosticada pela medicina. Isso ocorre, porque aquele espírito não deseja o bem de seu desafeto e intervém para que o médico não descubra o mal para que possa curar. Nesse caso, existem obrigações para neutralizar a força espiritual, permitindo assim que a medicina possa proporcionar a cura da pessoa.

O que não podemos fazer em hipótese alguma é interferir nos trabalhos da ciência, pois um médico estuda uma vida inteira e tem a capacidade sim, de diagnosticar e tratar muitos males.

Nem tudo é causa espiritual, mas para tudo a espiritualidade pode sim, interferir, desde que, respeitando-se o profissional da saúde que cuida daquela pessoa.

Quando temos uma pessoa que não aceita de forma alguma as obrigações, existem meios para se fazer as mesmas, sem que ela tenha conhecimento algum, do que ocorre.

Se uma pessoa de sua família mostra alguns dos sintomas acima relacionados, faça o seguinte:

Em um prato branco, coloque o nome da pessoa e por cima mel. Depois coloque esse prato em um local mais alto que a sua cabeça e ao lado um copo com água. Dentro co prato coloque uma vela de sete dias e acenda e mesma, rezando: um Pai Nosso, uma Ave Maria, um Credo, uma Salve Rainha e uma oração para o anjo da guarda.

Findas as orações, faça os pedidos na intenção da saúde mental ou física da pessoa. Após a vela terminar de queimar, despeje aquela água em uma planta não venenosa, e descarte a embalagem que estava a vela. Coloque outro copo com água, outra vela e repita os procedimentos. Faça isso quantas vezes for necessário e caso não aja uma melhora maior, busque a intervenção de um sacerdote.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.




quinta-feira, junho 17, 2010

“PRA PODER VENCER, TEM QUE LUTAR COM MUITA FÉ”

Esta frase faz parte de um ponto que aprendi na Tenda Espírita São Jorge, em Vila Velha E.S, na qual dei meus primeiros passos na Umbanda como médium. E reflete essa frase a mais pura realidade de nossa vida.

No mundo em que vivemos, temos uma luta constante contra as forças do mal, que tentam a cada dia, arrebanhar mais seguidores para seus escusos caminhos. Somos perseguidos de todas as formas e testados de todos os jeitos.

Toda pessoa que tem fé em Deus, nos Guias, nos Orixás, sofre terrivelmente as perseguições diárias, e temos que saber como nos defender e à nossa família. Termos fé significa termos estrutura para resistir a todos os tipos de ataques, possíveis e imagináveis, e temos que aguentar firmes, se desejamos ver nossos ideais realizados.

E quanto mais fé tivermos, quanto mais vivermos de conformidade com as leis de Deus e de nossos Orixás, mais ainda seremos perseguidos e atormentados pelos inimigos invisíveis, pois, esses não estarão jamais, contentes em nos ver firmes no propósito do amor e da caridade.

Se formos sacerdotes então, com mais força sofremos interferência desses espíritos inferiores e temos que combatê-los de todas as formas possíveis, acendendo velas, rezando, invocando a proteção Divina, clamando por nossos Orixás para que venham nos socorrer e nos afastar da negatividade.

Ser um sacerdote, ou uma sacerdotisa, é termos antes de tudo, a convicção que somos escolhidos para uma missão árdua, que é a de esquecermos-nos de nós mesmos para pensar no demais que vêm em busca de auxílio e conforto para suas almas corroídas pela dor e mágoa.

Temos que abrir mão de nossa felicidade muitas vezes, para que possamos ajudar na conquista da mesma por outrem. Em alguns momentos, somos obrigados até mesmo a deixar de lado um grande prazer como uma festa, um cinema, para socorrer a quem nos chame.

Somos convocados por nosso Orixá dia e noite para dar nosso testemunho de fé e resignação e muitas vezes isso nos causa dores profundas. Algumas ocasiões saímos com marcas terríveis em nosso espírito, dado a ingratidão, e a tantos outros fatores, mas, se mantivermos nossa fé inabalada, sairemos vencedores sim.

Nosso filhos de santo e consulentes, também não estão livres do martírio em nome da fé. Aliás, qualquer pessoa que tenha fé, independente de seu credo, sofre, carrega consigo uma bagagem de dor e lágrimas, que somente a amor poderá suplantar.

Temos nesse mundo, que estar preparados para tudo que possa nos acontecer e nada esperar em troca, pois assim o é desde o início dos tempos. Se observarmos a história, veremos que todos os que mantiveram sua fé, foram supliciados em nome da mesma e, tiveram que suportar o que um ser humano sozinho, jamais suportaria. Mas, acontece que eles estavam amparados por sua fé e seu amor.

Quantas vezes somos chamados, ao sacrifício em prol de alguém? Muitas vezes! E ai de nós se não estivermos preparados para tal.

Se não nos preparamos para nos doarmos em prol de nosso irmão seja ele quem for, não podemos esperar que nosso Orixá se doe em nosso favor. Não podemos esperar que nossos Guias de Luz, intercedam por nós junto a Oxalá.

Temos sim, que nos entregarmos com a certeza de que, fazendo o bem, colheremos o bem. E não importa se não colhermos aqui, pois a vida mais longa nos aguarda no pós túmulo, e com certeza nossa alegria será bem maior lá do que aqui nesse planeta de expiações.

Precisamos nos preparar para a morte da mesma forma que nos preparamos para ir ao encontro prazeroso de alguém que amamos, pois, na morte estamos indo de encontro a nosso Criador e de seus mensageiros.

Que forma melhor de nos prepararmos do que tendo fé em seguindo pela estrada do bem?

Deus não espera menos de nós. Sabe ele que como seus filhos, somos imperfeitos e às vezes nada merecedores de sua bênçãos. Mas, também ele sabe o que se passa em nossos corações, sabe se temos ali a verdadeira semente plantada, aquela que nos leva à colheita do amor, da fé e da misericórdia.

Nunca devemos olhar para trás, a não ser para que possamos aprender com nossos erros, e assim, seguir em frente sem errar de novo. Não devemos nos arrepender de ter dado nosso último pedaço de pão, para quem nos pagou com ingratidão, pois, na nossa colheita os frutos serão fartos e saborosos.

Devemos apenas arrepender-nos das coisas erradas que praticamos, e seguir em frente sem errar de novo, e, quando alguém nos pedir perdão, por um erro cometido contra nós, devemos perdoar imediatamente, pois da mesma forma nosso Orixá e nossos Guias, nos perdoarão.

Temos que lutar contra o mal. Lutar muito, pois como diz o ponto acima citado:

“tomar banho com as ervas da Jurema, e defuma com arruda e guiné, pra poder vencer, tem que lutar com muita fé”.

Mas uma fé viva, onde não haja dúvidas do que fazemos, não importando o sacrifício para o qual fomos chamados.



Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com
 

segunda-feira, junho 14, 2010

MARIA PADILHA

Eis uma grande Pombo Gira sempre disposta a auxiliar quem dela necessite. Dentro da Umbanda é muito comum vermos essa entidade se manifestar e com seus risos, seu cigarro, e sua taça de champanhe, provocar sempre alegria em nossos corações.

Mulher de muita força e poder existem várias qualidades e em cada uma, vemos sempre a mesma disposição em trabalhar em prol dos que dela precisem.

Rainha suprema na falange das pombos giras, mantém quando incorporada aquele ar de soberana, sem perder, no entanto a humildade necessária em um espírito. Gosta muito de perfumes, rosas vermelhas, roupas estampadas, pulseiras, brincos, colares, mostrando assim toda a sua vaidade.

Ao ser requisitada para um trabalho, sempre se mostra merecedora de todas as ofertas que lhe são atribuídas, pois dificilmente encontra obstáculos que não supere.

Padilha, como é carinhosamente chamada, é companheira de Sr. Tranca Ruas, e com ele anda pelas encruzilhadas e trabalha em nossa causa. Muito dificilmente veremos essa mulher prometer algo que não possa cumprir. Sempre é precavida e se o trabalho no qual está empenhada, tem alguma dificuldade em ser resolvido, ela busca na grande estrada do conhecimento, a ajuda para que seu consulente possa ter o resultado que precisa.

Ela sempre carrega consigo, além de seu companheiro, Tranca Ruas, outros exús, e suas qualidades variam de acordo com o local em que vive como espírito. Geralmente vem acompanhando Yansã, pois dentro do Candomblé sempre ela é mensageira desse Orixá.

Assim como na Umbanda, Maria Padilha, é também rainha dentro do Candomblé e nenhuma casa, pode existir sem que a ela faça ofertas. Segundo os zeladores mais antigos, essa senhora é a grande guardiã dos segredos do mundo dos espíritos, e graças a ela, temos muitas causas resolvidas.

As mulheres que possuem essa pombo gira, são dominadoras, atraentes, sensuais, ótimas dançarinas, muito capacitadas na arte do amor, e sempre fazem de tudo para verem seu companheiro feliz. Mas, basta um simples motivo, daqueles mais simples, para elas transformarem esse amor em ódio e assim passam a desprezar com a mesma intensidade que possuem de amar.

Muitas pessoas relacionam Maria Padilha e as demais pombo giras, ao homossexualismo, o que é um grave erro, pois nossa opção sexual é somente nossa e as entidades nada têm a ver com a mesma.

Pelo fato de um homem ter uma pombo gira, não significa que seja homo sexual, ao contrário, existem homens que as possuem como guias, mesmo sem incorporarem e são totalmente éteros.

Nenhuma entidade faz com que uma pessoa escolha outra opção sexual, essa já vem de nascimento e por mais que Padilha seja invocada pelos homo sexuais, isso se deve ao fato de ela ser protetora por excelência e assim sendo, sempre tomará as dores de quem estiver passando por uma dificuldade, ou perseguição.

Da mesma forma, as mulheres que traem seus companheiros. Muitas vezes é associada à determinada entidade aquela traição, outro engano. Se tomamos uma decisão, praticamos o nosso livre arbítrio e nossas entidades jamais podem ser acusadas de compactuarem ou de nos incentivarem.

Criaram-se muitos mitos com relação a Padilha, dado a sua desenvoltura, seu modo sensual de se dirigir aos homens, afinal ela é rainha de cabaré e assim sendo, possui a sensualidade natural nesse tipo de mulher.

Sabe como conquistar um homem e como prende-lo a ela, mas de forma alguma, interferirá na escolha de vida de seus médiuns.

Padilha é muito procurada para problemas de amor, e sempre se dedica a reunir um casal separado por quaisquer que sejam os motivos. Grande protetora, rainha das encruzilhadas, nada podemos fazer sem sua permissão. Sempre é bom ao irmos a uma encruzilhada levar alguma oferenda, darmos a ela algum presente para que nos ajude naquele trabalho, e para que não interfira cancelando assim a obrigação ali entregue.

Quem souber como presentear essa entidade maravilhosa, dificilmente terá algum problema mais sério em sua vida, pois ela é mensageira de Orixá, rainha nas encruzas, nos cabarés, nas estradas, nos cemitérios, e onde mais esteja presente. Nada adianta se fazer contra quem a alimente e a cultue, pois ela sempre estará pronta para defender aquela pessoa.

Aqui estão algumas qualidades de Maria Padilha:

Maria Padilha das sete encruzilhadas,

Maria Padilha das almas

Maria Padilha do cruzeiro,

Maria Padilha das sete sepulturas,

Maria Padilha das estradas, entre outras.



Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.









quinta-feira, junho 10, 2010

DOBURÚ

Esse é o nome da principal oferenda do Orixá Obaluayê. Trata-se de pipoca estourada e enfeitada com fatias de coco e entregamos a ele, como forma de pedir sua interferência nos assuntos para o qual necessitamos.

Porém, essa comida não é feita como a pipoca tradicional. Para que possamos fazer sua comida preferida, temos que colocar em uma panela, um pouco de areia de rio e depois o milho, e assim vamos mexendo e invocando o Orixá naquilo que desejamos. Também, não podemos fazer a mesma sem um copo com água e uma vela acesa em um canto da cozinha. Depois que terminarmos a comida colocamos a vela do lado de fora, no tempo.

Essa comida apesar de muito simples é de grande fundamento dentro de qualquer nação de Candomblé, pois como reza a lenda, era com ela que Yemanjá o alimentava quando seu leite materno secou. As fatias de coco são colocadas para que enfeitemos e ofertemos a ele, as coisas mais belas e saborosas. E também por se tratar de uma fruta de sua apreciação.

Também é a única comida de santo, conhecida tanto no Candomblé como na Umbanda, sendo que no primeiro, recebe o nome de Doburú, flor do velho, como se chama carinhosamente na nação Angola. Já na Umbanda ela é chamada de flor de obaluayê.

Muito utilizada dentro do Candomblé, serve tanto para pedir a misericórdia desse grande Orixá, para um problema de saúde, como também, para nos auxiliar a encontrar um emprego, a termos uma casa, para que seja retirado todo o negativo de uma pessoa entre várias outras utilidades, sendo que para cada uma ela é feita de forma diferente.

O doburú é usado até mesmo para afastar egum dos caminhos de uma pessoa, e também é utilizada em cerimônias fúnebres do Candomblé.

Na Umbanda, ao citarmos o nome dessa comida ou desse Orixá, deve-se louvar o chão em reverencia ao Grande Senhor da Terra, aquele que guarda as almas dos que desencarnam. O mesmo deve acontecer no Candomblé, pois é Obaluayê quem, juntamente com sua mãe, Nanã, auxilia nosso espírito no momento do desenlace.

O doburú pode ser entregue todas as segundas feiras, apenas como um presente a esse Valoroso Ser, para que nos ajude a termos uma semana de paz, de tranqulidade, com caminhos abertos, com saúde e tudo mais que precisarmos dele.

Algumas casas têm por hábito, tocar o doburú todas as segundas feiras, ocasião em que se distribui a comida para todos os que estão presentes, como forma de solicitar a intervenção do santo nos caminhos das pessoas.

Na nação Angola, existe uma obrigação que é feita durante sete segundas feiras seguidas, e tem o nome de Tabuleiro de Obaluayê. Essa obrigação é realizada quando uma pessoa esteja com uma doença muito grave, e mesmo quando alguém se encontra desenganado pelos médicos.

Vale lembrar, que mesmo sendo os Orixás de grande poder, jamais poderão interferir em uma determinação de Deus, ou seja: se a pessoa tiver que desencarnar, ela assim o irá fazer e a obrigação vai servir para que seja feito de modo tranquilo sem sofrimento para a pessoa ou para a família.

Essa comida serve também para ajudar os médicos a diagnosticarem uma doença, quando, por mais que se façam exames, não consegue a medicina entender o que se passa com a pessoa.

Muitos casos de cura, já foram presenciados em casas de santo, com essa obrigação, eu mesmo já presenciei uma pessoa que sofreu um acidente de carro, e perdeu 50 cm do intestino grosso e o fino foi rasgado, derramando fezes em seu interior, e para surpresa até dos médicos, essa pessoa em três dias, estava bem, e findos oito dias estava em casa.

A obrigação, no entanto, foi feita sem faltar uma segunda feira sequer. Foram cumpridas todas as determinações do Orixá.

É comum também, na hora de distribuir o doburú, o sacerdote pedir a quem puder que coloque uma nota de valor ou moedas em um recipiente, pois esse dinheiro é para a manutenção daquele Orixá somente.

Contam as lendas, que Obaluayê, tira esmola, mas, jamais permite que quem tenha fé nele, venha passar fome ou sofrer danos maiores.

Se desejar, obter um favor dessa divindade, faça o doburú e de a ele, com uma vela acesa e uma quartinha com água, que com certeza, ele irá atender seus pedidos.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.





terça-feira, junho 08, 2010

A PALAVRA CANDOMBLÉ

Muitos pensam que a palavra Candomblé é de origem Yorubá, dialeto falado nas casas de Kêto, mas na verdade, essa palavra é de origem Bantu, língua usada nas casas Angola. Quando os negros aqui chegaram, trouxeram seu culto, suas divindades, suas origens natais e, passaram a cultuar tudo em solo brasileiro.

Esses povos quando aqui chegaram, foram submetidos como sabemos, a todo tipo de degradação e humilhação que as mentes doentias da época julgavam certas. Assim, com sua condição humilhante, eles passaram a se conhecer melhor, trocaram idéias e conhecimentos, assimilaram um, os conhecimentos do outro, e isto sem contar com as crenças indígenas, que eles de forma alguma desacreditaram.

Essas formas poderiam até serem diferentes, das suas, poderiam eles acharem-na não condizente com seu culto, mas, como negar essas divindades que aqui já viviam antes de sua chegada? Então eles os africanos, no meio desta troca de seus conhecimentos tribais, nacionais, foram introduzindo "pequenas" oferendas às divindades indígenas e assim foi se formando ao longo dos anos o CANDOMBLÉ que conhecemos hoje.

Segundo acreditam muitos, foi assim que surgiu o culto aos caboclos dentro de candomblé, sendo conhecidos como: mensageiros dos orixás. Hoje em dia é comum vermos esses caboclos manifestados em festas próprias, entoando suas cantigas e ajudando a quem, precise.

A palavra CANDOMBLÉ, assim se traduz no Brasil: Instrumento de percussão e/ou lugar de danças de negros e, por extensão, lugar de terra batida por pés ou ainda terreiro, onde praticavam seus cultos religiosos.

Logo podemos associá-la também como festa, dado a tradução “Lugar de dança dos negros”, pois assim como na África, o toque dos atabaques, revelam o momento de homenagearmos nossos ancestrais, momento em que dançamos em sua honra, a exemplo, do que faziam muitos povos antigos que honravam seus antepassados, com bebida, comida e dança.

Como os terreiros, ou seja, o quintal, o espaço aberto, o pátio, deixaram de existir, foram se construindo os barracões e a palavra Candomblé ficou como nomenclatura dessa religião traga pelos africanos e tão amada por tantos brasileiros.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.






quinta-feira, junho 03, 2010

YÁ LAXÉ

Como todos sabemos, uma casa de Candomblé se faz com vários postos, que são o sustentáculo da mesma. Além do zelador de santo, existem outras pessoas que contribuem com a administração dos templos, fazendo com que o sumo sacerdote, apenas se ocupe dos assuntos nos quais sua interferência seja imprescindível.

Hoje vamos falar um pouco do Posto de Yá Laxé.

O nome Yá Laxé, se traduz como: Mãe do Axé ou Mãe da Casa de Axé. Esse posto como os demais, é escolhido para uma determinada pessoa, de conformidade com o Orixá Regente da casa. Ele através de búzios ou mesmo durante uma festa ou algum evento íntimo escolhe a pessoa que deverá ocupar o cargo, no caso, de Yá Laxé.

Após algum tempo frequentando a casa,a mulher é escolhida para o cargo. Após ser suspensa ou apontada para o mesmo, ela deverá passar por um bori, e posteriormente para a feitura, para que tenha condições de exercer sua função. Algumas optam diretamente pela feitura, dependendo das condições financeiras do momento, pois com o cargo para o qual foi escolhida, caberá ao zelador, arcar com todas as despesas.

Como os demais cargos de uma casa de santo, essa mulher é muito respeitada tanto pelos Yawôs como também pelos outros que possuem cargo ou ainda por aqueles que são ebomis, ou seja: têm a obrigação de sete anos. Mas, seu respeito não se restringe àquela casa, ela deverá ser respeitada onde for, pois possui um cargo sacerdotal dado por um Orixá.

A função da Yá Laxé é de muita importância, pois é ela quem supervisiona as oferendas para os Orixás, como também, é incumbida de zelar pelos assentamentos pertencentes à casa de santo. Não os assentamentos dos filhos, mas o que fazem parte do carrego do zelador ou mesmo os Orixás que são da casa, ou seja: pertencem à casa de santo.

Como uma Ekédi, a Yá Laxé não roda de santo. Ou seja: ela não se incorpora com Orixá nem mesmo com guias de Umbanda, porque durante um ritual, é ela quem auxilia o sacerdote, quem coordena a preparação das comidas que serão ofertadas e ainda, coordena toda a preparação da “roça” para a festa que será realizada.

Dentro de uma casa de Candomblé, a Yá Laxé, somente deve obediência ao santo do zelador, e anda de acordo com o sacerdote, garantindo assim, que tudo esteja em perfeita harmonia na casa do santo.

Nada em uma casa de Candomblé se faz sem que a Yá Laxé participe ou mesmo, na ausência do zelador, sem que ela autorize. Até porque, o Orixá do zelador, quando incorporado, apontou aquela pessoa para o cargo, e a incumbiu de zelar pelo seu assentamento de forma direta. Nesse caso ela passou a ser mãe daquele Orixá, e assim sendo, até mesmo o zelador deve obediência a ela.

No caso de iniciação para esse cargo, a exemplo do que acontece com o Ogã e Ekédi do Orixá regente de um templo, não é o zelador da casa quem inicia a pessoa, mas o seu zelador, ou zeladora, pois como uma Ekédi, ela passará a ser mãe daquela divindade. Será uma espécie de sacerdotisa a qual deverá ser respeitada por todos daquele templo. Se por ventura ela não for respeitada pelo zelador, este corre o risco de ser punido por seu Orixá, pois como seu filho, está desrespeitando uma ordem direta sua, afinal, se ela foi escolhida para aquele posto, é tão somente porque seu santo a escolheu de acordo com as determinações de Orumilá, ou seja: Deus.

Devemos respeitar todos os cargos hierárquicos dentro de um templo, pois são eles que não somente garantirão o funcionamento do mesmo, mas, farão com que o templo esteja aberto e funcionando mesmo após a morte de seu sumo sacerdote.

Compete a Yá Laxé juntamente com um determinado ogã ou ainda com uma ekédi, promover o ossé dos santos, tanto os que são da cabeça do sacerdote, como aqueles que são os santos da casa, ou seja, os santos que garantem a existência e funcionalidade do templo.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi; Odé Mutaloiá.







terça-feira, junho 01, 2010

O QUE É MACUMBA?

É comum vermos pessoas leigas, e que são manipuladas por sacerdotes das religiões cristãs, se referirem ao Candomblé e à Umbanda como Macumba. Os sacerdotes usam esse termo para humilhar e desacreditar as religiões afrodescendentes.

Macumba não se trata de religião, mas sim de um instrumento musical que era usado desde tempos remotos.

Encontramos a tradução para essas palavras em alguns dicionários e neles a palavra se traduz como um Instrumento Musical, um tipo de reco-reco, que era utilizado na África desde os tempos mais remotos. Esse instrumento produz um som rascante, ou seja: um som áspero, semelhante ao que produz o diamante ao cortar o vidro, ou ainda parecido com um tecido que se rasga. A pessoa que toca esse instrumento é chamada de Macumbeiro.

O termo pejorativo macumba, surgiu segundo historiadores, com João Paulo Emílio Cristovão dos Santos Barreto, mais conhecido como João do Rio, que viveu no Rio de Janeiro no período de 1881 a 1921, escreveu sobre os negros e seus cultos no Rio de Janeiro. Segundo esse escritor, “as seitas de origem africanas no Rio eram chamadas de Candomblés assim como na Bahia”. Porém o preconceito sempre falou mais alto, e a burguesia da época, denominou esses cultos de “macumbas”, devido aos toques dos tambores e demais instrumentos musicais utilizados.

Podemos ver assim que: nunca a palavra macumba se traduziu como religião verdadeiramente e que somente pessoas sem cultura alguma, que são mais facilmente manipuladas traduzem esse termo de forma tão grotesca e mesquinha.

Algumas pesquisas na história do Brasil nos mostram que apesar de muitos donos e senhores de escravos procurarem seus cativos a fim de receber “favores” de suas divindades, desprezavam depois os mesmos, dizendo que eram eles adoradores de satanás.

O que ainda encontramos nos dias de hoje, quando pessoas de classe elevada buscam nos Terreiros de Candomblé, solução para seus mais variados problemas e que depois de atendidos, proclamam-se aos quatro cantos, contrários a essa religião.

Isso acontece por que, como no tempo do cativeiro, a igreja ainda é predominante em nosso meio e para que possam manter seus fiéis submissos, ameaçam com o fogo eterno todos que não compactuam com seus princípios e isso traz medo aos seguidores.

Ter uma religião africana como fonte de referência, não faz em hipótese alguma daquela pessoa um ser que compactue com forças do mal, ao contrário, muitos dos seguidores dessas religiões têm muito mais medo da ira Divina do que se possa imaginar, uma vez que temem até mesmo a palavras que saem de suas bocas, pois as mesmas são verdadeiras orações e uma vez soltas, não voltam atrás.

Sérgio Sillveira, Tatetú N'Inkisi: Odé Mutaloiá