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quinta-feira, junho 03, 2010

YÁ LAXÉ

Como todos sabemos, uma casa de Candomblé se faz com vários postos, que são o sustentáculo da mesma. Além do zelador de santo, existem outras pessoas que contribuem com a administração dos templos, fazendo com que o sumo sacerdote, apenas se ocupe dos assuntos nos quais sua interferência seja imprescindível.

Hoje vamos falar um pouco do Posto de Yá Laxé.

O nome Yá Laxé, se traduz como: Mãe do Axé ou Mãe da Casa de Axé. Esse posto como os demais, é escolhido para uma determinada pessoa, de conformidade com o Orixá Regente da casa. Ele através de búzios ou mesmo durante uma festa ou algum evento íntimo escolhe a pessoa que deverá ocupar o cargo, no caso, de Yá Laxé.

Após algum tempo frequentando a casa,a mulher é escolhida para o cargo. Após ser suspensa ou apontada para o mesmo, ela deverá passar por um bori, e posteriormente para a feitura, para que tenha condições de exercer sua função. Algumas optam diretamente pela feitura, dependendo das condições financeiras do momento, pois com o cargo para o qual foi escolhida, caberá ao zelador, arcar com todas as despesas.

Como os demais cargos de uma casa de santo, essa mulher é muito respeitada tanto pelos Yawôs como também pelos outros que possuem cargo ou ainda por aqueles que são ebomis, ou seja: têm a obrigação de sete anos. Mas, seu respeito não se restringe àquela casa, ela deverá ser respeitada onde for, pois possui um cargo sacerdotal dado por um Orixá.

A função da Yá Laxé é de muita importância, pois é ela quem supervisiona as oferendas para os Orixás, como também, é incumbida de zelar pelos assentamentos pertencentes à casa de santo. Não os assentamentos dos filhos, mas o que fazem parte do carrego do zelador ou mesmo os Orixás que são da casa, ou seja: pertencem à casa de santo.

Como uma Ekédi, a Yá Laxé não roda de santo. Ou seja: ela não se incorpora com Orixá nem mesmo com guias de Umbanda, porque durante um ritual, é ela quem auxilia o sacerdote, quem coordena a preparação das comidas que serão ofertadas e ainda, coordena toda a preparação da “roça” para a festa que será realizada.

Dentro de uma casa de Candomblé, a Yá Laxé, somente deve obediência ao santo do zelador, e anda de acordo com o sacerdote, garantindo assim, que tudo esteja em perfeita harmonia na casa do santo.

Nada em uma casa de Candomblé se faz sem que a Yá Laxé participe ou mesmo, na ausência do zelador, sem que ela autorize. Até porque, o Orixá do zelador, quando incorporado, apontou aquela pessoa para o cargo, e a incumbiu de zelar pelo seu assentamento de forma direta. Nesse caso ela passou a ser mãe daquele Orixá, e assim sendo, até mesmo o zelador deve obediência a ela.

No caso de iniciação para esse cargo, a exemplo do que acontece com o Ogã e Ekédi do Orixá regente de um templo, não é o zelador da casa quem inicia a pessoa, mas o seu zelador, ou zeladora, pois como uma Ekédi, ela passará a ser mãe daquela divindade. Será uma espécie de sacerdotisa a qual deverá ser respeitada por todos daquele templo. Se por ventura ela não for respeitada pelo zelador, este corre o risco de ser punido por seu Orixá, pois como seu filho, está desrespeitando uma ordem direta sua, afinal, se ela foi escolhida para aquele posto, é tão somente porque seu santo a escolheu de acordo com as determinações de Orumilá, ou seja: Deus.

Devemos respeitar todos os cargos hierárquicos dentro de um templo, pois são eles que não somente garantirão o funcionamento do mesmo, mas, farão com que o templo esteja aberto e funcionando mesmo após a morte de seu sumo sacerdote.

Compete a Yá Laxé juntamente com um determinado ogã ou ainda com uma ekédi, promover o ossé dos santos, tanto os que são da cabeça do sacerdote, como aqueles que são os santos da casa, ou seja, os santos que garantem a existência e funcionalidade do templo.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi; Odé Mutaloiá.