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segunda-feira, abril 02, 2012

O SAGRADO CARGO DE OGÃ E OS SAGRADOS INSTRUMENTOS: OS ATABAQUES.


Há, no mundo de hoje, quem diga que Ogã não é Pai, que não tem que se dobar para ele, nem mesmo que ser chamado de Pai, pois para essas pessoas eles não passam de “tocadores de atabaques”.

Ainda existem aqueles que dizem: “não respeito Ogã, pois faço 10 ogãs e 100 Ogãs não me fazem”.

Realmente, Ogã não raspa um noviço, não dá bori, nem muita coisa que um sacerdote ou uma sacerdotisa fazem, mas; quem de nós, dentro do Axé Orixá pode fazer alguma coisa sem um Ogã nos acompanhando?
Se eles, não nos fazem, nós, por nossa vez não podemos fazer um Yawô ou Muzenza sem ele, afinal, quem toca os ensaios de nossos filhos?

Quem irá tocar a saída daquele que estamos iniciando? Quem tocará o “Zambi no Akodidê”?

Quem tocará o Toté de Maiongá?

Como podemos ver, dependemos sim e muito dos Ogãs, pois são na verdade o esteio de uma casa de Candomblé, sem Ogã não se tem uma roça de Santo.

Os Ogãs, dentro da Nação que fui feito, sempre tiveram muito respeito até mesmo por parte daqueles mais antigos na religião, pois são os que chamam nossos Orixás em terra. São eles, com suas mãos sagradas e devidamente preparadas, que primeiro entram em contato com as nossas Divindades, fazendo através do fundamento dos toques, que eles, se dignem a virem do Orúm, para nosso meio.

 Ogã é sim, um tipo de mediunidade, uma qualidade de sacerdote sim, porque sem eles, não temos o transe que faz com que o Sagrado se manifeste no impuro.

Desde tempos mais remotos, o Pai Ogã, como sempre foi chamado nas casas de axé, tem uma responsabilidade muito grande como nossos Orixás e com nossas cabeças, e isso se dá devido ao fato de forçarem a comunicação da Energia Orixá, com sua matéria.

Sempre ouvimos os mais velhos dizerem que Ogã não se manifesta, ou seja: não dá incorporação, mas hoje em dia, vemos muitos que possuem vontade de ser Ogã dando incorporação.

São atos que contrariam as leis dos mais antigos no Santo, afinal Ogã é um sacerdócio a parte nos rituais do Orixá, pois dependemos dele para tocar os instrumentos sagrados para que nossos encantados se manifestem e possam assim socorrer os que deles precisam.

Nunca um Ogã irá se incorporar seja lá com o que for. Ouvi muitos antigos na religião, ensinarem que Ogã é uma pessoa que em outra encarnação foi raspado, era rodante, mas, sua missão não foi completa dentro do Axé Orixá e por isso ele voltou com esse cargo, pois seu Santo não mais precisa vir a Terra, dançar e praticar outros atos que nós, rodantes praticamos e por este e outros motivos é que Ogã já nasce com sete anos, com as mãos para trás.

A manifestação do Orixá do Ogã se dá através de sua mente e de suas mãos, quando estas entoam os toques sagrados para que tenhamos os encantados conosco. Suas intuições são outra manifestação de seu Orixá e eles não precisam de mais nada, além disso, para serem pais.

Pai Ogã: sem ele, a roça não funciona, e sem ele, muito pouco fazemos dentro dos barracões.

Como podemos, por exemplo, fazer os ritos funerários, sem um Pai Ogã para tocar os atabaques, Engoma na Angola e Ilú no Kêtu?

Como tirarmos na sala, nosso filho que está nascendo se não tivermos o Pai Ogã para tocar os ritmos sagrados?

Nenhuma obrigação podemos fazer sem esse Pai, pois que, para a grande maioria dos rituais temos o uso dos atabaques e somente a eles é dado o direito de manipular esses instrumentos, que na verdade pertencem a Ogum.

Sempre foi dito também pelos mais antigos, que uma mulher não tem o direito de tocar esses instrumentos, mas, algumas vezes quando não se tem um Ogã presente, e ali está uma mulher que saiba tocar o instrumento, ela pode sim, mas, desde que esteja de corpo limpo, sem estar menstruada, pois corre o risco de enquizilar os Orixás.

Porém, mesmo assim, algumas pessoas do Santo, insistem em dizer que Ogã não é Pai, que não se deve dar dobale em seus pés e muito menos lhe dedicar o carinho que temos por nosso Pai e Mãe. Como estão enganados.

Tanto são pais, que existem as qualidades de Ogãs, e aqui passo a descrever as de minha nação:

Kambondos - Ogãs.

Tata Nganga Lumbido - Ogã, guardião das chaves da casa.

Kambondos Kisaba ou Tata Kisaba - Ogã responsável pelas folhas.

Tata Kivanda - Ogã responsável pelas matanças, pelos sacrifícios animais (mesmo que axogun).

Tata Muloji - Ogã preparador dos encantamentos com as folhas e cabaças.

Tata Mavambu - Ogã  que cuida da casa de Exu (pois mulher não deve cuidar porque mulher menstrua e só deve mexer depois da menopausa, quando não menstruar mais, portanto, pelo certo as zeladoras devem ter um homem para cuidar desta parte, mas que seja pessoa de alta confiança).

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá. Presidente do Conselho Religioso da UNESCAP.

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