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segunda-feira, janeiro 28, 2013

MAS VOCÊS QUE SÃO FILHOS DE PEMBA, VOCÊS QUE SÃO FILHOS DE FÉ, BATE A CABEÇA E PEDE A DEUS O QUE QUISER



“mas vocês que são filhos de pemba, mas vocês que são filhos de fé, bata com a cabeça e peça a Deus o que quiser”.

Assim é o ponto onde em muitas casas de Umbanda terminavam as sessões. Ocasião em que os médiuns iam aos pés do Guia Chefe batia sua cabeça, tinha suas costas cruzadas, depois ia até o Peji, batia a cabeça e fazia seus pedidos.

Porém, com muita tristeza em nossa alma, podemos afirmar que raríssimos são os dignos de se dirigirem aos pés de seus Guias Chefes e de seus zeladores ao ser entoado esse ponto. Pois que, filhos de pemba são poucos, e filhos fé; bem, nem sei se existem mais. Afinal, o que impera nos corações das pessoas de hoje, é somente o orgulho, a prepotência, a intolerância, a desobediência, a ânsia de crescer sem trabalhar, a falta de respeito com os mais velhos na religião e principalmente com seu zelador entre tantas outras coisas.

Em tempos atrás, uma pessoa por mais que sofresse, tinha orgulho de ser do Santo ou de ser da Umbanda, pois erámos iniciados para sermos esposos e esposas de Orixá, porém, hoje tão somente visam o material e nem estão aí para os preceitos das casas onde frequentam.

Em nenhum momento nos levantávamos contra nossos zeladores, pois que, estaríamos nos levantando contra nosso Santo, mas, hoje em dia o zelador que se cuide se não quiser apanhar de seus filhos de Santo.
Recordo-me de minha saudosa zeladora, Mametú Yndembeleouí, que Olorúm a tenha em seu reino, quando nos ensinava que somos escravos de nosso Orixá para o resto de nossa vida. Que temos que amar a todos os Orixás, pois, são todos eles, nossos pais e mães, não importando se é este ou aquele Orixá, mas, é uma Deidade que governa a natureza e assim sendo, um Ministro de Deus e temos que respeitar a todos, porque dependemos de todos eles.

Também nos ensinava essa grande sacerdotisa, que, todos os zeladores e zeladoras, eram nossos pais e mães, porque eram muito mais velhos que nós e assim sendo, devíamos a eles, o mesmo respeito que devíamos a quem nos iniciou. E o que vejo hoje? As pessoas mal respeitam seu zelador, que dirá o zelador de outras casas.

Ainda com essa sacerdotisa, aprendi junto de meus irmãos, que; nada nesse mundo passa sem que Olorúm veja e anote em seu caderno, e assim sendo, temos que nos ater a nossos atos, pois, por mais idade que tenhamos no Santo, não somos nada nesse mundo e um dia teremos que dar conta a Deus de nossos atos.

E hoje o que mais vejo são pessoas usando a religião para fazer maldade para seus desafetos. Segundo minha saudosa mãe Yndembeleouí, quando desencarnamos, e chegar à hora de nosso espírito dar contas de nossos atos, Xangô abre a porta para o egum entrar, e Logum Edé com sua balança, vai pesando tudo que é relatado, para que outra qualidade de Xangô nos dê a sentença de acordo com as leis de Deus. E neste momento ai daquele espírito que somente praticou o mal nessa Terra.

E as pessoas hoje se preocupam com isso? Nada! Somente se preocupam com o que vão ganhar financeiramente falando. Esquecem-se de que nesse mundo, tudo por pior que seja é finito, mas, no mundo do espírito, uma dor pode ser infinita.

Mas, os médiuns em sua maioria não são mais dignos de serem chamados de médium nem mesmo de filhos de santo. Mentem descaradamente, pisam no nome de quem tanto fez por eles, e que muitas vezes até matou sua fome e de sua família, como ocorre em muitos barracões, afrontam seus pais e mães no santo, acusam-nos de coisas horríveis. E se tomam uma baixa, xingam, jogam praga, expulsam de sua casa se o zelador lá estiver, e depois quando a coisa fica feia, ainda saem por aí metendo o pau no zelador de santo.

Seria muito mais bonito se assumissem seu erro. Se confessassem aos quatro cantos do mundo que sua vida está dessa ou daquela forma, porque desafiou a lei do Santo. Mas não. Preferem denegrir a imagem de quem somente os ajudou, do que assumirem seus erros.

Apenas se esquecem de um detalhe: a vida pode até demorar, mas cobra por tudo de ruim que fazemos nesse mundo. Esquecem-se também de que Orixá não é cego, nem surdo, nem mudo muito menos louco e que está sim, vendo tudo que se passa, e não têm pressa de nos cobrar nada.

Temos que amar nosso Orixá, mas temos que amar e respeitar nossos zeladores, todos os mais antigos, os Ogãs, Ekédis, enfim, todos os cargos que são concedidos por um Orixá, pois caso contrário, não passaremos de enxerto onde quer que estivermos.

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