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domingo, abril 21, 2013

QUAL A REPRESENTAÇÃO REAL DA ENCRUZILHADA AFINAL; E QUEM MORA NELA?



Sempre que se ouve falar em trabalho de Exú, escuta-se dizer em fazer despacho na encruzilhada. Porém, poucos são os que realmente sabem o significado da encruzilhada, o que ela representa para nós, seres humanos, para nossas vidas e para os espíritos que nela residem.  Pensam alguns que, ali somente vivem seres atrasados, em busca de vingança e de trabalhos nefastos e escusos como forma de destruírem a vida dos seres humanos, prestando assim, serviços aos “seres do inferno”.
Devemos nos ater antes de tudo que: em primeiro lugar, inferno é algo tão somente do Catolicismo e demais religiões Cristãs e nada tem a ver com nosso credo. Foi sua criação no imaginário popular, uma forma de se manter as pessoas fiéis a seus princípios, pois caso contrário, “Deus” as puniria com o fogo eterno. Sempre foi esta a maneira mais fácil de manter uma ou mais pessoas sob nosso julgo: ameaçamos com isso ou aquilo e pronto; garantimos total submissão. Ainda mais, quando fomos nós quem traduziu as escrituras de acordo com nossos interesses e ali colocamos apenas o que era de acordo com nossa conveniência. Teremos como resultado, uma massa mundial, se rendendo a todas as nossas vontades e com isso produzimos guerras, assassinatos, estupros e outros, como fez a igreja católica.
Mas, nada de inferno existe nas encruzilhadas nem mesmo nos espíritos que ali habitam. O que entendemos como encruzilhada afinal?
Encruzilhada segundo definições dos dicionários, nada mais é que o local onde se cruzam duas ou mais ruas ou caminhos. Mas, se assim o é, qual sua importância religiosa para o Candomblé e Umbanda?
Pois bem: Olorúm, Deus criou tudo, e todas as coisas existentes tanto na Terra como no Universo. Até mesmo os mais ínfimos seres foram por Ele criados. Ao criar o mundo, ele deu ao homem, o livre arbítrio, o direito de escolher qual caminho tomar em sua vida, e até mesmo de escolher se deseja viver para servir a Ele, o pai ou às forças das trevas. (Dentro da cultura africana, as forças das trevas são espíritos malfazejos que buscam o mal como força e nada têm com o diabo cristão).
Ao dar ao homem, o livre arbítrio, Olorúm, concedeu-lhe o maior dos desejos que poderia conceder, mantendo oculto dessa criação, apenas o dom da imortalidade. Pois bem, para que o homem decida qual caminho seguir, ele precisa tomar decisões que comprometerão sua vida para todo o sempre. E isso se compara a “estar numa verdadeira encruzilhada” como diz o dito popular.
Estamos em uma estrada ou caminho que leva a determinada Cidade, por exemplo, mas, não conhecemos muito bem o trajeto, eis que, quando chegamos a um entroncamento, ou seja, em uma encruzilhada, ficamos em dúvida de qual direção devemos seguir. Então caberá à nossa cabeça, nossa inteligência nos apontar para onde devemos ir. E isso ocorre em todos os sentidos de nossa vida.
Quantas e quantas vezes temos que tomar decisões em nossas vidas que não sabemos nem mesmo por onde começar a pensar? Temos nesse momento que ponderarmos todas as reflexões daquela decisão em nosso futuro, para então, decidirmos o que fazer. Esta é a encruzilhada que temos que passar em nossa vida. São caminhos que o destino nos reservou como forma de testar nossa fé e nosso amor por Deus, para que possamos provar assim, se estamos vivendo realmente dentro de tudo que pregamos.
Neste momento, os espíritos que residem nas encruzilhadas são presenteados, para que nos ajudem a tomar as decisões mais corretas a fim de que possamos passar por determinada situação sem maiores comprometimentos tanto de nosso corpo físico quanto espiritual.
Em outras situações, estamos sendo atacados por inimigos ocultos que não querem de forma alguma nos permitir seguir em frente com nossos planos de trabalho e crescimento, e isso tão somente por inveja. Nesta fase, presenteamos aos Exús das encruzilhadas para que desmanchem todos os feitiços que existam contra nós, para que tenhamos condições de seguir em frente.
A encruzilhada como podemos ver, é muito mais que uma mera representação. Ela é na verdade, um ponto estratégico em nossas vidas e devemos ter muito respeito ao passar por ela. Sempre que passarmos por uma encruza, devemos mesmo que em pensamento, louvar aos Exús que ali residem, pedindo permissão para, os que pensam que Exú reside na encruzilhada, para a exemplo da deusa Hécate, fazer o mal, tão somente o mal para os seres humanos. Aquela que nas noites de lua nova, andava na Terra com sua horripilante matilha de cães a destruir todos que passassem por onde ela estivesse.
Devemos entender que, por mais que tenhamos alguns aspectos parecidos com outras religiões, somos muito distantes delas, até mesmo porque, dentro da visão africana, Olorúm, Deus, é supremo, como nas outras, mas, não pode existir outro ser que deseje roubar-lhe o trono. Não entende o africano milenar, que sendo Olorúm o Supremo Criador, uma de suas criações tenha força nem poder para lhe dar combate. Na verdade eles acreditavam e passaram para nós essa crença, de que, Olorúm, criou a tudo e todos, e mesmo Exú é seu filho, aliás, o primeiro Orixá, aquele que recolhe nossas preces e nossos pedidos e leva para o Reino dos Céus.
É ele ainda que, se encarrega de vigiar os portais que separam nosso mundo dos mundos dos Orixás e dos mortos, a fim de que, nenhuma força adentre dentro do mundo da outra sem permissão. É Exú quem guia nossos Orixás a Terra quando de suas primeiras manifestações. Se não fosse pela vontade de Exú, homem e mulher não sentiriam desejo sexual, e assim sendo, não copulariam e com isso não perpetuariam sua raça.
Vejamos então, como Exú é de suma importância para nós e para nossa vida e nosso mundo! Dificilmente sem ele nem mesmo nossas preces seriam atendidas. Sua importância é tamanha que até mesmo nas oferendas é ele o primeiro a ser presenteado.
Em seus domínios, as encruzilhadas, Exú na verdade, zela por nós, cuida para que nossos inimigos não possam ultrapassar os limites e assim nos fazerem ainda mais mal do que conseguiram. Sabemos que as decisões que temos que tomar em nosso dia a dia, nem sempre são fáceis e em algumas delas, podemos machucar alguém e Exú sempre nos acolhe durante esse processo, garantindo que estejamos em paz com nossa consciência e a melhor forma para isso, é evitando que os seres inferiores, os eguns e outros, se infiltrem em nosso meio, e permeiem nossa mente com pensamentos nefastos e que somente nos afastarão dos ideais de Olorúm.
Silenciosamente, ele vigia nossos caminhos, nos orienta em tudo que pedimos, e sempre que possível guerreia contra aqueles que teimam e nos desviar dos caminhos que Deus quer para nós.
Porém, outro guerreiro também habita as encruzilhadas: Ogum. Sim, o Senhor da guerra, das batalhas, ali faz sua morada, afina, como andar por uma estrada sem que cruze por uma encruzilhada? E quando Ogum habita as encruzilhadas é justamente para coibir os excessos cometidos por Exú, é como forma de sustentar a coexistência dos dois mundos: o mundo dos encarnados e dos desencarnados, não permitindo assim, que de forma alguma, algo ultrapasse os limites do aceitável.
Porém, enquanto Exú mora nos cantos das encruzilhadas, o meio pertence a Ogum, é ali que suas oferendas são postas. Mas, como hoje em dia o transito de dá por meio de veículos motorizados, geralmente preferimos agradar Ogum em estradas afastadas, linhas de trem ou mesmo em encruzilhadas afastadas em locais onde praticamente não existem carros transitando.
Temos que prestar bem atenção na forma de entregarmos oferenda para Exú, pois dependendo da cor que colocamos de vela, da forma que entregamos essa oferenda, corremos o risco de Ogum vir receber, deixando assim Exú sem o que lhe é devido.
Segundo a lenda, Ogum decapitou Exú seu irmão, a pedido de Orumilá, pois este estava ultrapassando fazia tempos, os direitos que haviam sido conferidos a ele, e em muito também havia já, extrapolado os limites do aceitável, e como seu Pai, Orumilá determinou que Ogum refreasse o irmão, e este optou pela Guerra, Ogum não teve escolha que não decapitar o mesmo.
Assim, quando se coloca uma oferenda para Exú em uma encruzilhada, temos que saber a forma correta até mesmo para se chegar lá, pois corremos o risco de agradar a um, e desagradar o outro. Em cada ambiente da natureza, Olorúm colocou um de seus Ministros, os Orixás responsável, e não seria diferente com a estrada, encruzilhada, campina, porteira, enfim, tudo que se diz respeito ao mundo que habitamos.
Dizer que na encruzilhada é local para o mal, é falta de conhecimento, pois muita coisa boa é feita ali. O bem ou o mal está dentro da cabeça e do coração do ser humano e não das entidades. São as pessoas que manipulam as entidades, mesmo as sem luz alguma, para prejudicar seus desafetos. Assim, não precisar ir à encruzilhada, cemitério, ou seja, lá o que for para fazer maldade. Basta ter a maldade em seu coração e o local em nada importa.
Mas, aviso: cuidado com o mal, pois este é faca de dois gumes. Corta dos dois lados e mais dia menos dia, teremos que dar conta de nossos atos aqui na Terra.
Encruzilhada, portanto, nada mais é, que o sentido de seguir em caminhos opostos ou não, ao que estamos, e depende de quem está seguindo tomar a decisão. Por se tratar de uma espécie de bifurcação, que nos propicia diferentes oportunidades de caminhar, é que Exú ali reside, à espera dos transeuntes, para que lhes dêm presentes e sigam seus caminhos em paz.
Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.


segunda-feira, abril 08, 2013

ODÚS, OS CAMINHOS QUE TODOS TEMOS QUE SEGUIR.



Quando Olorúm, Deus, criou o homem, Ele em sua Sabedoria viu que o mesmo precisava se elevar se quisesse alcançar os degraus que Ele, o Criador, havia construído para que suas criações pudessem se chegar até sua morada. Mas, notou que dificilmente isso aconteceria, dado que por mais que os tivesse feito à sua imagem e semelhança, sua mais amada criação, não se esmerava em crescer até que merecesse atingir o ápice de seu mérito.

Então, Olorúm determinou que surgissem os Odús, que seriam o destino, os caminhos de cada um nesta Terra. Com os elementos que Ele mesmo havia criado: a água, o fogo, o ar e a terra, foram criando os Odús e dando a eles poder de guiarem os homens, orientando para que, não se desviassem de seu propósito maior: atingir a perfeição necessária para que pudesse ir para junto do Pai.

Os primeiros homens a serem guiados pelos Odús, mesmo vivendo em épocas onde a guerra, a selvageria imperavam, conseguiram alcançar ao menos parte de sua elevação, pois que, não matavam aquilo que não comiam, ou se não fosse para defender o que lhes pertencia. Não cobiçavam o que jamais poderiam ter, como, por exemplo, a sabedoria excessiva que somente serve para corromper os corações dos homens.

Entregavam-se, mas por amor. Nem mesmo comiam por ânsia, pois sabiam que o alimento não seria farto para sempre, e assim sendo, evitavam o desperdício, porque temiam não ter o que comer no amanhã.

Ao plantarem suas sementes na terra, oravam aos deuses, pedindo para que intercedessem ao Pai Maior, para que sua semeadura desse fruto. Antes de colherem ofertavam uma parte a terra e à natureza como forma de agradecer aos deuses, ao Pai Supremo e a toda a natureza pela fartura em sua colheita. Quando matavam um animal, fosse em rituais religiosos ou mesmo para alimentar suas tribos, agradeciam aos deuses e até mesmo àquele animal sacrificado, pois que, sua carne alimentaria a todos e sua pele serviria de roupa para aquecer ao frio.

E assim viviam, e simplesmente viviam, e hoje, segundo aos mais antigos na religião, são nossos Orixás. Vêm de volta a esse Planeta tão somente como agradecimento a Deus, e a melhor forma que encontram de agradecer, é nos guiando em bons caminhos, nos mostrando que vale sim, à pena seguirmos os princípios aqui deixados por Zambi.

Temos que seguir nosso rumo e nosso destino. Por mais que possa nos parecer pesado o fardo, jamais Deus nos daria algo para o qual não teríamos forças para suportar. Isso nos deixa claro os Mandamentos deixados por Iká. Precisamos apenas nos conformar com o que não podemos mudar, e lutar muito para nosso aperfeiçoamento.

Quantos de nós, não reclamou, já da luta diária? Quantas e quantas vezes já não nos achamos esquecidos por Deus e pela espiritualidade? Mas, ocorre que, são justamente nesses momentos que eles mais estão ao nosso lado, e muitas das vezes nos carregam no colo, só que, ao contrário de nós, não proclamam aos quatro ventos o que fazem. Preferem sim, agir no calado, sem que a própria pessoa saiba, pois a Sabedoria Suprema de Deus assim solicita.

Não podemos pedir que outros passem por nós o que nos está reservado, pois, estaríamos lutando e pedindo em vão. Nossos Odús são nossos caminhos e tudo o que temos nessa vida, é resultado do que fomos em vidas passadas. Nada, mas nada mesmo, passa sem que os Olhos de Olorúm, estejam observando.

Cada passo, cada gesto que fazemos, está sendo analisado pelas correntes espirituais, e essas, os levam para outras esferas que as levam para outras, até que sejam anotadas no Livro Sagrado. Iká, quando nos deixou os Mandamentos de Olorúm, deixou bem claro que somente através da resignação e do fazer o bem, poderemos alcançar a perfeição que buscamos desde nossa criação.

Seguir em frente com sabedoria, determinação, fé e resignação, é antes de tudo certeza de que Deus em sua soberania e supremacia nos observa e nos providenciará colheita farta mediante nossa semeadura.

Não nos compete, pois, julgar a quem quer que seja, dado que seremos julgados da mesma forma por Zambi e por seus Ministros, nossos Orixás. Temos ao contrário, que nos ater as coisas do bem e do amor, esperando que um dia receberemos o soldo de acordo com nosso trabalho.

Como Pai, jamais Deus daria a um de seus filhos, pedra no lugar de pão. Porém, deixou bem claro, que sem fazer por merecer, nada teremos nesse mundo ou no outro. E para que pudéssemos ser merecedores de todas as maravilhas que criou para nós, deixou no outro mundo, os Odús, que influenciam diretamente nossos passos aqui na Terra de forma que nos orientando, garantem que possamos nos adequar às necessidades do espírito e às exigências das Leis Divinas, a fim de sermos mais que filhos, mas presentes na perante o Pai.

Sigamos, pois, o que nos orientam os Odús através do oráculo sagrado de Ifá, pois eles são os porta vozes de Olorúm para os homens. Mantenhamo-nos firmes no propósito de fazer o bem sem olhar a quem, pratiquemos a caridade e o amor, pois que, Iká assim nos aconselha, e veremos a colheita de nossas vidas, ser farta.

Agindo em conformidade com as Leis Divinas, dificilmente seremos dominados pelas esferas mais inferiores que tentam de todas as formas nos denegrirem perante nosso Pai. Odús são os Mensageiros de Deus, os antepassados de nossos Orixás, o que de mais sagrado podemos invocar, respeitemos, pois,  suas orientações e decisões e assim, com certeza, viveremos mais e melhor. 

Tatetú N'Inkisi Odé Mutaloiá.