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sábado, janeiro 19, 2013

O MILAGRE DA PRESSA



Algumas pessoas buscam as casas de Santo na intenção de solucionar algum problema com certa urgência. Alegam que não podem esperar que precisam daquele problema resolvido o mais rápido possível. Seja ele, uma dívida contraída há tempos, um casamento desfeito há meses, uma causa que anda na justiça sabe-se lá há quanto tempo. O fato é que querem a solução imediata.

Mas, se esquecem de que, o Orixá para trabalhar, precisa de tempo, e do tempo de Deus e não do tempo dos homens. Quando entra em um problema, a pessoa deve se acreditar no Santo, buscar sua ajuda imediatamente, e não esperar dias, meses ou mesmo anos, para recorrer à ajuda espiritual.

Se a pessoa contraiu, por exemplo, uma dívida e precisa pagar, mas, não quer que alguém saiba, ela não deve esperar os últimos 05 minutos do segundo tempo para solicitar a intercessão dos Orixás naquele caso. 

Se ela realmente crê, deve buscar a ajuda imediatamente, pois assim dará tempo para que a Deidade interceda por ela. Não existe dentro do Axé Orixá, uma varinha mágica, como nos filmes de Harry Potter, onde o sacerdote bate na destra da pessoa, e simplesmente seus problemas somem.

Ao contrário: tudo demanda tempo. Orixá é como uma planta: temos que arar a terra, fazer a cova, plantar a semente, e cuidar esperando que a mesma brote, e depois continuamos a cuidar até que cresça e nos dê o fruto.

Quando damos um presente ao Orixá, não basta irmos a uma casa, acendermos uma fábrica de velas e sacrificarmos uma granja inteira. Nada disso adianta, se a fé não for nosso principal ítem. Alguns professam fé. Mas, que fé é essa que a pessoa mal acaba de fazer uma obrigação e quer o resultado para um problema que se arrasta há tempos?

E por que ela não pensou duas vezes antes de cometer determinado ato? Fácil não? Fazemos o que queremos e depois o Orixá que se vire para nos ajudar! É como dizermos: Deus perdoa porque esta é sua função! Oras! Temos que atentar para nossas ações! Existe uma lei da física que se aplica bem em nossas vidas: “toda ação tem uma reação da mesma intensidade ou maior”.  E isso as pessoas não querem ver.

Se assim o fosse, nós zeladores, poderíamos sair por aí matando, que nada nos aconteceria, afinal bastaria fazer um ebó, acender meia dúzia de velas e sacrificar uns pobres de uns frangos e BINGO! Tudo resolvido. 

Mas que nada. Se não andamos na lei, somos punidos como qualquer um, afinal graças a Deus as leis existem e devem ser cumpridas.

Presenciei uma vez em determinado barracão, uma pessoa dizendo para a sacerdotisa que ela tinha que ajudar, pois estava sem pagar a prestação de sua casa e a mesma iria a leilão e ela não poderia permitir que isso acontecesse. A sacerdotisa então disse: “o que posso fazer é acender umas velas, dar um presente ao Santo, mas se você não pagou o que quer que eu faça? Não sou mãe do Presidente do banco”! E a pessoa ainda se achou no direito de ficar com raiva da sacerdotisa.

Bem, se a pessoa não paga, é obvio que perderá seu bem. Se assim não fosse, não precisaríamos nós, que cuidamos de Santo, pagar a conta de luz, água ou telefone, pois os mesmos não seriam cortados.

Entro nesses detalhes, porque algumas pessoas chegam em nossas casas, achando que fazemos milagres, eu logo digo: a universal é na outra rua. Aqui somente cuido de Orixá. Não entendo o que pensam. Será que nos acham tão bons, ou pensam que somos burros? Acho que a segunda hipótese é a mais certa.

Orixá é amor, fé, humildade, sinceridade, honestidade, caráter, honra e outras coisas que faltam muito nas pessoas hoje em dia. Pensam que por terem determinado poder, podem tudo, que estão acima da lei dos homens e de Deus. Mas, se enganam, pois as leis existem para serem cumpridas e mais dia menos dia, todos independente de quem somos, teremos que dar conta de nossos atos.

Se não cumprimos com as leis, obviamente que teremos que prestar contas à justiça, de nossos atos. Se magoamos a quem amamos e vive ao nosso lado, é claro que a perderemos. O mesmo ocorre com as Leis do Universo, pois elas são feitas para garantir que o Universo gire em harmonia e paz, garantindo assim, as mesmas oportunidades para todos. Não podemos culpar Olorúm por nossos erros e por nossas más ações. 
Temos sim, que nos curvarmos perante suas leis.

Temos que obedecer as leis dos homens, pois nossos Orixás assim nos exigem, está escrito nas leis de Iká e essas são os mandamentos de Olorúm para a humanidade. Nossos ancestrais, as Deidades, sempre nos obrigarão a seguir essas leis, e a dos homens, porque nosso caráter é que vai mostrar quem somos realmente. Se por um lado, a lei dos homens, nos garante direitos, as Leis de Olorúm, nos garante que ao nos transladarmos de volta ao Orúm, Céu, nosso espírito poderá usufruir de todos os gozos na Eterna Morada de Nosso Pai.

Porém, se como filhos rebeldes, não cumprimos suas leis, nem seguimos seus mandamentos, como Iká nos deixou, teremos que nos contentar em viver na vida pós-túmulo em um mundo de ranger de dentes e trevas, pois esta foi nossa escolha.

Olorúm não é de forma alguma, vingativo e nem se trata de um justiceiro. Ele apenas criou Leis para que todos possam se chegar a Ele e se sentirem seus filhos, e mais ainda: serem dignos de ser chamados de seu filhos. Porém, quando somos levados deste mundo para o outro, é nosso espírito que nos julga, porque segundo os espíritos nos ensinam, Olorúm criou em cada espírito uma mente, e esta funciona como uma espécie de cartório, e, este somente dará direito de descanso ao espírito, depois que ele resgatar todas as suas dividas.

Não nos enganemos, pois, achando que podemos isso ou aquilo. Porque na verdade, nada somos nem nada podemos. Vivemos nesse mundo, tão somente pela vontade de Olorúm e saímos dele no dia e hora marcados por Ele. Ao nascermos, temos duas passagens: uma de vinda para esse mundo e outra de volta para o mundo espiritual. E nada nem ninguém poderão impedir esse regresso.

Por isso e muito mais, é que devemos nos ater em nossas ações e nossas atitudes, pois que, seremos cobrados em cada tostão de nossos atos.

Não adianta andarmos errados, e depois irmos a determinado Templo, onde descansam os objetos litúrgicos e os antepassados aqui chamados de Orixá, pensando que eles simplesmente irão apagar nossos erros, porque se assim agissem, não estariam de conformidade com as Leis Divinas.

A sabedoria dos africanos antigos nos mostrou que quando Olorúm se zanga, Ele tem seus Ministros os Orixás para cobrarem para Ele nossas dívidas. Não pode uma pessoa simplesmente pensar que com um presente, esta ou aquela Deidade fará com que seus erros não sejam contabilizados na terra, e muito menos no espaço.

Um sacerdote, uma sacerdotisa, são apenas instrumentos que seu Orixá usa conforme as determinações de Olorúm, e não fadas ou duendes possuidores de varas mágicas que fazem com que seus problemas acabem.
Muitas vezes um zelador ou uma zeladora atende uma pessoa, mas, ela nem imagina o problema pessoal que aquele Pai ou Mãe está passando, afinal a pessoa está ali como consulente e para ela não interessa os problemas do dirigente do Templo. Posso garantir que em sua grande maioria, possuem problemas muito mais graves do que os daqueles que os buscam, mas a imparcialidade nos obriga a atender sem queixumes, sem a menor demonstração de dor.

Se por acaso uma pessoa comete algum ato errôneo, ela tem que entender que precisa pagar por ele, e que nenhuma obrigação deste mundo lhe tirará isso. Pode sim, aliviar a carga, mas a cobrança, essa não desaparece de forma alguma.

Ande certo em sua vida. Caminhe no caminho da sabedoria, não cometa erros sérios com seu irmão, não adultere, não roube, não deseje aquilo que não é seu, não use drogas, não abuse de bebida, não cometa enfim, nenhum ato que seja criminoso aos olhos da justiça terrena e de Olorúm e verá como sua vida prosperará cada vez mais.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi lambanranguange: Odé Mutaloiá. Presidente do Conselho Religioso da UNESCAP.