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terça-feira, maio 12, 2009

CABOCLO ARARIBÓIA

Dentro da Umbanda Sagrada, essa entidade é louvada com um símbolo máximo de bravura, de guerreiro e de homem capaz de suplantar todas as adversidades da vida. Isso é uma verdade.

”Seu nome já traduz sua força e determinação: ARARIBÓIA – do tupi, Ararib, tempestade, tormenta, tempo mal, e Bói – Cobra. Assim Araribóia seu nome traduz como ‘Cobra das Tempestades’”.
[1]

“Valoroso chefe dos Temiminós residia com sua gente, na Ilha do Governador, mas, seu povo era massacrado pelos Tamoios, esses eram liderados por Cunhambebe, e aliados dos franceses, se dedicavam dia após dia a atacar os Temiminós de Araribóia”.
[2]

“Seu pai, Maracajaguaçú, (Gato Grande Selvagem), tinha outro filho chamado Mamemoaçu e com eles e todo seu povo, habitavam a Ilha de Paranapuã, hoje Ilha do Governador. Segundo historiadores, Araribóia teria nascido em 1524 na Ilha do Governador”.
[3]

“Atendendo pedido do Padre Brás Lourenço, o então Donatário da Capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho, acolheu os Temiminós. Pois os Tamoios estavam, exterminando essa aldeia” .
[4]

Nesse estado, E.S, Araribóia fundou o Bairro de Carapina que se traduz como Carpinteiro. Sua vida foi de marcante bravura e composta de várias batalhas, e, em cada uma delas Araribóia se mostrava mais valente que na anterior. Depois de realizados vários empreendimentos valorosos, dentro do Espírito Santo, ele retornou para o Rio de Janeiro, mais precisamente em 1560, ocasião em que Mem de Sá retornava para aquele estado a fim de dar combate aos franceses.

Nessa expedição, Mem de Sá levava entre suas tropas, Maracajaguaçú, seu filho Araribóia e mais índios flecheiros, do Espírito Santo. Em 15 de Março, segundo relata a história, Mem de Sá, promoveu o famoso a ataque à Ilha de Henri, e conseguiu vencer, graças à bravura de Araribóia e sua gente.

Porém com tantos feitos, Araribóia ou qualquer outro daquele tempo, não poderia imaginar que ele, o Cobra das Tempestades, estaria escrevendo seu nome, não somente nos anais da história do Brasil, mas, que se inscrevia como Valoroso Guerreiro que serviria na Umbanda, como um dos mensageiros de Oxossi, e consequentemente, chefe de uma falange inigualável em força e poder.
Essa falange de Araribóia é constantemente invocada, quando inimigos do plano espiritual tentam destruir alguma pessoa, família ou mesmo um grupo de amigos; então, essa falange liderada por esse Valoroso Cacique, dedica-se a dar combate às forças inferiores.

Araribóia sempre foi e sempre será um Caboclo valente e amigo constante de todos nós que amamos a Umbanda Sagrada.
Seu poder é também demonstrado em um de seus pontos: “ai Jesus, Jesus morreu na cruz, chegou” seu “Araribóia, salvou Jesus na cruz, chegou seu Araribóia, salvou Jesus na cruz”.

Esse ponto mostra-nos a capacidade de poder desse índio, desse caboclo que pode viajar através dos tempos, e também seu reconhecimento a Jesus, nosso Pai Oxalá, como mestre e salvador do mundo. Ao reverenciar Jesus nesse ponto cantado, Araribóia curva-se perante a soberania de Deus, nosso Amado Pai, mostra-nos que pouco somos nesse mundo e ainda nos ensina que somente através da humildade conseguiremos seguir em nossa vida, sem maiores complicações.

É importantíssimo que lembremos que esse índio, mesmo sendo tão bravo quando encarnado, não deixou de lado o reconhecimento de Deus como soberano absoluto do Universo, e serve nas fileiras comandadas por Oxossi, São Sebastião, a fim de poder assim continuar dando combate às trevas, em nome de Zambi, Todo Poderoso.

Valente em sua tribo, Araribóia continua sendo ainda mais valente no plano espiritual, uma vez que, lá as batalhas são de dimensões muito maiores que as daqui da terra.

Temos que nos orgulhar desse silvícola, que colocou sua vida e a dos seus em risco em nome de nosso país, e ainda hoje se confronta em nome da soberania de Deus, ajudando seus filhos encarnados.

Cobra das Tempestades, nos mostra também que é preciso servir mais do que ser servido, que tudo que fazemos nessa terra, devemos fazer com amor ao próximo e muitas vezes abdicarmos de nossas vidas em prol de nossos irmãos.

Aprendamos, pois, com a bravura e o desprendimento desse Caboclo iluminado e veremos muita coisa mudar em nossas vidas. Vários legados, ele nos deixou, mas, o mais importante de todos, foi com certeza, a verdade, a honra e o amor a Deus e suas criaturas. Deu sua vida muitas vezes para ser ceifada em nome de um ideal que ele nem mesmo nunca ouvira falar, mas sabia ser necessário, para a consolidação das gerações futuras.

Não temeu a morte quando o sacrifício se fazia necessário e seus mentores espirituais, com certeza o amparavam em toas as fases de sua vida, pois, confiou acima de tudo, na verdade do amor de Deus e de seu filho por todos nós.

Saravá Caboclo Araribóia!

Saravá Oxossi o Rei das Matas!

Saravá Nosso Pai Oxalá!

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com

odemutaloia@pop.com.br


[1] Índios Temiminós do Espírito Santo: Maracajaguaçu e Araribóia. Disponível em:
<
http://www.clerioborges.com.br/temiminosarariboia.html>. Acesso em: 12 maio 2009.
[1] Ibid.
[1] Ibid.
[1] Ibid.





quinta-feira, maio 07, 2009

EWÁ



Eis um Orixá de grande complexidade dentro do Candomblé. Ewá seria uma virgem de beleza raríssima que reside no rio Yweá, que deu origem a seu nome. Para algumas tribos da África, ela seria uma yabá dos Mahi, qualidade de povos Gês, que habitavam o antigo Daomé, hoje a atual república de Benin. Segundo essas tribos, ela teria sido introduzida no culto Yorúba, pois esses a identificaram como uma “similar” de Oxum Marê. 

Existem aqueles que defendem a filosofia de que Ewá sempre pertenceu aos Nagôs, e seria originaria de Abeokutá, que se traduz como a cidade em baixo da pedra. Sua existência assim como seu culto mantém-se envolto em um mistério, e sua origem muito mais. 

 Senhora de magnífica beleza encantou Xangô que por ela se apaixonou e não deu tréguas até que ela se entregasse a ele, mas, sua esposa Oyá, descobriu o romance entre eles e assim passou a perseguir Ewá, o que a deixou muito assustada, amedrontada, afinal todos conheciam a ira da senhora dos raios, do fogo e das guerras. Em uma coisa todos são concordantes. Ela domina a vidência, uma vez que essa, foi-lhe concedida por Orumilá, o Deus supremo de todos os oráculos. Com o passar do tempo, Oyá ia aumentando cada vez mais a perseguição contra ela, e, sem mais ter como se esconder da fúria da guerreira, Ewá optou por fugir para as matas, em local mais inacessível e lá conheceu Odé, o grande caçador, guerreiro e feiticeiro. Esse a amparou e a escondeu para que a fúria de sua rival não a alcançasse. 

 Assim, Ewá passou a morar nas matas e com a proteção de Oxossi, pode andar livremente por seus domínios e mais tarde começou com ele a aprender a arte da caça, todas os mistérios que envolviam esse oficio. Primeiro ela se interessou em aprender dada a necessidade de se alimentar, pois como Oxossi passasse muito tempo embrenhado em outros locais da mata, ela precisava se alimentar e assim deu inicio a seu aprendizado. 

 Mais tarde, quando já se tornara uma exímia caçadora, ela se interessou pela arte da guerra e deu mãos à empreitada e logo se transformou em grande guerreira. Assim ela se tornou em eximia caçadora e excelente guerreira. Dado a sua decepção com Xangô, ela pediu a seu pai, Obatalá, o direito de sair do mundo, e ele prontamente a atendeu, enviando-a para o reino dos mortos, onde ela passou a governar, esse local era temido por todos que viviam na terra. Assim, seu domínio passou a ser o cemitério, e lá ninguém ousa incomodar a bela ninfa. 

Ela se encarrega de entregar os mortos a Oyá que por sua vez juntamente com Obaluayê, os mantém até que chegue o dia de seu julgamento. Dado a sua decepção com Xangô, Ewá segundo as lendas, nunca mais quis contato com homens, e passou a ser a protetora das virgens, bem como de todos os elementos da natureza que se conservam intocados como, mata virgem, rios e lagos onde o homem não consegue entrar ou navegar, incluindo em seus domínios, segundo as lendas, a pororoca, o encontro violento das águas doces e da salgada. Alguns zeladores acreditam que Ewá não tome a cabeça de mulheres que não sejam virgens, mas isso é contestado por outros. As lendas africanas nos ensinam que ela tornou-se a virgem cujos lábios são de mel e assim sendo a virgem das matas. Ewá é também em outras lendas, filha de Nanã e consequentemente irmã de Bessém, Omulú e Ossanha. 

Ela representa o horizonte, o encontro da terra e do céu. Bem como, do oceano com a terra, perpetuando nessa fase, o eterno amor entre Oxalá e Yemanjá os grandes pais de todos os seres humanos e de todas as divindades africanas. Nessas lendas, vemos que Ewá era a virgem solitária. Sua mãe preocupada com essa solidão, e com seu jeito calado, pediu a Orumilá que arranjasse um casamento para sua filha, pois achava que assim ela se alegraria. Mas, ela ao contrário do esperado, não se preocupava com isso e preferia manter-se em sua tarefa de criar a noite no horizonte, e assim mandando o sol com sua energia a cada manhã para que esse provesse a terra com sua força revitalizadora. 

 Como sua mãe insistia que ela devia se casar pediu a seu irmão Bessém, que a escondesse, e como ele é o arco íris, atendeu o pedido de sua irmã e a escondeu em baixo dele, na parte onde termina seu corpo. Assim sendo, ela ficou escondida por baixo do imenso horizonte sua mãe nunca mais a viu. Desde esse tempo Ewá e seu irmão Oxum Maré, passaram a viverem juntos, lá no lugar longínquo onde o céu se encontra com a terra. Em uma outra lenda, Orumilá que era um grande babalaô, ou seja, aquele que lê o futuro nos oráculos, estava com um grande problema, ele fugia de Ikú, a morte, pois esse queria por fim a sua vida. Então, Orumilá fugiu de sua casa, mas por mais que ele corresse, Ikú o seguia de forma incansável. Em sua fuga desesperada, chegou a um rio, e lá viu uma ninfa de beleza inigualável, e ela lavava roupas, era Ewá. Ao ver que aquele senhor corria tanto, ela perguntou o motivo de tamanha corrida, afinal somente quem tentasse fugir de uma perseguição correria tanto. 

Porém, como estava ofegante devido a tamanha corrida ele apenas respondeu: “há, há”, e ela imediatamente adivinhou que ele fugia da morte. Ela então, compadecida de ver aquela pessoa com tamanho sofrimento, pediu que se acalmasse e disse que o ajudaria, e assim sendo, escondeu-o em baixo de sua tábua de lavar, que era nada mais que um tabuleiro de Ifá, cujo fundo estava colocado para cima. Após escondê-lo em baixo do mesmo, ela voltou a lavar sua roupa e cantando alegremente. E, em dado momento chega à morte, desarvorada, causando náuseas a quem a visse, pois que moscas cobriam seu corpo inteiro. Ao ser indaga por Ikú se tinha visto Orumilá, ela respondeu que ele atravessara o rio e naquelas horas já devia estar longe demais, longe mesmo dos quarenta rios que banhavam todo aquele país. Com a desistência de Ikú, Ewá, retirou Orumilá de debaixo da tábua e o levou para sua casa. 

 Depois desse socorro, os dois se apaixonaram e se casaram, e Ewá, fez várias oferendas para Ifá, pois que o mesmo tinha lhe mostrado o que estava acontecendo e solicitou que ela levasse o tabuleiro e escondesse a pessoa em baixo dele. Contam que após o casamento e como Ewá estava já, grávida, houve uma grande festa e nela Ewá cantava: Orumilá me deu um filho. Orumilá cantava: Ewá me livrou da morte. E todos os presentes cantavam: Ewá livra da morte, Ewá nos livra de Ikú.
Assim se completam as lendas de Ewá.

Sua saudação no Candomblé: Ri, Ro, Ewá.

Seu dia é o Sábado.

Suas cores são: Vermelho vivo, Coral e Rosa.

Seus domínios são: Florestas, Céu, Astros e Estrelas, e as Águas dos Rios e Lagoas.

Suas comidas são: Cabras, Galinhas, Frutas, Acaçás e outras.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.

domingo, maio 03, 2009

SINCRETISMO



Todos nós sabemos que o sincretismo vem desde nossos antepassados nas senzalas. Sabemos que foi uma forma que os escravos encontraram para que pudessem driblar a vigília constante da igreja e assim poderem cultuar seus deuses sem o risco de pararem numa fogueira ou mesmo de serem torturados, terem seus olhos, unhas e outras partes de seus corpos arrancados, como era o costume da igreja de Roma fazer com quem não seguisse seus rituais.

Com o passar dos anos e dos séculos, esse sincretismo foi se enraizando em nosso meio e hoje em dia não conseguimos imaginar nossos altares de Umbanda sem as imagens dos santos católicos. Nada tenho contra, afinal é uma forma saudável de reverenciarmos pessoas que viveram e morreram em prol de sua fé.

Muitos Caboclos e Pretos Velhos, não permitem que seus gongás fiquem sem essas imagens, que misturadas as de índios, boiadeiros, pretos velhos, marujos, Janaina, e tantas outras, formam o maravilhoso misticismo que seduz não somente aos praticantes da Umbanda, mas a todos de uma forma geral.

Se por um lado essa forma nos é benigna, por outro se não tomarmos cautela, pode nos levar a perder a nossa identidade religiosa. Obviamente que dentro de nossos Terreiros e Tendas, nunca deixarão de existir essas imagens, nem tão pouco nós perderemos nossa fé.

Apenas temos que nos cuidar para que não percamos a identidade de nossas entidades. Temos que termos dentro de nossas mentes que as nossas entidades, possuem suas próprias identidades, da mesma forma que as entidades do catolicismo possuem as suas.

Nossas entidades são sim, portadores de suas identidades próprias, de suas vontades, de seus desejos. Quando aqui na terra, possuíam suas crenças particulares, e é aí que não podemos deixar que o sincretismo influa de forma negativa.

Ao perdermos a identidade de nossas entidades, desvalorizamos completamente nosso culto e nossa crença. Claro, que confessarmos contrários, por exemplo, aos ensinamentos de Cristo, seria negarmos a existência do próprio Deus. Irmos de contra a sua santidade, seria INSANIDADE e todos nós sabemos que Cristo existiu sim, padeceu e morreu em uma cruz em nome da humanidade, como forma de aliviar nossos crimes.

Da mesma forma, a santidade dos santos da igreja devem sim, serem respeitadas. Mas, não porque um ser humano declarou que fulano passa a ser santo de dia tal em diante. Falo da santidade daqueles que padeceram como carneiros em nome de Cristo, essa sim, a meu ver, é a verdadeira santidade.

E temos que nos render a eles sim, mas de forma a mantermos a identidade de nossos Orixás e Guias Protetores, de forma que possamos cultuar nossa fé, de forma coesa e coerente com nossa realidade.


Não misturarmos as identidades de umas e de outras entidades, não significa deixarmos de amá-los. Mas sim, amarmos de forma correta e sabendo que suas identidades, suas ações, são independente das ações de nossos Guias e de nossos Orixás.

Podemos ter as duas coisas sem conflito? Sim, podemos!

Basta que saibamos discernir ente dois seres, respeitando a identidade de cada um, por exemplo: sabendo que Ogum é Ogum e São Jorge é São Jorge, mas respeitando uma ligação feita há séculos quando os escravos eram perseguidos.

Se cantarmos para Ogum, invocamos sua falange, e dentre essas fileiras, pode sim, existir algum espírito que teve uma afinidade com São Jorge e assim, vem nas fileiras de Ogum, amando sua bandeira e fazendo sua caridade sem desrespeitar a quem quer que seja.

Aprendendo a vivermos com essa maravilha chamada sincretismo e sem misturar as identidades, poderemos sim, termos um culto sadio, na respeitabilidade de ambas a s partes.

O sincretismo repito, foi usado em um passado onde a inquisição mandava para a fogueira, todos que não convivessem nas leis de Roma, mas hoje com a garantia por lei das praticas religiosas, por que deixarmos de abrangermos mais nossas raízes, para abrangermos as dos outros em uma totalidade?

Amemos, pois, os santos do catolicismo que assim como nossos Orixás deram suas vidas por algo que acreditavam, mas, amemos muito a identidade e a forma de nossos Orixás.


Sérgio Silveira, Tatetú N’inkisi, Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com

odemutaloia@gmail.com



sábado, maio 02, 2009

OYÁ GBALE OU OYÁ BALÉ


Uma forma de Oyá que requer muito cuidado ao se lidar com ela. Nessa qualidade, Yansã, governa de forma essencial, os eguns, ou, os espíritos dos mortos. Como matriarcas de egum, essas Oyás são mais agressivas que as demais, e sempre se apresentam prontas para a guerra.

Seus rituais em nada lembram os dos demais Orixás, uma vez que até mesmo para solicitar que ela deixe a matéria, ou seja: “ir ao ló”, é feito de forma diferenciada, uma vez que os demais Orixás são suspensos dentro do barracão, e essa Yabá é suspensa no tempo.

Como toda Yansã, ela é altamente sensual, muito embora guerreira destemida é comum vermos essa divindade se apresentar dançando para os mortos. Na concepção yorubana, a morte nunca foi o ponto final de nada, ao contrário, eles acreditam piamente na reencarnação, creem que as pessoas voltam a se encarnarem na mesma família, que o espírito volta a terra na pessoa de seus descendentes.

Nessa fase em que são eguns, são guardados por Oyá Gbale. Nas crendices africanas, temos vários momentos em nossa vida e também depois de nossa morte. Acreditam os africanos que ao desencarnarmos, nosso espírito se desliga do corpo e prontamente é recolhido por uma qualidade de Oxossi que o entrega a Obaluayê e esse por sua vez, entrega o espírito a Oyá Gbale para que ela o guarde enquanto espera o julgamento que será feito no Orúm, Céu.

Ao chegar o dia do julgamento daquela alma, Xangô Agodô abre as portas do Orúm para que ele possa entrar, então, Logum Edé, sincretizado com São Miguel, pesa em sua balança todos os atos daquela pessoa em vida e Yansã se encarrega de o levar para seu local determinado pela justiça Divina.

Oyá Gbale, é também conhecida como Oyá Mensan Orúm, ou seja: a mãe dos nove céus ou dos nove planetas. Recebeu parte dos poderes de Omulú o grande senhor conhecedor de todos os mistérios da morte e consequentemente dos eguns.

Segundo as lendas africanas, ela recebeu esse poder após socorrer Omulú que estava passando por uma dificuldade muito grande. Omulú carregava então os ancestrais, eguns, sozinho e a partir dessa data, Yansã do Balé, passou a dividir com ele essa missão, que somente lhe foi entregue com a permissão de Olodumarê, Senhor Supremo do Destino, ou seja, um dos nomes de Deus para os africanos.

Seus assentamentos podem ser feitos com todos os utensílios de barro, mas, existem também aqueles zeladores que a assentam em louça branca, o que de forma alguma está errada.

Carrega chifres de búfalo, Irukerê, espécie de chicote feito com rabo de cavalo ou boi, símbolo de realeza na África e que ela utiliza para guiar os eguns. Também compõe seu fetiche, a espada, o escudo, e demais fetiches que a lembram como guerreira.

Foi casada com Ogum e depois com Xangô. Com seu Eroexim, ou Irukerê, ela separa os vivos dos mortos. Senhora absoluta dos ancestrais tem sua morada nos bambuzais, mas especialmente nos cemitérios.

É uma Orixá muito amada, festejada e temida dentro do candomblé, porque alem de todos esses atributos, é ela quem divide com Xangô o mistério de carregar o fogo na boca.

Come acarajé, cabra, frutas, e demais comidas. Suas vestimentas são brancas, simbolizando a detenção do poder dos segredos de egum. Na África, branco representa luto.

Seu dia de culto é a Quarta Feira, dia que podemos entregar-lhe presentes solicitando que interceda por nós.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá.

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FOTO: Oyá-Iansã - escultura de Carybé.

quinta-feira, abril 30, 2009

O QUE É RELIGIÃO?

Desde os tempos mais remotos, a humanidade busca incansavelmente, uma explicação para sua existência, um motivo, para que tudo “termine com a morte”, e, principalmente, uma explicação plausível para o que acontece após a morte.

Muitas lendas, mitos, tabus e toda a sorte de crendices foram criadas, na tentativa de manterem as pessoas sob o julgo de alguém. Os sacerdotes “pagãos” e depois, os sacerdotes cristãos, mantiveram os mesmos e até mesmo criaram outros no intuito de monopolizarem a fé, de pregarem uma salvação, condenando a outros cultos diferentes dos seus, tão somente no interesse de se manterem abastados, juntando verdadeiros tesouros na terra. Mas, esqueceram-se do principal: da alma, do espírito em si, e esse foi seu maior erro e o que levou a dissolução de muitas sociedades religiosas.

A religião, nada de anormal tem, e cada uma está certa sim, dentro de seus conceitos e de suas interpretações. Afinal, se formos juntar as religiões, qual delas poderemos apontar como a verdadeira, a mais pura?

Buscamos ainda nos dias atuais, uma explicação para nossa existência, um motivo para continuarmos na labuta, superando dia após dia as agruras dessa vida, para depois simplesmente morrermos e deixarmos tudo para trás.

Dentro das religiões, sempre vamos encontrar pessoas boas e más, pessoas honestas e desonestas, o que não podemos fazer de forma alguma, é julgarmos a todos por conta do erro de uns.

Se analisarmos as religiões, veremos que elas mesmas se perdem em seus ensinamentos, a menos que seus sacerdotes tenham consciência de que nada somos nesse mundo e se existimos, é tão somente porque Deus assim o achou por bem que fosse.

Religião é uma palavra derivada do terno latino, Re-Ligare, ou seja, Religar, unir novamente o homem a Deus, seu criador. Obviamente que outrora, esse termo teria sido utilizado com outras finalidades, mas, na questão religiosa, essa terminologia passou a englobar todas as formas de culto, devido à necessidade do homem de encontrar-se, ou em minha concepção: de superar sua insignificância perante a grandiosidade do Universo. Sabemos que nossa raça julga-se superior as demais, e que membros das sociedades antigas, jamais admitiriam que pudesse existir algo maior que o homem, e eis que então começou sua busca pelo entendimento de sua existência, bem como o medo do que o aguarda após tumulo.

Passou então o termo “Re-Ligare”, a fazer parte das filosofias religiosas de toda a raça humana, sendo ela Politeísta, Monoteísta ou até mesmo Ateísta.

As religiões assim se dividem:

As monoteístas

As politeístas

As ateístas

As panteístas

As monoteístas pregam a existência de um só Deus, de um só ser que a tudo criou e que a tudo governa, e são exemplos: os seguimentos cristãos. São seguimentos religiosos mais modernos que segundo historiadores, surgiu no último milênio antes de Cristo, e sua expansão e predominância, se deu a partir da idade media.

As politeístas não acreditam em vários deuses como pregam alguns, mas sim, na pluralidade do mesmo. São seus exemplos, as religiões gregas e egípcias. Acreditam nessas religiões, que Deus se dividiu em partes e criou para cada elemento da natureza, uma divindade, em sua forma de ser, ela é confundida com o ateísmo, mas surgiu bem posteriormente a essa, em uma época em que o desenvolvimento cultural da raça humana atingia outros graus. Observamos ao ler os relatos históricos, que: quanto maior a complexidade de uma determinada etnia, mais o politeísmo substitui o panteísmo, uma vez que seus valores, suas formas de culto se agregam.

As ateístas negam a existência de um ser maior, Deus. Muito embora alguns seguidores em alguns momentos pregam e creem na existência de espíritos. Sua presença no meio da humanidade deu-se a partir do século V antes de Cristo, segundo relatos de historiadores. O ateísmo, geralmente surge em uma determinada raça, segundo estudiosos, dado a reação adversa ao monoteísmo.

As panteístas são as mais antigas religiões da humanidade. Teriam surgido na Mesopotâmia. São seus exemplos o Candomblé e todas as ramificações religiosas africanas. Nesse seguimento, Deus á a própria natureza, e todas as coisas estão ligadas, promovendo um equilíbrio, e assim sendo a manutenção do eco sistema é essencial para o aspecto místico.

Mas, o que importa mesmo, não é a nomenclatura que damos, mas sim, o uso que dela fazemos.

Temos que entender, que: termos uma religião é algo profundamente necessário ao nosso crescimento seja como matéria, seja como espírito. Temos que nos RELIGAR a Deus, e assim sendo, buscarmos sua presença em nossas vidas.

Sermos Sacerdotes então, nos traz um peso muito maior do que nossa capacidade de raciocínio pode compreender, pois que, não devemos em hipótese alguma, usarmos de nosso conhecimento religioso e/ou filosófico, para mantermos as pessoas presas e subjugadas a nós.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.

odemutaloia@gmail.com

odemutaloia@hotmail.com



sábado, abril 25, 2009

DE NADA NOS ADIANTA A FÉ SEM AMOR AO PRÓXIMO.

Muito falamos em fé em nossas vidas. Para tudo recorremos à mesma para que possamos assim, vermos nossos problemas resolvidos. Porém, sempre deixamos de perguntarmos se estamos praticando o maior ato de amor a Deus nosso Eterno Pai: o amor a nosso próximo. Sim, amar a nosso próximo é amarmos a Deus acima de tudo nessa vida. É a expressão máxima de nossa fé n’ele.

Nossa fé é válida sim, temos que tê-la viva em nossos corações para que possamos recorrer aos nossos Orixás e Guias Protetores em vários momentos de nossas vidas. Porém temos que entender que Cristo desencarnou pregado na Cruz, por amor a todos nós, filhos de Deus, seus irmãos.

Amarmos nosso próximo é sim, o maior ato de fé nas promessas de Deus, afinal não é somente nós que somos filhos de nosso Pai. Mas, eis que amar a quem nos ama, a quem nos quer bem, muito pouco tem valia perante a nosso Criador. Temos sim, que amarmos nossos inimigos da mesma forma que amamos a nossos amigos, familiares e todos os que nos são caros.

Ao invés de termos em nossos corações a mágoa, ira, ódio e tantos outros sentimentos negativos, semeemos em nossos corações e almas o amor, pois que, somente ele poderá construir um mundo novo e melhor para todos nós.

Temos que nos atermos ao fato de que nossos inimigos são antes de tudo, companheiros que estão nos ajudando sem saber, a superar as agruras da vida, a alcançarmos mais um degrau em nossa escalada espiritual. Temos que ter em mente, que, essa vida, esse mundo e tudo o mais que faz parte deles, são somente ocorrências passageiras e mais dia menos dia teremos que prestar contas ao nosso Pai Celestial de todos nossos atos praticados nesse planeta.

Amarmos a todos indiscriminadamente é confessarmo-nos repletos de amor por Deus, pois que estaremos praticando uma das máximas de Jesus Cristo: “Amai a seu próximo como a si mesmo”. Jamais devemos tomar a justiça em nossas mãos, afinal Deus colocou nossos Orixás justamente para interagirem em nossas vidas, e eles assim agem em todos os momentos que passamos, sejam eles, bons ou maus.

Assim meu irmãos, lembremos que:

PRECISAMOS SIM TER FÉ, MAS TAMBÉM TEMOS QUE AMAR A NOSSO PRÓXIMO, POIS ASSIM, ESTAREMOS AMANDO A NOSSO PAI QUE ESTA NO CÉU.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com

sexta-feira, abril 10, 2009

O VERDADEIRO CONHECIMENTO NÃO SE COMPRA EM BANCAS DE REVISTA

Comumente temos encontrado pessoas que se dizem “conhecedoras” dos mistérios dos orixás e de toda a prática dos barracões e rituais de santo. Mas, ao nos aprofundarmos um mínimo que seja, vemos que são pessoas completamente OCAS sem nenhuma base religiosa.

O que acontece é que compram revistas, que abundam o mercado, leem e depois saem por aí se dizendo pesquisadores de religiões, se auto intitulam “sabedores” dos mistérios e até mesmo alguns se propagam como zeladores de orixá. Quanta baboseira! Em primeiro lugar, deveriam saber que os verdadeiros sacerdotes ou sacerdotisas, JAMAIS proclamam seus conhecimentos aos quatro ventos. Ao contrário: guardam para si as coisas que aprenderam e somente as utilizam quando a necessidade se faz inadiável.

Deveriam também se ater ao fato que zeladores de santo, são pessoas sinceras, honestas e JAMAIS vão se utilizar de seus conhecimentos para prejudicar a quem quer que seja, pois essa é uma prática inconcebível aos olhos de nossas divindades. O verdadeiro zelador é um praticante de uma das máximas de Sócrates: “tudo que sei, é que nada sei”. Isso sim é sermos servidores de nossos santos.

Também existem aqueles que discriminam nossa religião, dizendo que: “estudei o Candomblé, já fui dessa religião..,”, e por aí vai. Mas se esquecem de dizer, se já foram realmente do Candomblé, qual o verdadeiro motivo de seu afastamento, uma vez, que muitos são expulsos de suas casas, por práticas inadequadas ao caráter que se exige de uma pessoa feita de santo. Outros dizem que leram muito e acharam evasivas as práticas litúrgicas. Oras..., como se achar evasivo algo que nada se conhece?

Sim, digo que nada se conhece, pois os segredos litúrgicos, são guardados a sete chaves e pouquíssimas pessoas teem acesso a eles. E as que possuem acesso, nunca andam proclamando pelo mundo afora, muito menos se dedicam a difamarem a quem quer que seja, pois sabem dos juramentos feitos no roncó, quando de sua iniciação.

Ninguém aprende os segredos dessa religião apenas lendo revistas que na maioria das vezes trazem ensinamentos em nada condizentes com a realidade, e quando trazem, são ocultas muitas coisas como as palavras litúrgicas por exemplo.

Em vez de ficarem se propagando conhecedores disso ou daquilo, Esses Aprendizes De Bancas De Revista, deveriam calar-se e buscarem algo real para falarem ou se ocuparem.

Existem ainda aqueles borizados que adoram se proclamarem PESSOAS DO SANTO, e saem por aí falando tanta besteira que passam INÚMERAS VEZES POR RIDÍCULOS! Proclamam-se conhecedores de Candomblé, querem até mesmo bater de frente com zeladores, questionam isso ou aquilo, e isso quando não saem por aí DANDO UMA DE MÃES E PAIS DE SANTO.

Orixá queridos, é muito mais que uma banca de revista ou artigos de Internet, aceito que essa serve para desmistificar as coisas, mas daí a uma pessoa se intitular conhecedor de um assunto tão somente por ter lido isso ou aquilo em um site ou uma revista, é uma longa avenida.

Pelo amor de Deus! Parem com isso, vão ocuparem suas mentes vazias e doentes com algo real e deixem os mistérios dos orixás para quem realmente sabe o que faz!

Dizer: eu já fui do Candomblé é uma coisa, mas quero que me prove que realmente já foi e se provar que me dê motivo justo e plausível para sua saída e ainda mais, para sua discriminação. Condenar obrigações, sem mesmo terem noção do que falam??!!! PROCUREM ALGO REAL PARA FAZER E DÊEM UM SIGNIFICADO A SUA VIDA INSIGNIFICANTE!!!


Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá. Babalorixá, Presidente do Conselho Sacerdotal da UNESCAP.

odemutaloia@hotmail.com



quarta-feira, abril 08, 2009

O VERDADEIRO USO DOS CONHECIMENTOS SAGRADOS

Muitas pessoas ao entrarem em contato com os segredos dos Orixás pela primeira vez, guiados por verdadeiros sacerdotes, sentem-se maravilhados com a experiência. E não poderia ser de outra forma, afinal, nossa religião é linda e seus segredos, de forças incomensuráveis.

Uma pena que muitas pessoas, levadas apenas pela ganância, fazem com que nossa fé seja um prato feito para o descrédito e para a difamação, ao usarem-na sem o mínimo senso de responsabilidade e preocupados somente com o lucro, culminam por comercializarem a fé.

Outros, sem o menor senso de responsabilidade e sem o devido preparo para o sacerdócio, tão somente se dedicam em fazer o mal para as pessoas, culminam por proclamarem aos quatro ventos, que realizam trabalhos de vingança etc. e tal. Quanta bobagem...!

Deviam se lembrar, essas pessoas que nosso dom, deve ser usado somente para o bem, promovendo a paz entre as pessoas, que nosso principal objetivo é zelar pela vida, e que JAMAIS temos o direito de atentar contra a vida de semelhante, afinal, essa foi dada por Deus a todos, independente de sua cor, credo ou raça. E agirmos de forma contrária a isso, valerá em um futuro, a penas terríveis as quais seremos submetidos, feito marginais, e que muito dificilmente teremos novamente a afinidade com nossos Orixás.

Usarmos nossa fé contra as pessoas é o mesmo que atentarmos contra Deus diretamente, pois todos somos seus filhos. Nossos Orixás, não compactuam de forma alguma com a expressão do mal e sim, com a harmonia que deve habitar em nossos corações e em nossas almas.

O verdadeiro uso do conhecimento sagrado consiste em praticarmos o amor, a tolerância com nossos inimigos, espalharmos o perdão em vez de nos oferecermos em trabalhos de vingança.

Sermos filhos de nossos Orixás significa acima de tudo, amarmos a todos indistintamente e procurarmos apaziguar corações que anseiam por guerra. Por que usarmos nossos conhecimentos para o mal, se podemos canalizar nossa força imensa, para o bem?

Amemo-nos, pois, para que Deus e seus Ministros, nossos Orixás, possam nos dar abundantes dias na terra e a felicidade que com certeza gozaremos nesse mundo e no outro, após o túmulo.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá.

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sexta-feira, março 06, 2009

EXCOMUNHÃO NO PERNAMBUCO

Como sacerdote, claro que valorizo a vida e que ela está em PRIMEIRÍSSIMO LUGAR em todas as esferas de minha vida. Luto dia a dia pela moralização de minha religião e pela manutenção da vida, afinal, ela é o maior tesouro que Deus nos concedeu.

Mas, não posso me calar com essa atitude do Bispo de Pernambuco que optou por excomungar os médicos que fizeram o aborto na menina de apenas nove anos de idade, vitima de um estupro e que ainda por cima corria sério risco de morte.

Que me perdoem os defensores de tal idéia, mas, não posso classificá-la de outra coisa que não seja, mesquinha, retrógrada, fútil., obsoleta e simplesmente individualista e de uma classe machista dominante e chauvinista.

Defendo o direito das mulheres acima de qualquer coisa, não entro em questão de aborto ser ou não permitido aqui nesse Blog, pois acho como disse o Ministro da Saúde, “que aborto é questão de saúde publica acima de qualquer coisa”.

Mas, opiniões à parte, pergunto-me por que de uma atitude estúpida de um sacerdote que deveria sim, a meu ver, ficar ao lado da criança violentada por esse MONSTRO que se autodenomina gente, e não entrar em cena com uma atitude que somente vem denegrir a imagem da igreja a meu ver. DIZER QUE O ABORTO FOI MAIS GRAVE QUE O ESTUPRO? TERIA ESSE BISPO, FAMÍLIA POR ACASO?

Será que para a igreja, seria melhor que essa criança morresse ao dar à luz os gêmeos? E isso segundo os médicos, se ela conseguisse levar a gravidez, pois que corria sério risco de morrer.

Já que a igreja deseja se mostrar tão autoritária e excomungar as pessoas, por que não fez tal ato com o PILANTRA que violentou uma criança que deveria estar aos seus cuidados? Onde fica o direito dessa criança, e onde está a moralização? Afinal estupro ao que me consta é contrária a todas as doutrinas religiosas.

Penso que a igreja tem que rever seus pontos de vista, e enxergar que vivemos em um mundo no qual os valores mudaram exacerbadamente e não cabem mais, valores obsoletos como esses que simplesmente amaldiçoam a quem não compactua com seu modo de viver, pensar e fazer as coisas.

Porém, se a atitude desse médico é errada, posso garantir que não é mais errada que a da igreja que por séculos queimou pessoas em fogueiras tão somente por confessarem-se de outro credo.

Excomunguem então seus antepassados que chegaram mesmo a dizer que “preto não tem alma”, frase muito comumente utilizada pelos CARRASCOS da inquisição.

Onde estão os direitos dessas pessoas queimadas? Onde estão os direitos garantidos pela Constituição Federal e pelos vários códigos de lei que regem nossa nação?

E ainda mais: para cada bandido preso, existem correntes de padres, pastores, e membros de arquidioceses defendendo seus direitos, assim sendo, seres malditos como esse monstro, sabem que contam com esses sacerdotes para lutarem por seus direitos.

No mais, só me resta PARABENIZAR ao médico responsável pela execução do aborto e dizer-lhe: NÃO TEMAS A EXCOMUNHÃO, POIS ELA DE NADA VALE, E MILHÕES DE PESSOAS ESTÃO AO SEU LADO!

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

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quarta-feira, março 04, 2009

AMEMOS NOSSOS ZELADORES

Antigamente, um zelador de santo era amado acima de qualquer coisa por seus filhos, mas, hoje, o que vemos é a arrogância tomando conta da maioria dos iniciados no Candomblé, derrubando a hierarquia, desrespeitando todos os tabus que nós, aprendemos com nossos antepassados.

Uma ânsia de conhecimento e de se auto intitularem “zeladores”, faz com que o amor e o respeito sejam delegados a segundo plano. Isso com certeza vem ferir os princípios de ética e moral que sempre existiram dentro das casas de santo. Muitas vezes os zeladores se veem obrigados a aceitarem algumas coisas, para que possam dar seguimento às suas casas, fazendo com que a nossa doutrina não se perca com o tempo.

Algumas pessoas que se dizem zeladores, não possuem o mínimo preparo para exercerem tal função, se levam pela soberba e assim destroem nossa fé cada dia mais. Esquecem-se de que Candomblé é HIERARQUIA E ANCESTRALIDADE, tumultuam as coisas, mentem, caluniam, pisam literalmente em cima de preceitos tão sérios e tão antigos, e ainda existem algumas pessoas que acham que esses estão certos e que a doutrina tem que mudar para acompanhar os tempos.

Sabemos que os tempos são outros, e muito zeladores veem aos poucos mudando suas formas de ver e de fazer as coisas, mas existem coisas que NÃO MUDAM NUNCA, e o respeito aos mais velhos é uma delas.

Esquecem-se de que amar seu zelador é antes de tudo, amar a seu próprio Orixá, pois que foi ele quem escolheu a mão que vai alimentá-lo. Aparecem cada dia mais, pessoas que se intitulam cartomantes, jogadores de búzios e assim por diante, mas sem preparo algum para a dura realidade da vida sacerdotal.

Sim, dura realidade, pois ser sacerdote é muito mais que jogar búzios, muito mais que sacrificar animais, até mesmo porque, sacrifício, não se faz assim a todo instante. Existem momentos e horários próprios para as coisas.

Ser sacerdote é antes de tudo, abrirmos mãos de nossa vida pessoal, é muitas vezes abdicarmos de um fim de semana ensolarado, de nos privarmos do convívio com nossas famílias, para darmos socorro a quem precise.

Mas, se por um motivo ou outro, um zelador, chama a atenção de um filho, esvai-se nesse momento todo o amor que ele professava para seu mestre, e até mesmo as juras que o próprio Orixá fez em relação a seu zelador.

Sinto saudade dos tempos em que, ao tomarmos uma “baixa” de nossos zeladores, nos curvávamos e tomávamos sua benção, pois entendíamos que aquilo era para nosso engrandecimento espiritual. Sinto saudade do tempo em que um zelador era amado de verdade por seus filhos e não questionado em suas atitudes. Mas, hoje em dia, se colocam em duvidas até mesmo os atos ritualísticos que os zeladores executam.

E com isso quem perde, somos nós mesmos, pois que, muitos zeladores mais antigos, estão preferindo se afastarem dos cultos, se preocupando apenas em cuidar de seu Orixá e suas casas terminam por fecharem as portas.

E essa atitude é tomada apenas por quem leva as coisas do Orixá com realidade e não com falsas promessas e nem mesmo com bagunça.

Se amamos nossos Orixás, aprendamos a amar nossos zeladores, pois eles foram escolhidos por nossos Santos, e não por nós.

Lembremos que: A sabedoria verdadeira, somente é passada para aqueles que amam suas casas, seus santos e seus zeladores. E, que fora desses princípios, apenas aprenderemos coisas erradas, marmotagens e NUNCA O VERDADEIRO AXÉ ORIXÁ.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

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