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segunda-feira, maio 17, 2010

CANDOMBLÉ: UMA RELIGIÃO MONOTEÍSTA OU POLITEÍSTA?

Devido ao fato de zelarmos, e invocarmos a presença de nossos Orixás para nos ajudem em nossas vidas, é comum nos chamarem de “adoradores de deuses” de politeístas. Os sacerdotes das religiões cristãs, dizem que não teremos salvação, etc. e tal, por sermos politeístas e não acreditarmos em Cristo e Deus.

O fato de cuidarmos de nossos Orixás, em nada nos apresenta como politeístas, pois dentro do Candomblé, acreditamos em um Deus único, que criou o céu, a Terra e tudo que existe em nosso mundo e fora dele.

Somos de uma religião Monoteísta sim, pois cremos em um só Deus, e seus Ministros que são nossos Orixás. Esses seres são na verdade, antepassados de todos nós, e após seu desencarne, conforme a crença africana, sua energia se misturou com a dos Orixás e hoje nos auxiliam na vida.

Por que então, se cremos nos Orixás não somos Politeísta?

Muito fácil: os africanos mais antigos, aqueles que viveram há séculos e séculos atrás, eram caçadores e agricultores, era uma civilização arraigada a seus cultos, pois esses por sua vez, descendiam de seus ancestrais.

Assim sendo, como um povo caçador e agricultor, e como faziam várias outras civilizações, viam na Terra, nos rios, na caça, nas plantas, em fim; em tudo que existia, a forma e a presença de Deus, Olorúm, e assim sendo, cultuavam essas formas como se fossem a expressão da face de Olorúm. Quando matavam, agradeciam a Deus pela caça e rezavam para aquele ser que mataram para lhe agradecer por sua carne servir de alimento para seu povo.

Como um povo antigo, acreditavam que tudo que na Terra existia, era um presente de Deus para que pudessem sobreviver, enquanto aguardavam seu retorno para o mundo dos espíritos. Vale à pena lembrar, que esses povos temiam a ira dos espíritos, da mesma forma com que temiam a ira do Criador.

Assim, com o passar dos anos, as civilizações antigas foram dando lugar a outras mais modernas, mas, mesmo assim, a cultura de seus ancestrais estava arraigada no mais íntimo de seus seres, e foi passada de geração para geração.

Com a chegada do mundo moderno, a ciência se desenvolveu, o homem sempre necessitado de uma explicação para tudo e principalmente para a sua própria existência, começou a criar maneiras de explorar seu inconsciente para que pudesse ter uma lógica até mesmo para a existência de sua alma, coisa que a ciência antiga não acreditava em hipótese alguma.

Segundo pesquisadores, a ciência conseguiu provar que um corpo pesava menos depois da morte e assim, pode aceitar a existência do espírito.

Com nossa religião, não foi diferente, foi preciso que estudiosos, como Pierre Verger, adentrassem para o mundo do culto aos Orixás, para que as pessoas passassem então a nos olhar de outra forma.

Puderam então, ver que concebemos sim, a existência de Deus e de seu filho Jesus Cristo, mesmo sendo nossa religião muito mais antiga que o Cristianismo. Acontece que vários negros ao irem para os Estados Unidos, Brasil e outras localidades do mundo, conheceram a história de Cristo.

Isso se deu, pois mesmo sendo pessoas que não sabiam escrever, eram dotados de grande inteligência, e, vendo as gravuras dos livros que contavam a vida e morte de Jesus, compreenderam que ele fora um homem o qual lutou pela liberdade acima de tudo e somente não compreenderam como os mesmos homens que deviam a ele, o sacrifício ao qual se submeteu, o mataram em uma Cruz.

Não compreendiam como que uma pessoa que somente desejava a paz, fosse morto pela sua própria gente! Mais tarde, quando começaram a ser catequizados, foram vendo que suas interpretações eram mais que corretas e desde então passaram a conhecer a Cristo e sua vida.

Viram também, que os homens que os escravizaram, adoravam um ser que chamavam de Deus e que esse tinha como Reino, o céu. Então, viram que esse mesmo Deus era conhecido em sua terra por outros nomes dependendo da localização de cada tribo, e viram que: Olorúm, Zambiapongo, Ododúa, e outras formas de o chamarem, eram na verdade um só, e, o mesmo para o qual, os brancos celebravam cultos aos domingos, nascia assim à correspondência de Deus com Olorúm, Zambiapongo e outros.

Contavam suas lendas, que existia: Olorúm, seu rebento Oxalá e, Oxalufã e Oxaguiã e viram que dentro da religião dos brancos, existiam: Deus, e as três pessoas da Santíssima Trindade na qual constava como governante do mundo, Cristo. E assim, sincretizaram Cristo com Oxalá, e por aí foi que surgiu o sincretismo.

Dentro das ramificações das religiões africanas, Deus era único e para ele, não faziam cultos, não dedicavam filhos aqui na Terra, pois como poderia uma pessoa se incorporar com aquele que tudo criou? Também, não chamavam seu nome em vão, e, somente em casos muito extremos ousavam pronunciar o Santo nome de Olorúm.

Por que não dedicavam cultos expressos a Olorúm? Porque ele já é onipresente e assim sendo, vive e caminha com os homens diariamente através de seus Ministros, que são os Orixás! Também não dedicavam filhos para serem iniciados a ele, pois em sua visão, todos somos filhos de Deus, e somente temos nossos Orixás, para que esses intercedam junto a Deus por nós!

Quando nascia uma criança, o babalaô, que era a pessoa incumbida de consultar os antepassados através do jogo de Ifá, fazia a consulta para ver se aquela criança era escolhida para o sacerdócio e se assim fosse, dava-se início a seu aprendizado.

Na África antiga, se o Rei de uma aldeia, fosse, por exemplo, filho de Ogum, todos os que nasciam ali eram consagrado para esse Orixá. Aqui no Brasil, foi que se deu início ao culto de que, cada um tem seu Orixá próprio, pois o mesmo é destinado por Orumilá, outro nome com o qual Deus é conhecido na África.

Temos apenas que ficar atentos, pois mesmo tendo nosso Orixá, temos o Orixá de nossa família e a esse também devemos entregar presentes e as mais diversas oferendas conforme a deliberação do Oráculo Sagrado de Ifá.

Assim sendo, podemos obsevar que o Candomblé é sim uma religião Monoteísta, pois acreditamos em um único ser, que a tudo criou e que preside o destino dos homens aqui na Terra.

Cremos sim, em Cristo seu único filho, pois os primeiros que aqui chegaram aprenderam a fonte de bondade suprema que é esse Filho de Deus.

Apenas temos outra forma de vermos Deus e nossas vidas! Não acreditamos na morte como o fim, mas sim como o recomeço de uma nova etapa na vida do espírito, pois, cremos também que o Universo não desperdiça nada e, que após desencarnarmos, nosso espírito se funde com o de nossos antepassados, para que possamos assim, auxiliar os que aqui vivem, e tudo isso faz parte de um processo de aperfeiçoamento para que um dia, possamos todos, inclusive nossos Orixás, vivermos na presença de Deus.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.





domingo, maio 16, 2010

A ORIGEM DE DAOMÉ, TERRA DOS JÊS E DA CULTURA JÊJE.

Como nação, todos conhecemos o Jêje e sua importância na disseminação do Candomblé, mas, como surgiu esse país?

O Dahomey, ou Daomé em português, foi um próspero reino africano, fundado no século XVII, segundo historiadores, e durou até o século XIX, ocasião em que foi conquistado pela França com o apoio das tropas do Senegal.

A origem da nação Dahomey, deu-se com o povo adjá que pertenciam ao reino costeiro de Aladá. Esse povo teria se deslocado para o norte, e se estabelecido entre outro povo de linguagem fon. Como os Adjás era um povo guerreiro, em meados de 1650 dominaram os fons e seu Rei, Hwegbajá se declarou rei de todo aquele território.

Estabeleceu a capital em Agbome ou Abomei, e tanto ele quanto seus sucessores, estabeleceram um estado totalmente centralizado, tendo como base a prática do culto à realeza, instituindo os rituais de sacrifícios e até mesmo o sacrifício humano em honra a seus antepassados.

Como reinado, toda a terra pertencia ao rei, e esse recebia imposto de tudo que ali se produzia. Porém, como eram guerreiros por excelência, Hwegbajá, e todos os reis que vieram depois dele, tinham outra fonte de renda que proporcionava lucros imensos: a venda de escravos.

Para tanto, mantinham esses reis, contato direto com traficantes de escravos, e a eles entregavam os povos vencidos em batalha, para que fossem vendidos para toda a Europa. Sua invencibilidade nas guerras era graças às armas de fogo, que conseguiam trocando escravos pelas mesmas com os europeus.

Mas, mesmo com todas as conquistas alcançadas, faltava ainda um reino a ser aprisionado, e esse era o reino de Aladá, localidade de onde se originava a família real. A conquista desse reino veio com a regência de Agadjá, Rei e guerreiro, que governou entre 1716 e 1740.

Após ser vencida em batalha, Aladá, ofereceu grandes lucros, pois todos seus habitantes foram transformados em escravos e vendidos diretamente aos comerciantes europeus que viviam da venda de pessoas escravizadas.

Alguns estudiosos acreditam que o fato de os Jêjes terem sido os maiores vendedores de escravos, foi o que favoreceu para que as tropas do Senegal ajudassem a França na conquista do mesmo. Ainda existem outros que afirmam terem sido os Jês que criaram o comércio tradicional que conhecemos até hoje, bem como o comércio de escravos, eram guerreiros e segundo estudiosos teriam sido canibais.

Mesmo com toda a sua força e poder aquisitivo, existia um reino vizinho a Agadjá, o qual seus reis nunca conseguiram vencer, e esse era o reino de Oyó, principal reino de sua época, e que se transformou em Império.

Com a dificuldade de se conquistar Oyó, e pelo fator de ser esse Império, o maior concorrente de vendas de escravos, o Rei de Dahomey tornou-se um súdito feudal de Oyó, pagando tributos a seu governante.

Mesmo como Estado submisso de Oyó, Dahomey continuou a crescer e a prosperar, graças ao comércio escravagista. Era também um reino que vivia da agricultura, tanto que mais tarde seu crescimento continuou aumentando com a produção e venda do azeite de dendê, uma vez que nesse reino existia uma imensa plantação de dendezeiro.

Toda a plenitude econômica de Dahomey, no entanto, se deu no século XIX, pois começou a exportar escravos para uma nova terra: o Brasil. Graças a essa prática, ficou o país conhecido pelo apelido de “costa dos escravos”. Ainda nessa época, um brasileiro de nome Francisco Félix de Souza, protegido do rei Guezô, tornou-se num dos mais famosos comerciantes de escravos.

Depois de uma guerra que durou de 1892 a 1894, Dahomey, foi conquistado pela França, mas, essa vitória somente foi alcançada, graças às tropas de africanos que revoltados com o fato desse povo ser o maior vendedor de sua própria gente para os demais países, ingressaram nas fileiras francesas, entre esses, um povo se destacou na batalha, os Yorúbas.

Com a transformação de muitos países, Dahomey também se adequou as novas à modernidade e assim, em meados de 1960, Daomé alcançou sua total independência se transformando na atual República de Benin. Em 1985 a UNESCO tombou os palácios reais de Abomei como Patrimônio Histórico Mundial.

Esses foram os Reis de Daomé:

• Ganiehéssu - Não se tendo uma posição exata do inicio de seureinado, que terminou em1620

• Dǎko-Donu, reinou no periodo de 1620 até 1645

• Hwegbadjá, esse Rei governou de 1645 à 1685

• Akabá,seu governo se deu entre 1685 e 1708

• Agadjá, reinou no período de 1708 à 1732

• Tegbesu, reinado entre 1732 e 1774

• Kpenglá, reinou nos anos 1774 até 1789

• Agonglô, foi Rei de Daomé de 1789 à 1797

• Adandozan, reiando entre 1797 à 1818

• Guezô, Rei deste país no período de 1818 até 1858

• Glelé, Rei entre 1856 à 1889

• Gbehanzin, a história se refere a ele como sendo o ultimo Rei de Daomé, e governou entre 1889 e 1894

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá. Babalorixá, escritor e pesquisador.

Fonte de pesquisa: Bibliotecas virtuais da África e Wikipédia.

quarta-feira, maio 05, 2010

A GRANDIOSA NAÇÃO JÊJE

Como sabemos, o Candomblé se deu início, com a vinda para o Brasil, de vários africanos escravizados em sua terra natal. Junto traziam seus deuses, seu jeito de ver e viver a religião de seus antepassados. Assim o Candomblé, possui suas nações, que são as representações das terras de onde se originaram cada etnia negra que aqui viveu.

Hoje vamos falar um pouco da nação Jêje.

Essa ramificação do Candomblé cultua os Voduns, seres ancestrais do antigo Dahomey, que compõem a rica e elevadíssima cultura Fon. Os negros dessa região, ao chegarem ao Brasil, eram chamados de djedje, ou jêje, como ficou conhecido no português. Essa palavra se origina do Yorubá que significa estranho, estrangeiro. Os povos do antigo Dahomi, assim chamavam seus vizinhos.

Assim como os nagôs, os Jêjes, que possuem as línguas, ewe, fon, mina e ainda os fanti ashantis, formam na verdade, grupos de sudaneses que pertencem à África Ocidental, hoje conhecida como Benin e Togo. Esses negros chegaram ao Brasil, escravizados em meados do século XVII.

Aqui, a palavra djedje, ou seja: Jêje, passou a ser traduzida como inimigo, isso devido a existirem aqui, povos que foram conquistados pelo Rei de Dahomey. Esse Rei conquistava os demais povos e os vendia como escravos para os europeus.

Quando alguns nativos de uma determinada aldeia enxergavam seus conquistadores, gritavam imediatamente: “Pou okan, djedje hum wa”! Ou seja: “olhem, os jêjes estão chegado”! Esse era um alerta para que fugissem de sua aldeia evitando assim, seu aprisionamento e a escravidão.

Segundo alguns historiadores, a mesma frase era usada quando escravos de outras regiões viam os Jêjes chegando em navios, aprisionados e escravizados da mesma forma que colocavam os membros de outras aldeias, e assim eles ficaram conhecidos como Jêjes.

Com a escravidão, muitos reis, rainhas, príncipes e princesas foram levados de sua terra e transformados em seres sem direito algum que não fosse o árduo trabalho e a chibata.

Entre esses, muitos sacerdotes, sacerdotisas ou mesmo os que eram apontados como sucessores dos primeiros, e a esses grupos, a perseguição era ainda maior, pois segundo a igreja, praticavam o culto ao demônio e assim sendo, teriam que ser destruídos de qualquer forma.

Dentre os inúmeros sacerdotes que aqui aportaram, constava nas fileiras dos Jêjes, uma senhora cujo nome era Ludovina Pessoa. Esta era natural da cidade de Mahi, Marri no português.

Foi ela eleita pelos Voduns, para fundar três templos a eles dedicados, e esses templos foram edificados na Bahia, pois que lá ela vivia como escrava.

Os templos que ela fundou eram:

• Templo de Dan, batizado de Kwé Cejá Hundé,

• Templo de Heviossô, batizado como Zoogodo Male Hundô.

• E o último, porém nem por isso menos importante, que foi dedicado a Ajunssum, porém esse não chegou a ser concretizado e os historiadores não sabem apontar a causa.

Segundo pesquisadores, o templo de Ajunssum foi erguido bem depois, por uma africana chamada Gaiaku Satu, em cachoeira de São Felix, e esse templo recebeu o nome de Axé Kpó Egi.

Mais tarde, essa nação foi sendo perpetuada em outros estados brasileiros e hoje mantém as mesmas tradições de seus antepassados, sendo considerada pelo povo de santo, como a nação mais rigorosa, a mais difícil de ser praticada, pois que seus rituais seguem as mesmas diretrizes de seus antigos zeladores.



Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.


sexta-feira, abril 23, 2010

O CANDOMBLÉ E O BATUQUE

O Candomblé assim como o Batuque, são formas africanas de se ver Deus. São cultos a natureza, às divindades que governam a mesma, segundo a determinação de Olorúm, palavra Yorubá para designar o Supremo Criador, Olô = Senhor, Orúm = Céu, ou seja: Senhor, Dono do Céu.

Como religiões mantêm os preceitos de acordo com as práticas que eram realizadas pelos seus mais antigos sacerdotes, ainda em sua terra natal, a África. Diferem-se entre si, nas qualidades dos Orixás, nas comidas e nas formas de cultos, porém, unem-se na mesma crença de que Olorúm, Deus, criou o mundo e seus Ministros os Orixás para que governassem o mesmo em seu nome, até porque, segundo os antigos africanos, o nome de Deus não deve ser pronunciado em vão.

Tanto no Candomblé como no Batuque, os Orixás, não são em hipótese alguma, superior um ao outro, são na verdade a unificação de suas forças em prol do bem da humanidade assim como, seguindo rigorosamente suas leis.

Assim sendo, os Orixás dependem um do outro para que possam agir e interagir em nossas vidas, abreviando nossos sofrimentos e nos ajudando no nosso crescimento material e principalmente no espiritual.

As formas de culto modificam, nas duas religiões, dado às áreas da África da qual descendem. Mesmo dentro das nações do Candomblé e do Batuque, existem diferenças nos cultos, pois é sabido que cada região tinha seu próprio culto às divindades.

As nações do Candomblé são assim divididas: Angola, Kêtu, Jêje, Nagô, sendo essas as principais, as nações mães, de onde se originaram as ramificações, como Bate Folhas, Engenho Velho, Gantois, Mahi, Bogun, Muxicongo, ente outras.

Já no Batuque, s nações se dividem entre si da seguinte forma: Jêje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô. São as nações do Batuque, como no Candomblé, a referência de suas origens, ou seja: cada nação pratica da forma mais aproximada possível os mesmos rituais que seus antepassados praticavam na Mãe África.

O Candomblé tem sua origem ainda no Brasil colônia, uma vez que a primeira casa fundada em Salvador, Bahia, foi o Ilé Axé Iyá Nassô Oká, que segundo as tradições foi fundada por três negras africanas que eram princesas em sua terra, sua data é em tor 1600. Uma outra casa de renome, é Ilê Maroiá Lájié, que foi fundada em 1636.

O Batuque muito embora seja também uma ramificação das nações africanas, teve seu iniício mais tarde, no Estado do Rio Grande do Sul. Consta nos registros que a primeira casa foi fundada já no século XIX, mais precisamente no período de 1833 e 1859. Também foi criado por escravos que viviam nesse Estado, e seu apogeu se deu quando um Príncipe chamado Custodio, chegou nessa terra no final do século XIX. Segundo alguns historiadores, esse Príncipe teria deixado sua terra, Ajudá, que se situava no antigo Dahomey, atual Benin, diante da promessa dos ingleses de que seu povo não sofreria.

O certo é que esse Príncipe governou seu povo com amor e sincera dedicação aos Orixás, e passou a ser visto por seus irmãos como um verdadeiro Deus.

As formas diferenciadas entre o Candomblé e o Batuque se dão também nas formas de se entregarem as oferendas aos Orixás, uma vez que suas comidas também se diversificam entre os dois seguimentos. Alguns aspectos se relacionam de forma comum, a exemplo de Xangô que no Candomblé é o único rei coroado, o mesmo se dando dentro do Batuque.

Na prática do Candomblé, temos Yemanjá como mãe de todos os Orixás, o que ocorre também dentro do Batuque. Existe, porém um Orixá conhecido no Candomblé como Nanã Burukê, que dentro do Batuque, segundo informações de alguns seguidores, seria um Yemanjá velha. Assim sendo, Nanã que para o Candomblé seria a priemeira esposa de Oxalá, sendo assim a mais velha de todos os Orixás, dentro do Batuque é conhecida como Yemanjá.

Outras diferenças existem entre os Santos das duas ramificações, como o dia de algumas divindades. Odé, por exemplo, é cultuado na quinta feira, já no batuque esse dia seria de Ogum.

Assim como Nanã para o Candomblé, existem Orixás que são cultuados somente no Batuque, como é o caso de Ogum Avagã, uma forma que somente dentro dos preceitos do batuque se conhece seus fundamentos.

Mas, o mais importante é sabermos que como religião, somos todos descendentes de uma mesma etnia: os negros e assim sendo, devemos nos comportar como irmãos, respeitando mutuamente e nos ajudando sempre que for necessário, principalmente dentro da intolerância religiosa, que fere a Carta Máxima de nossa Nação, a Constituição.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá. Babalorixá, escritor e pesquisador.

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quinta-feira, abril 22, 2010

OGUM MEGÊ



“O seu cavalo corre, em ninguém ver, ô salve as sete espadas de Ogum Megê”.

Essa qualidade de Ogum de Umbanda é muito invocada para resolver casos de feitiçaria e outros trabalhos mais pesados, principalmente os que envolvem a Calunga Pequena, ou cemitério.

Esse Orixá anda geralmente nas encruzilhadas e estradas que dão aceso ao campo santo, e sua força se une com a de Omulú, o grande guardião das almas e de sua morada. Grande guerreiro, sempre está atento para o que se passa dentro dos cemitérios, sendo importante que; antes de fazermos qualquer obrigação neste local, levemos presente para ele.

Ogum Megê, assim como os demais Oguns, é um protetor fiel, e sempre que por ele chamamos, encontramos pronto atendimento às nossas súplicas.

Com seu cavalo, este Ogum ronda os cemitérios sempre e nada podemos fazer sem sua devida autorização. Era comum os umbandistas mais antigos, levarem para ele, cerveja, velas, ou outro tipo de oferenda para que ele autorizasse aos exús daquele lugar, que viessem atender a um chamado sempre que deles precisassem.

Usa as cores vermelha e branca, assim como a grade maioria dos Oguns de Umbanda, fuma cigarro ou charuto e quando incorporado, bebe de forma moderada a cerveja branca.

Ao invocarmos algum exú de cemitério para nos ajudar em alguma situação, o Sr. Ogum Megê, vem imediatamente até as proximidades do portão e pergunta a que lugar vai aquele exú, e se ele não foi devidamente homenageado, pode impedir que aquele exú venha trabalhar, e essa é a causa de alguns trabalhos de cemitério não renderem resultados satisfatórios.

Dentro da quimbanda, assim como os demais Oguns, Megê se encarrega de supervisionar os trabalhos que são realizados e se por ventura algo de muito errado for feito, ele imediatamente comunicará às esferas superiores e se dará assim, o início da cobrança daquele ato, primeiramente para o exú e posteriormente para a pessoa que solicitou o trabalho.

Recebe velas brancas, vermelhas e brancas e sempre ao redor dos cemitérios, também costuma receber cerveja branca e algumas pessoas costumam colocar farofa para o mesmo.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.




segunda-feira, abril 19, 2010

OGUM IARA


Temos aqui uma das muitas formas de Oguns dentro da Umbanda, um de seus pontos assim nos diz:

“Ogum Iara, quando era menino, em seu cavalo branco ele foi guerrear, ele guerreou, lá na sua banda e na nossa banda ele venceu demanda”.

Vemos nessa entoação, toda a bravura desse guerreiro, sua forma destemida de encarar as demandas, sejam elas no plano espiritual ou material.

Mas, quem é Ogum Iara?

A palavra Iara em tupi guarani, se traduz segundo alguns estudiosos, como Senhor, Proprietário, e a palavra Ogum significa O Guerreiro, ou ainda Aquele que faz guerra. Assim sendo temos uma tradução lógica de Aquele que é senhor da guerra.

Muito se fala em Ogum como grande guerreiro, mas às vezes nos esquecemos de que ele também é ligado às irradiações femininas, como no caso de Ogum Iara, que trabalha com a radiação da deusa Oxum. Ele une suas forças, com as de Oxum e ainda segundo alguns mais velhos nos preceitos da Umbanda, seria ele, o guardião das cachoeiras de Oxum, juntamente com Ogum das sete cachoeiras.

Assim sendo esse Ogum trabalha com o poder de purificação e transformação do fogo, e com o encantamento das águas doces, que são capazes de nos livrar de todos os males.

Ogum Iara ainda é associado para alguns à Yemanjá, por ser ela, nas crendices africanas uma sereia, mas vale a pena lembrar que Iara é a sereia encantada de nossos índios, aquela que em noites de luar, vive a cantar nas margens dos rios e onde mora. Também é conhecida como mãe d’agua pelos nossos índios.

Conta sua história que antes de ser transformada em sereia, Iara era uma índia guerreira, a melhor que já tinham visto naquelas tribos. Porém, ela era invejada por seus irmãos, pois seu pai vivia cobrindo-a de elogios, tanto por sua beleza como por sua valentia.

Certo dia, cansados de tanto ouvirem elogios à sua irmã e desejando tomarem seu lugar, planejaram matá-la e logo puseram seu macabro plano em ação.

Certa noite adentraram em sua tenda logo após ela dormir para darem cabo de sua vida, mas, como ela tinha ouvidos aguçados, escutou-os e para que sua vida não fosse tirada, teve que matar seus irmãos, fato consumado, ela fugiu com medo de seu pai que era um valente pajé.

Tão logo soube da morte de seus outros filhos e do desaparecimento de sua filha, ligou os fatos e decretou uma caçada impiedosa a Iara.

Após sua captura, ela foi condenada, a morrer afogada e foi jogada no local onde os rios Negro e Solimões se encontram para que ali morresse. Mas, os peixes penalizados com sua situação, a trouxeram de volta para a margem poupando assim sua vida. Eis que era uma noite de lua cheia, e ao seu clarão, ela foi transformada em sereia.

Por ser guerreira, ela passou a caminhar juntamente com Ogum e assim este passou a ser conhecido como Ogum Iara. Como Ogum opera a força viva do fogo, e Iara comanda as forças do rio, passaram a juntos formarem essa qualidade de Ogum.

Vale a pena lembrar de que Ogum e Iara são seres distintos, não se fundindo como um só. Tão somente por ele caminhar junto dela, passou a ser chamado Ogum Iara, ou a União do fogo com a água.

Também é esse Ogum, que, juntamente com Ogum das sete cachoeiras, guardam as águas de Oxum, garantindo assim, que seu reino não sucumba perante a invasão de forças malignas.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.









sexta-feira, abril 16, 2010

OGUM NA FORTALEZA DO HUMAITÁ

Dentro da Umbanda é comum ouvirmos o entoar de cânticos para Ogum, sempre valorizando sua condição de valoroso guerreiro, pronto a ajudar a quem esteja precisando de sua ajuda. Vejamos como exemplo alguns pontos entoados nas casas de Umbanda:

“Lá no Humaitá, onde Ogum guerreou, lá em alto mar, onde Yemanjá lhe coroou. Se a tua espada é de ouro, sua coroa é de rei, Ogum é táta de Umbanda, seu canjira de Umbanda, Ogum ieê”.

"Bandeira linda de Ogum, está içada lá no Humaitá, representando o general de Umbanda, Ogum vence demanda em qualquer lugar”.

Nesses dois pontos, temos a afirmação inequívoca de que Ogum foi invocado nesse campo de batalha. Mas, infelizmente, algumas pessoas acham que Humaitá não passa de uma alegoria, de um local que somente encontramos no imaginário da população. Mas, essa é uma forma equivocada de ver as coisas.

Humaitá existiu sim, era um forte existente no Paraguai, mais precisamente a margem esquerda do rio que possui o mesmo nome, e ao sul de sua capital Assunção.

Eis que naquela época, muitos dos marinheiros eram negros e como tal, não podiam de forma alguma encarar uma guerra sem pedir a proteção do santo guerreiro. Mesmo os que ali estavam, mas, que possuíam a fé católica, solicitaram a intervenção do valoroso São Jorge para que pudesse sair vencedores daquela demanda.

Curiosamente a palavra Humaitá em tupi guarani, traz o seguinte significado: hu = negro, ma = agora, e ita = pedra, assim sendo temos a tradução: a pedra agora é negra.

Temos então mais que um motivo para atribuirmos ao glorioso Ogum, São Jorge, essa vitória das forças brasileiras nessa guerra. Ogum como destemido que sempre foi, jamais iria se negar a intervir em uma batalha como essa, até porque segundo os historiadores, esse forte era o mais temível de sua época e dificilmente qualquer país teria dificuldades em invadir o mesmo.

Não importa se em tempo da guerra, chamaram por Ogum ou São Jorge, mesmo porque dentro do sincretismo existente em algumas partes do Brasil, Ogum é sincretizado com o Santo Católico, Jorge, que à exemplo do deus da guerra africano, era destemido de tal forma que teria matado um dragão para salvar uma donzela em perigo.

Assim, temos a existência de Ogum na batalha do Humaitá que se deu, devido ao Paraguai ter invadido o Mato Grosso. E lá estava Ogum para ajudar a quem o invocava com tanta força, daí a relação entre o santo e essa terrível batalha.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá






quarta-feira, abril 14, 2010

BANHO DE ABÔ

Dentro das nações de Candomblé existem vários ebós que se destinam à limpeza do corpo e do espírito de um ser vivo. Eles servem para desmanchar tudo de ruim que existe nesse ser, desde o negativo de seu odú, até mesmo, trabalhos de magia negra que foram realizados contra ela.

Dentro desses ebós, existe como complemento, o banho de abô. Esse é preparado com varias ervas que são maceradas em água limpa, e seu processo é complexo: começamos com a escolha do dia em que vamos até a mata para recolhermos as ervas que deverão ser utilizadas na preparação desse banho.

Após a escolha do dia, tanto o zelador como as pessoas que vão lhe auxiliar, devem se resguardar por um período de três dias, sem sexo, bebida alcoólica ou qualquer outro elemento que “suje” seu corpo.

Na véspera de se ir à mata para recolher as ervas, deve-se preparar os presentes para Ossanha a fim de que o mesmo nos permita retirar as Insabas sagradas. No dia seguinte antes do sol esquentar, as pessoas saem do barracão vestidas de branco, e sem conversar nada pertinente ao mundo, adentram na mata para recolherem as ervas que servirão para preparar o banho, que podem variar de caso para caso.

Após recolherem as ervas, as pessoas voltam para o barracão e deixam as Insabas descansarem por um período de no mínimo seis horas para somente depois começarem a preparar o banho. Todo esse processo é restrito às pessoas devidamente preparadas e com tempo de feitura suficiente para se saber como se prepara o abô.

O banho de abô deve ser condicionado em um pote de barro, denominado porrão, também sagrado para os rituais de Candomblé seja ele de qualquer nação.

Após seu preparo o omin eró tem a função de limpar o corpo das pessoas e, no caso de iniciação é ele que vai trazer o Orixá para a terra. Nunca devemos usar esse banho com outra finalidade que não seja a de limpeza, pois seus fundamentos são muito grandes, e após tomarmos esse banho, nem mesmo caboclo ou outra entidade de Umbanda se incorpora em seu médium.

O banho de abô tem muita utilidade dentro do axé orixá, e casa nenhuma deve ficar sem o mesmo, pois sua força é muito grande e, ele tem a força para repelir qualquer aproximação inferior.

Espíritos errôneos jamais se aproximam de uma pessoa que toma esse banho, pois sua essência aproxima de forma direta o Orixá da pessoa e este jamais compactua com espíritos inferiores.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.





sexta-feira, abril 09, 2010

O PADÊ DE EXÚ

Dentro dos rituais sagrados de Exú, não pode faltar de forma alguma seu padê, espécie de farofa crua, na qual é adicionada a farinha de mandioca, e vários elementos, dependendo da necessidade de cada pessoa.

Os mais utilizados de forma geral, são: o padê de água, de dendê, e o de mel. Sendo que esses são muito utilizados quando se realiza algum sacrifício de aves ou de quatro pés para essa divindade. O padê sem o ritual de sacrifício tem por finalidade, se presentear a Exú para que ele nos ajude em determinados assuntos nos quais necessitamos. Trata-se de uma comida preferida por todos os exús e sua aplicabilidade remonta das senzalas que existiam no Brasil.

É público que na África não existia esse tipo de alimento, farinha de mandioca, uma vez que esse foi criado pelos índios brasileiros, mas, os antigos sacerdotes, que eram escravos, introduziram esse presente ao culto de exú e desde essa época, é comum dar-se de presente para exú seu padê.

O padê de dendê serve para se esquentar os caminhos e é muito utilizado para a abertura de caminhos para emprego, para o progresso de uma empresa ou para várias outras utilidades. O padê de azeite de oliva costuma ser usado para se conseguir um equilíbrio em determinado setor da vida de uma pessoa, o de mel, serve para se adoçar uma pessoa, para fazer com que exú nos traga, por exemplo, o livramento de uma perseguição, para que uma pessoa que é nosso inimigo se transforme em nosso amigo, para ajudar em questões amorosas entre tantas outras utilidades.

Em caso de abertura de caminhos para uma empresa, para se atrair clientes para um comércio, para que se arrume emprego, é aconselhável que se coloque sete moedas correntes. Para as demais utilidades pode-se colocar de uma a sete moedas correntes.

Ainda existem outros tipos de padês chamados negativos, que servem para livrar uma pessoa da praga, por exemplo, da feitiçaria, do olho grande etc.

Porém, sempre é bom lembrar que as divindades do Candomblé somente atendem ao chamado de pessoas preparadas e com tempo de santo suficiente para entregarem as oferendas, e se alguma pessoa sem esses requisitos, tentar realizar alguma cerimônia, os efeitos podem ser catastróficos na vida do consulente.

E esse fato ocorre muito frequente uma vez que a ganância, a ânsia de dinheiro faz com que pessoas sem preparo algum, decidam interferir solicitando ajuda das entidades para pessoas em seu dia a dia. Exú como sendo um Orixá de grande poder, não tem o hábito de perdoar, e se por ventura, algo for feito de forma irregular, teremos sérias complicações na vida daquele vivente.

Pode-se servir o padê para exú independente de lua ou dia de semana, não sendo aconselhável somente nas sextas feiras, pois esse é um dia consagrado a Oxalá e assim sendo, como existe uma kizila entre Exú e Oxalá, não se recomenda que seja feita qualquer oferenda para essa entidade, deixando o dia de sexta feira somente dedicado a se presentear Oxalá e assim mesmo sem matança, somente com comida seca e reza.

Como qualquer Orixá do panteão africano, exú também tem seu Oriki, ou seja, um conjunto de palavras litúrgicas que são utilizadas para invocá-lo. A esse conjunto de palavras dá-se o nome também de Reza.

As rezas de exú servem para acordá-lo, para invocá-lo para que se digne e vir receber a oferenda que lhe trazemos como para que interaja em nossa vida ou na vida de uma pessoa que necessita dessa intervenção.

É imprescindível que ao entregarmos o padê para exú, estejamos de corpo limpo, sem sexo, bebida ou qualquer outra substância nociva ao lido com os fundamentos do Axé Orixá. Temos também que recorrermos ao jogo para ver qual o tipo de problema existe na vida daquela pessoa e qual Exú se digna a olhar por ela e ajudar.

Nunca, em hipótese alguma, devemos invocar exú sem uma necessidade real, pois o mesmo é dotado de uma força que ser humano algum é capaz de controlar.

Que exú abra seus caminhos e lhe traga muita paz e tranquilidade



Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.



quarta-feira, abril 07, 2010

A FAVA DE ARIDAN E SEU USO DENTRO DO AXÉ ORIXÁ


Dentro dos fundamentos de santo, é comum o uso de favas para que se dê o complemento do encantamento do assentamento ou mesmo a proteção do yawô bem como da casa.

A mais utilizada dentro das casas de Santo, é a Aridan, de origem africana e que lá possui o mesmo nome, sendo que este se traduz como fruta, isso no dialeto yorúba, já na região do congo, ela é conhecida como Kiaka, Evaka, Chiacha, entre outros. Seu nome científico é: tetrepleura ou tetraptera (Schum & Thour).

Foi trazida para o Brasil pelos escravos, com a finalidade ritualística bem como farmacológica. (Essa fruta, (fava), existe ainda hoje na África central, e constitui-se basicamente de uma árvore com aproximadamente 30 metros de altura, segundo os estudiosos), e produz seus frutos que são constituídos da seguinte forma: 04 frutos alados, tendo uma polpa carnuda e dentro das mesmas encontramos as sementes. Possui essa fruta um perfume picante e odor aromático. Devido a isso, muitos acreditam que ela tem o poder de repelir insetos.

Dentro da farmacologia afro, ela é utilizada no combate a convulsão, hanseníase, inflamações, e ainda aplicada nas dores de reumatismo.

Nos rituais de Orixá, nada se faz sem o uso dessa poderosa fava, que é utilizada desde os tempos mais remotos, por sacerdotes das diversas regiões da África.

A Aridan é muito conhecido do povo de Candomblé por ser talvez a mais sagrada de todas as favas de utilidade religiosa, mesmo Exú leva essa fava em seu assentamento, e jamais se faz matança para Orixá sem que ela esteja presente dentro do Ibá Orixá.

Sua utilidade como disse acima, serve tanto para o encantamento como para a proteção da pessoa e da casa. Nessa utilização, essa fava corta os males feitos por feiticeiros e impede até mesmo que o mal olhado atinja a pessoa, sua casa ou seu local de trabalho.

Apesar de ter tantas utilidades, ela não é posta na cabeça da pessoa, cabendo essa utilidade apenas ao obi e ao orobô. Em caso a pessoa ser perseguida por inimigos, basta que se mantenha essa fava dentro de casa ou escritório, pronunciando as palavras litúrgicas para que ela mantenha o ambiente salutar e afastar toda a energia negativa.

Sua utilização dentro do Candomblé é universal, sendo que todas as nações a utilizam e praticamente da mesma forma. Apenas ressalto que somente um sacerdote devidamente preparado pode utilizar essa ou qualquer outra fava nos rituais litúrgicos.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá