O Abassá Lambanranguange,(Casa de Oxóssi) existe desde Dezembro de 1993,e está registrado na UNESCAP, União Espírita Capixaba. Seu sacerdote é o Sr. Sérgio Silveira, Tatetú N'Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá.
terça-feira, outubro 31, 2006
FAZER O BEM
Eis aí uma questão que muitas vezes nos leva a um pensar profundo, uma certa sensação de incômodo dentro de nossa alma, e conseqüentemente a uma pergunta: será que realmente fazemos o bem?
Muito embora seja este um dos incansáveis ensinamentos de Cristo (Oxalá), é comum passar desapercebido em nosso dia a dia. Como constituir uma sólida vida futura se tão somente nos esquecemos deste verdadeiro Emblema de Jesus?
Uma questão das mais polêmicas para nosso espírito com certeza. O que afinal seria FAZER o Bem sem Olhar a Quem?
Constituiria-se este ato, apenas em conceder doações financeiras ou não para mendigos e entidades beneficentes? Esses nossos atos, apagariam nossas intolerâncias com outros?
Devemos pensar e repensar de forma incansável neste tópico que tão primordial é, para que possamos obter de nossos orixás e de nossos guias protetores, a proteção que tanto necessitamos nesta nossa caminhada pela terra.
Diz um antigo ditado que: “palavras convencem, exemplos arrastam”. Assim devíamos observar com maior atenção os exemplos deixados para nós, pelo homem que mais sofreu nesse mundo, mas mesmo padecendo feito carneiro imolado nas mãos de seus carrascos, não desanimou nem um dia sequer de quem quer que fosse.
Apesar de seu tamanho poder, ele acreditava que dentro de cada um de nós, existia a chama de Deus Nosso Pai, e assim nutria a esperança, a certeza de que se nos empenhássemos de verdade, conseguiríamos levar adiante este seu pensamento e esta sua prática.
Fazer o bem com certeza não se constitui apenas de nossas doações a entidades que sequer nos conhecem. Claro, elas são válidas, mas e quanto aquele nosso semelhante, que está tão próximo de nós, mas que por motivos de rancor, mágoa, deixamos de ajudar? Não seria justamente este, o ato que ele, Cristo, esperaria de nós?
Fazer o bem é darmos um sorriso que seja a quem está triste, é consolar a quem chora, mostrando que podemos transformar em risos nossas lágrimas, é alimentar a esperança de cura em um doente, enfim, são tantas as formas. E isso tudo também se constitue em amor e caridade.
Não nos adianta somente fazermos o bem a quem nos ama, ou simplesmente não nos conhece, o principal ato de fazer o bem, é justamente com aqueles que nos odeiam, nos caluniam, nos roubam, que simplesmente não desejam nosso bem. Aí sim, nossa atitude com certeza terá o valor esperado pelo Criador de tudo e de todos.
A tolerância é fazer bem. A chance que damos de alguém aprender, é fazer o bem. Enfim; qualquer que seja o bem que fizermos, é importante que façamos, Sem Olhar A Quem.
A partir do momento, que sairmos do comodismo, e realmente praticarmos este ato, veremos o quanto aumentaremos nossas conquistas neste mundo. Sejam elas, materiais ou espirituais.
Porém é preciso que façamos, sem esperar recompensa, pois que esta deve ser uma conseqüência, e não uma meta principal. Se dividirmos nosso pão com quem precise, deixemos que o anonimato nos livre da arrogância e do falso reconhecimento. Afinal, qual deles seria mais importante: o dos homens, ou o dos espíritos superiores?
De nada nos adianta juntarmos reconhecimentos terrenos, se nos corrompemos com o orgulho e outros vícios da matéria, perdendo assim o glamuroso reconhecimento das esferas superiores.
Deus meus queridos, é sabedoria, mas também é humildade. Façamos por nossos semelhantes, na certeza de que estamos fazendo por nossos irmãos legítimos, e veremos a verdadeira recompensa que nos guarda o Grande Arquiteto do universo.
Antes de xingarmos, amaldiçoarmos, perdoemos, pois este é um Fazer o Bem, Sem Olhar a Quem.
Que a paz de nosso Pai Oxalá reine em nossos corações.
Tatetú N’Inkisi Lambaranguange, Odé Mutaloiá.
Contatos:
odemutaloia@hotmail.com
A MORTE
Quem de nós nunca sofreu com a horrível sensação que nos causa a morte? A triste certeza de que nunca mais veremos aquele nosso ente querido, nos machuca como nunca fomos machucados.
Esta certeza FALSA é que nos faz sofrer. Para os que realmente crêem no espírito, na vida após a morte e na reencarnação, esta tão temida sombra não existe. Afinal, vamos todos, nos reunirmos um dia.
Sabemos que quando Deus nos colocou aqui, foi tão somente para que pudéssemos cumprir nossa missão, e após, retornarmos a nossa verdadeira morada. Se observarmos com atenção, veremos que a tão temida morte, na verdade, não é nada mais que o retorno ao lar, depois de longa viagem.
Observemos: nascemos, crescemos, estudamos, nos apaixonamos, nos casamos, constituímos nossa família e após todo este trabalho, voltamos ao encontro de nosso criador. Temos assim a chance real de nos redimirmos de nossas falhas, de nossos erros do passado, e darmos assim quitação plena de nossas dívidas para com nossos irmãos, nossa consciência e principalmente para com Deus Nosso pai.
A única coisa que temos que fazer para merecermos o descanso após esta exaustiva jornada é praticarmos o amor, o perdão incondicional e o desapego aos bens materiais. Afinal sabemos que uma pessoa extremamente apegada aos seus bens terrenos corre o risco de tornar-se um espírito incapaz de se separar de seu invólucro terrestre.
Estudando as filosofias espíritas, seja ela Kardecista, Umbandista e até mesmo no Candomblé, encontraremos uma unanimidade em um fato: nosso corpo é para nosso espírito, como uma roupa suja para nós. Ao chegarmos ao fim do dia, tudo o que desejamos é tomar nosso banho e nos livrarmos daquela roupa, pesada e incômoda de tanta poeira acumulada no decorrer do dia.
Assim nosso espírito age com relação a nosso corpo: passados os anos neste planeta, ele não vê o momento de se libertar e poder assim, ir ao encontro daqueles que lhes são caros, e que teve que separar dado a sua encarnação.
Morrer é tão somente nos libertarmos dos sofrimentos que são peculiares na terra. Assim sendo, por que tememos esta finalização de nossa jornada?
Claro que muitos dirão: “mas nunca voltaram os mortos para nos dizer como é do outro lado”. Mas a ciência já está provando a existência do espírito, e de uma vida após túmulo. Se olharmos com atenção e carinho a vida de Jesus de Nazaré, veremos que ele se preparou à vida inteira para a morte. Teria se preparado sabendo que acabaria tudo ali? De forma alguma.
Cristo se preparou para a morte, justamente por saber que ela na verdade não existia. Tão somente se preparou para encontrar-se com seu pai. Eis a sabedoria!
Com certeza alguns de nós já ouviu o ditado que diz: “viver, é tão somente aprender a morrer”. Caros e amados irmãos: eis a verdade puríssima. Ao desencarnarmos, levamos para além túmulo, as nossas qualidades, mas também nossos erros e defeitos.
Acompanhando as leis de Deus, nosso espírito deverá prestar contas de seus atos aqui na terra. Assim sendo se deixamos atrás de nós, um rastro de maldades, com certeza haveremos de obrigatoriamente resgatá-los um por um. Mas posso afirmar, que jamais este resgate seria em uma imensa cozinha, com caldeirões extraordinariamente grandes, e um ser de chifres e rabo a nos cozinhar como se fôssemos o prato do dia em caríssimo restaurante.
Este resgate se fará através da reencarnação. Esta é uma forma justa que nos concede nosso Pai Celestial; de pagarmos nossas dívidas para com aqueles que ferimos e machucamos, seja de forma direta ou indireta.
Para provarmos isso, basta que olhemos quantas famílias existem, onde impera a desavença entre irmãos consangüíneos. Seria criação deturpada por parte dos pais? Claro que não! Apenas são espíritos resgatando males que fizeram em uma outra encarnação.
E para que isso pudesse acontecer, tiveram que retornar ao nosso verdadeiro lar, ou seja, tiveram que morrer. Então por que temermos a morte sendo ela, uma chance de resgatarmos nossos débitos?
Seria algo injusto uma pessoa desejar voltar para sua casa? Da mesma forma acontece com nosso espírito. A morte também garante o direito daqueles que aguardam sua vez de voltar, a “vaga” que precisam. Afinal tudo na vida é um ciclo, basta que tenhamos amor, fé em Deus e haveremos de ultrapassarmos esta barreira imposta pelo medo.
A psicologia nos ensina que o temos medo, daquilo que nos é incompreendido. Assim sendo, precisamos enfrentar nosso medo, passarmos a compreender e entender o que realmente significa a morte, e aí venceremos a batalha.
São Francisco de Assis, de forma magnânima nos mostrou isso quando proferiu a seguinte frase de sua linda oração: “... e é morrendo que se vive, para a vida eterna!”.
Será então que a morte é o “salário do pecado” como pregam as igrejas? Posso lhes assegurar que não. E se os asseguro, é tão somente por conviver a mais de 30 anos com nossos guias, orixás, e principalmente por ter vencido este medo. Morrer meus amados é retornarmos para junto de nossos entes, entes esses que sequer lembramos, mas, que existem. Afinal não somente falo daqueles que nos foram caros na terra, mas daqueles que nos são caros na vida espiritual.
Uma forma de nos tornarmos merecedores desta paz pós-morte é a caridade, e a maior caridade é amarmos nossos inimigos. Perdoar-lhes tudo que nos fizeram, não um perdão fictício, mas aquele que emana de nosso coração.
Em vez de desejarmos mal para nossos inimigos, rezemos para seus anjos guardiões, a fim de enxerguem que não é a nós que fazem o mal maior, mas, a si mesmo. Eis aí a maior de nossa prova, afinal como amarmos quem nos odeia? Neste momento lembremos de Jesus que perdoou seus algozes em seus últimos momentos de vida.
Deus com certeza habita em um coração tão puro assim, conduzirá este espírito a local onde poderá receber toda ajuda possível após seu desencarne, mas, se por ventura não formos capazes de perdoar, não esperemos que nos perdoe nossos irmãos e Deus Nosso pai. Vingança de Deus? Não Justiça apenas.
Lembremos de uma lei: “para cada ação, existe uma reação”. E estaremos assim entendendo um pouco mais desta maravilhosa justiça. Se perdoarmos, por qual motivo não seríamos perdoados?
Mas lembremos também de que um criminoso, paga por seus crimes, e nós teremos que pagar por tudo que fizemos aqui. Nossos anjos da guarda, nossos orixás, tão somente esperam que possamos ter a sensatez de usarmos nosso conhecimento para promovermos a paz e o perdão, e não para atacarmos impiedosamente àqueles que feriram a nós ou à outra pessoa.
Sei que em muitos casos, a violência é tão grande que chegamos mesmo a desejar a morte de uma pessoa. Mas, será que não cometemos erros tão graves também? A calúnia, por exemplo, ela age de forma cruelíssima naqueles que dela são vítimas, quantas vezes uma pessoa desejava apenas um sorriso, e não fomos capazes de ceder-lhe?
Sei amados, que muitas vezes, falar é mais fácil, mas por que não começarmos hoje mesmo? Poderíamos por exemplo começar perdoando aquele nosso vizinho que de forma tão ríspida se dirigiu a nós, sem que motivo aparente o déssemos para tal. Se perdoarmos uma pessoa que seja, veremos como este ato nos deixará leve, com a sensação de que estamos em um lugar agradabilíssimo à nossa alma.
Assim estaremos realmente nos preparando para morrer. E passaremos doravante, a não temermos este tão incompreendido e certo destino, único a tudo que tenha vida neste planeta.
Morrer, não consiste em término de nada, mas no recomeço de nossa jornada espiritual, pois que é a única maneira de nos reunirmos com todos que amamos aqui e lá, em nosso mundo verdadeiro.
Lembremos de outra frase de São Francisco de Assis: “..., pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado”. E com certeza o ato de dar, constitui-se principalmente em DAR O PERDÃO, O PÃO, A ÁGUA PARA NOSSO INIMIGO.
Amemos para sermos amados, perdoemos para sermos perdoados, e principalmente, aprendamos a destemer a morte, pois quando nascemos, já temos nosso retorno marcado. É como se fizéssemos uma viagem e antes de embarcarmos, já efetuássemos a compra de nossa passagem de volta.
Deus é amor, paz e caridade, nos lembremos disso.
E nos lembremos também que como um pai saudoso, ele espera o retorno de seu filho amado.
Sérgio Silveira
Tatetú N’inkisi Lambaranguange, Odé Mutaloiá.
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