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sexta-feira, outubro 14, 2022

Cabocla Jurema, sua lenda



 

Muito se escuta falar em Cabocla Jurema dentro das casas de Umbanda, bem como, seus louvores são insubstituíveis dentro dos ritos dessa religião. Mas, quem de fato é essa linda Cabocla?

Conta sua lenda que, ela foi encontrada ainda bebê, com apenas sete meses de vida, pelo valente guerreiro Tupinambá, abandonada aos pés da árvore chamada Jurema, e assim, ele lhe deu esse nome. Mas, ela não foi adotada somente por ele, mas, por toda a tribo e consequentemente por todas as nações indígenas da época. Ela foi criada dentro os princípios da tribo Tupinambá e cresceu se tornando uma jovem forte, guerreira destemida, aguerrida, que não temia nada. Além de, se tornar uma linda moça, tão linda que encantava a todos que a viam. Por ser tão destemida, não demorou a se tornar a primeira mulher guerreira daquela tribo, afinal, possuía grande força física e moral, além de ter profundo conhecimento de toda a mata, não havendo ali, segredo algum para ela, tendo também fácil manuseio do arco e flecha, transformando-se em eximia flecheira, e logo viam que ela se transformaria em uma lenda não somente para eles, mas para todo o continente.

Seus contemporâneos diziam que, ela era a encarnação da mãe divina. Dado a ser totalmente destemida, não demorou para que se fizesse presente em todas as guerras lideradas por seu pai, o também valente e destemido, Tupinambá! E assim, ela, juntamente com seu pai, liderava os guerreiros de batalha em batalha, até que um dia, ela que nunca havia conhecido o medo, encontrou finalmente seu maior inimigo: o amor!

Ocorre que, estavam em guerra contra uma tribo inimiga denominada Filhos do Sol, e um guerreiro havia sido feito prisioneiro por seu pai, e este guerreiro se chamava Huascar.  Seu pai, após levar os espólios de guerra de volta para a tribo, notou que algo estava diferente em sua filha, pois que ela, evitava permanecer junto aos prisioneiros, mas, ela sempre lhe dava uma desculpa e tirava assim sua atenção. Mas, o amor aumentava a cada dia, e ambos já não mais sabiam o que fazer.

Huascar, através do olhar, confessava não somente para ela, mas, para todos que pousassem nele o olhar, o quando seu peito ardia de amor por sua captora. Não conseguia mais disfarçar seu encanto por ela. Jurema que aprendera a resistir aos maiores encantos da n selva, como por exemplo, do boto, que superou com determinação todas as ciladas armadas por tribos rivais, não conseguia mais resistir aos encantos de tão belo guerreiro, e por vezes, se esquecia de que ele era seu inimigo, mas, o amor não escolhe o terreno onde plantará sua semente.

De tanto observar aquele bravo guerreiro, ela que conhecia também os segredos da magia, conseguiu ler em seus olhos, todas as vidas que já haviam tido juntos. Conseguiu ver o imensurável amor que os vinha unindo há séculos, e até mesmo os filhos que tiveram juntos, e então passou a compreender, o porquê de somente ele ter sido mantido vivo.

Assim, após consultar incansavelmente sua consciência, de buscar respostas em seus antepassados, ela decidiu que iria ajudá-lo a fugir, mesmo sabendo que seu povo se voltaria contra ela, a enxergando como traidora. Plano amadurecido, ela pôs em prática e libertou aquele prisioneiro, mas, teria que fugir com ele, pois sabia que a morte seria seu castigo, e também, não queria deixar aquele homem, seu companheiro de tantas vidas, se perder para sempre de seus olhos.

Então após soltar seu prisioneiro, puseram-se em fuga, com seu povo perseguindo aquela que era também a cacique da aldeia por nomeação de seu pai Tupinambá. Durante a fuga, ela não era mais a chefe tribal, mas, apenas uma traidora dos costumes e das leis daquele povo. E então começou a chover flechas em direção a Huascar, seu amado, pois eles a queriam viva, vendo que ele iria ser atingido, ela jogou-se entre ele e a flecha, recebendo então a morte que era destinada ao mesmo, pois que, ela não conseguiria viver sem seu amado.

Segundo a lenda, Huascar conseguiu voltar para seu povo, na terra do sol,  e lá fundou um templo chamado Matchu Pitcchu em homenagem a Jurema, sendo que nesse local, somente as mulheres da tribo poderiam morar, e ali, aprenderiam as artes da guerra, transformando-se assim em guerreiras, como homenagem a valorosa mulher que havia salvo sua vida. Nas matas, no local onde Jurema caiu morta, nasceu robusta, que floresce todo o ano, e, devido a sua coloração, chamou a atenção das tribos, e descobriram que tudo dessa planta poderia ser utilizado, desde as sementes até o caule, e, como ela sempre está voltada para o Sol, deram-lhe o nome de girassol. E assim, Jurema mesmo com sua morte, mostrava sua grandeza e a que estava destinada.

 

Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá

Imagem – cabocla Jurema  Elo 7

https://www.elo7.com.br/quadro-de-cabocla-jurema-com-moldura-dourada-46cm-x-35cm/dp/18CFF7F?pp=2&pn=1&nav=sch_pd_sr_1_2&qrid=PvndTvuCqh0A#suf=0&dcc=0&smc=1&fsfv=0&wch=0&wcld=1&inp=0&pssb=0&pso=up&dtm1=0&rch=1&sei=1&sms=0&dtm2=0&sdps=0&hpa=0&ufa=1&ucrq=1&ps2=1&dqs=1&vpl=1&secpl=0&wppbd=0&wsld=1&utp=0&drzv=1&dsrb=0&uje=0&carf=1&lvbbpm=1&sgta=1&sed=0&cpr=0&bf=0&wppbm=0&csdm=0&dhbc=0&osrl=0&hsv=1&cscws=0&uso=o&supc=1&dsrt=0&droam=0&psews=0&sseov=0&dvbc=0&dwhc=1&lpfcm=1&sedk=1&osrlt7=0&spc=1&srm=1&staa=0&oppb=0&ses=0&idfs=1&usb=0&pcpe=1&pnt=1&df=d&smsm=0&paok=1&hsotb=0&sewb=0&ssl=0&dld=1&auto=1&wpm=0&sum=0&rps=0&cat=1&doar=1&sep=1&eesoi=0&disc=1&sew=0&psedm=0&vsbs=0&deac=0&uaa=0&lvbbob=0&smps=0&accb=0&uar=0

 

 

 

 

 

 

 

 


A sagrada árvore chamada Jurema

 


Dentro dos cultos de Umbanda, e principalmente no culto de Jurema, no Nordeste brasileiro, essa árvore é venerada por todos, sejam caboclos, pretos velhos, enfim, nas raízes dessa arvore está o fundamento destas entidades que trabalham de forma incansável em prol da humanidade.

As histórias sobre essa árvore, tem seu inicio ainda no Brasil colonial, onde já podiam ser observados os rituais indígenas em torno dela. Ali eles se reuniam e através de suas ervas sagradas, cânticos, danças e demais liturgias, e entravam em contato com o Sagrado e consequentemente com seus antepassados, fossem para buscar ajuda para uma batalha, fosse para pedir interseção para a colheita ou até mesmo para a cura de um doente, segundo sua crença, através das raízes, galhos e folhas da Jurema, seus antepassados podiam voltar ao mundo, trazendo seus conselhos, curas e tudo o mais que se fizesse necessário.

Ocorre que, os índios do nordeste brasileiro, principalmente de Pernambuco, sepultavam seus mortos, aos pés da Jurema, pois acreditavam que, por ela ser muito alta, através de seus galhos, eles poderiam alcançar o reino dos Céus, ou seja, a morada de Tupã.  Mas, não somente para isso a Jurema tem serventia para esses silvícolas.

O nome Jurema vem da língua Tupi   yú-r-ema que significa espinheiro. Os índios nordestinos, sabiam de suas propriedades e de sua fundamentação no culto a ancestralidade, e, também, de sua grandiosa importância farmacológicas, sendo esses somente conhecidos pelos índios.

Segundo pesquisadores, o culto a essa árvore vem de datas longínquas, arremetendo aos tempos de Jesus Cristo ainda menino: segundo eles, essa árvore teria sido usada para esconder a Sagrada Família quando da perseguição dos soldados de Herodes, quando esses fugiam para o Egito.

Assim sendo, temos aí a prova de como essa árvore é sagrada e de como os índios souberam aproveitar todo o misticismo da mesma. Observamos que esses povos nada faziam sem utilizarem a Natureza, buscando nela toda a sabedoria armazenada desde os primórdios da humanidade. Obviamente que a Jurema não poderia estar de fora dessa ciência.

Da mesma forma, seu culto, pois que, somente através dos mestres juremeiros podemos ter acesso a tanta riqueza. A árvore Jurema se divide em dois ramos:  a jurema branca ou Mimosa ophthalmocentra, e a jurema preta, Mimosa hostilis.

Sua casca é utilizada para a fabricação de uma bebida mística a qual, concede força, sabedoria e proporciona contato com o mundo espiritual. O culto a Jurema, conquistou uma serie imensa de adeptos em todo o Nordeste brasileiro e quem por lá passa, percebe que o nordestino tem no culto a Jurema Sagrada a fonte para solucionar vários de seus problemas, sejam eles, físicos ou espirituais.  Mesmo alguns babalorixás e ialorixás do Nordeste não abrem mão do assentamento da Jurema, eu mesmo, conheço pessoas da Paraíba, Pernambuco entre outros, que, mesmo praticando o Candomblé, mantém esse culto vivo.

Salve Jurema!

 

Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá

Foto: jurema preta, portal Embrapa

https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/tematicas/bioma-caatinga/flora/madeireiras/jurema-preta