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sexta-feira, janeiro 25, 2013

OYÁ EGUNITÁ



Aí temos uma qualidade de Yansã muito pouco compreendida dentro dos candomblés. Começamos por explicar que seus fundamentos, fazem parte da nação Angola, e somente dentro de seus preceitos, podem-se realizar seus ritos. Como Oyá, é a Senhora dos raios, do fogo, mas, seu verdadeiro domínio é sobre os mortos, e o bambuzal.

Seu fundamento vem com determinada qualidade de Oxossi, Ogum, e ainda com Oxalá e Nanã. Tem também um forte domínio sobre os ventos. Diziam os mais antigos, que os ventos mais fortes, pertencem a ela, e que devemos respeitar muito esse vento, pois não sabemos o que Egunitá está nos trazendo naquele momento.

Seu nome se traduz como Senhora de egum. Pois segundo uma de suas lendas, seria egum seu filho legitimo.

Conta essa lenda que em determinada época, ela era esposa de Ogum, mas por mais que tentasse não conseguia ter filhos, o que fez com que consultasse um babalawô. Este após consultar os ancestrais, informou-lhe que ela somente poderia engravidar de um homem que a possuísse com força e violência.

Então, ela contou o acontecido para Xangô e este a tomou dessa forma, e culminou com ela engravidando, pois tinha se separado de Ogum e tinha ido viver com Xangô, e dessa forma como ela a possuiu ela terminou tendo 09 filhos dele. Mas, para seu desespero e tristeza, os oito primeiros nasceram mudos.

Ela novamente consulta o babalawô e este após oferecer sacrifícios aos Orixás, determina que ela volte a copular com o mesmo homem e da mesma forma, e então ela engravida e desta gravidez nasce egum, mas embora não fosse mudo, ela somente falava com uma voz inumana o que causava pavor a todos.

Desta forma ela passou a ser rainha de egum, e até hoje em suas festas ela está presente, pois somente ela tem o poder para enfrenta-lo.

Conta outra lenda que: Em determinada ocasião, vivia Oyá triste porque não conseguia ter filhos. E após consultar um babalawô ele lhe disse que para que ela pudesse engravidar deveria parar de comer carneiro e ovelha. Ela prontamente seguiu esse conselho e ainda fez todas as oferendas que ele a determinou. Depois disso ela conseguiu engravidar e teve 09 filhos.

Entre as oferendas que ela deveria fazer, constava o fato de ter sempre um pano vermelho por perto. E mesmo sem saber o motivo Oyá mantinha este tecido em casa. Após o nascimento de seus filhos foi revelado o mistério do pano: o tecido era para confeccionar a roupa de um de seus filhos: egum.

Esta roupa serviria para no futuro, vestir os eguns que desejassem visitar seus entes queridos após sua ida para o outro lado da vida terrena. Quando o espírito de uma pessoa morta deseja visitar aqueles que deixou na terra, tem que se vestir sem deixar nada à mostra, pois os seres humanos não podem ver seu rosto nem seu corpo, e a roupa feita por Oyá é que veste o mesmo evitando assim maiores consequências para as pessoas e a comunidade.

Em seus fundamentos, essa Oyá sempre se mostra aguerrida, agressiva e se não tivermos muito cuidado ao preparar seus ritos, podemos causar um furor tão grande nela, que corremos o risco de sermos vítimas de sua ira.

Como toda Oyá Igabale, ou Balé, nunca devemos acordar as pessoas que estão manifestadas por ela dentro de casa. Sempre no tempo deve ser suspendida de seu filho, afinal onde estas Oyás estão egum sempre as acompanham.

Seus ritos são feitos de forma muito diferentes dos demais Orixás e seguem preceitos bem atípicos dos demais. Egunitá é uma guerreira, mas, comanda os ventos mais fortes, dança para os eguns, é a senhora dos mortos. É comum encontrarmos essa Yabá dançando para os eguns, como forma de entretê-los e de fazer com que se lembrem de que ela é sua mãe.

Dotada de grande poder e de grande força, Egunitá sempre foi cultuada nas casas de Angola de forma respeitosa e sigilosa, pois todos temem sua ira. Tendo fundamentos com Nanã temiam os mais velhos que ela trouxesse a morte para aqueles que a desafiassem e fizessem seus atos de forma errônea.

Tem seu dia de culto às Quartas feiras como todas as Oyás. Come cabra, galinhas, galinha de angola, pombo, acarajé, frutas, peixe. Nunca se deve ofertar ovelha para ela, e seus filhos não devem comer ovelhas nem carneiros em hipótese alguma.

Veste-se de branco, bem como de branco é sua louçaria. Traz consigo o eruexim, espécie de chicote de rabo de cavalo com o qual domina e espanta os eguns. Seu fio de contas é vermelho translúcido.

Houve uma época em que Ogum era o ferreiro da Cidade Sagrada de Irê, ali ele residia. Morava com sua esposa Oyá em sua forja, era feliz, amava sua liberdade e conhecia toda a gente do lugar.

Sua casa era bela, mas, como ele gostava da liberdade, não possuía seu lar, portas nem janelas, e seu telhado era de mariwô, apenas para não deixar que a água da chuva o molhasse e para evitar os raios mais quentes do sol. Sua esposa ajudava-o em sua forja e os dois viviam assim a verdadeira felicidade.

 Naquela Cidade, Ogum era considerado importante, afinal ele sabia manejar o ferro, então lhe fora atribuído o Akorô, uma espécie de coroa de metal, que ele usava com muito orgulho. Tinha solicitado a seu irmão Odé, eu caçasse para ele, um imenso touro selvagem, e assim Odé o fez. Ogum então tratou bem o couro do animal e fez com ele um fole imenso. E este era manejado por Oyá que gostava de ajudar o esposo em seu trabalho, afinal ela também amava a liberdade.

Certo dia, porém, uma família resolveu dar uma festa para o velho pau que havia morrido no ano que passara. Foram até a sociedade de egum da aldeia e contrataram seus sacerdotes para realizarem a cerimônia própria para que o egum do pai pudesse vir, ele veio e passeou o dia todo pela cidade com todos da família atrás, felizes pela oportunidade de rever aquele a quem tanto amavam.

E o egum passeou, foi ao mercado, na praça, na casa dos amigos, e mais tarde, resolveu ir até a forja para rever seu amigo o ferreiro. Mas, ao ouvir a música que dali saía com o movimento da forja, começou a dançar na rua. Todos riam com gosto de ver a alegria do espírito do velho. 

Ogum prontamente acelerou seus movimentos na forja e mais ele dançava Oyá por sua vez, acelerava também o fole e o som também saí mais rápido e o povo batia palmas para a música que faziam e cada vez juntavam mais pessoas para verem o egum dançando. Ogum estava então com muito orgulho de sua esposa porque ela era muito forte mesmo, e tinha bom ritmo e sabia como transformar seu fole em instrumento musical dominando assim o egum que era tido como difícil de lidar.

Caiu à noite e o egum continuava dançando. Então, Ogum disse a Oyá que ela largasse o fole e fosse dançar com o egum, que ele mesmo bateria o martelo e manejaria o fole. Assim por horas a fio Oyá dançou com egum, proporcionando alegria ao povo de Irê.

Vendo como sua esposa era Ogum tirou o Akorô de sua cabeça e presenteou sua esposa com ela e disse: “Oyá yawô mi, akorô mi lonnon” que significa: Oyá minha esposa, use meu Akorô na rua. E desde esse momento Yansã teve o direito de usar o Akorô. E este direito ela conserva até hoje, tanto na mãe África como no “novo mundo”, pois seu esposo a autorizou e nenhuma outra Yabá tem esse direito.