É comum vermos pessoas que não seguem nossa filosofia religiosa se alimentarem de sangue, como na galinha ao molho pardo e no chouriço, por exemplo, mas, para nós adeptos do axé Orixá, esses alimentos não podem de forma alguma fazer parte do cardápio.
Acontece que o sangue, é o alimento sagrado das Divindades, ou seja, de nossos Orixás e somente a eles é dado o direito de saborear deste. O sangue nada mais é que a essência da vida. Sem ele a vida simplesmente não existe, assim sendo, para nós, seres mortais, não é dado o direito de consumo do mesmo.
O tabu existe desde o mais remoto dos tempos, pois, em muitas outras religiões como no Islamismo, por exemplo, não é permitido de forma alguma se consumir sangue dos animais abatidos.
Ao imantarmos um assentamento de Orixá, exú, egum ou outro qualquer, qual o principal item para que essa imantação seja concretizada? O sacrifício de um animal. Como então, nós, seres humanos, poderíamos comer daquilo que é justamente a imantação de nossos ibás?
Quando derramamos o sangue de um animal, estamos dando aquela vida como forma de sacrifício às divindades para que elas nos façam algum favor em troca. Se sacrificamos em prol de nossos Orixás, estamos alimentando um ser ancestral que nos protege e nos guia nos caminhos que Olorúm designou para cada um.
Assim sendo, temos que manter o respeito e não comermos de seu principal alimento. Se sacrificamos uma galinha em nossa casa para o consumo da família, o certo é que seja feito esse sacrifício dentro de um tanque, e a torneira seja aberta para que a água leve aquele sangue embora. Não devemos derramar sangue no chão.
Não devemos sob hipótese alguma, deixar que sangue seja derramado no chão, pois seres negativos podem ali se alimentar e trazerem consequências sérias para nossas vidas.
Existem algumas pessoas que acham que esses tabus são invenções dos mais velhos. Mas, posso garantir que não. Ao nos alimentarmos do sangue, estamos ferindo os preceitos das leis dos Orixás e isso nos trará com certeza sérias consequências em nossas vidas, pois as leis existem para serem cumpridas.
Não devemos matar animal algum que não seja para nosso alimento ou para algum ritual onde haja a real necessidade do holocausto, pois uma vida não se tira em vão. Não se derrama sangue pelo simples motivo de se desejar, mas sim, por existir uma necessidade muito grande e imprescindível.
Somente aos Orixás e às demais entidades, competem determinados alimentos e atos, e a nós compete a obrigação de zelarmos para que esses preceitos sejam respeitados e que nossa religião seja respeitada em toda a sua grandeza.
Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.