Quando Olorúm, Deus, criou o
homem, Ele em sua Sabedoria viu que o mesmo precisava se elevar se quisesse
alcançar os degraus que Ele, o Criador, havia construído para que suas criações
pudessem se chegar até sua morada. Mas, notou que dificilmente isso
aconteceria, dado que por mais que os tivesse feito à sua imagem e semelhança,
sua mais amada criação, não se esmerava em crescer até que merecesse atingir o
ápice de seu mérito.
Então, Olorúm determinou que surgissem
os Odús, que seriam o destino, os caminhos de cada um nesta Terra. Com os elementos
que Ele mesmo havia criado: a água, o fogo, o ar e a terra, foram criando os
Odús e dando a eles poder de guiarem os homens, orientando para que, não se
desviassem de seu propósito maior: atingir a perfeição necessária para que
pudesse ir para junto do Pai.
Os primeiros homens a serem
guiados pelos Odús, mesmo vivendo em épocas onde a guerra, a selvageria
imperavam, conseguiram alcançar ao menos parte de sua elevação, pois que, não
matavam aquilo que não comiam, ou se não fosse para defender o que lhes
pertencia. Não cobiçavam o que jamais poderiam ter, como, por exemplo, a
sabedoria excessiva que somente serve para corromper os corações dos homens.
Entregavam-se, mas por amor. Nem
mesmo comiam por ânsia, pois sabiam que o alimento não seria farto para sempre,
e assim sendo, evitavam o desperdício, porque temiam não ter o que comer no
amanhã.
Ao plantarem suas sementes na terra, oravam
aos deuses, pedindo para que intercedessem ao Pai Maior, para que sua semeadura
desse fruto. Antes de colherem ofertavam uma parte a terra e à natureza como
forma de agradecer aos deuses, ao Pai Supremo e a toda a natureza pela fartura
em sua colheita. Quando matavam um animal, fosse em rituais religiosos ou mesmo
para alimentar suas tribos, agradeciam aos deuses e até mesmo àquele animal
sacrificado, pois que, sua carne alimentaria a todos e sua pele serviria de
roupa para aquecer ao frio.
E assim viviam, e simplesmente
viviam, e hoje, segundo aos mais antigos na religião, são nossos Orixás. Vêm de
volta a esse Planeta tão somente como agradecimento a Deus, e a melhor forma
que encontram de agradecer, é nos guiando em bons caminhos, nos mostrando que
vale sim, à pena seguirmos os princípios aqui deixados por Zambi.
Temos que seguir nosso rumo e
nosso destino. Por mais que possa nos parecer pesado o fardo, jamais Deus nos
daria algo para o qual não teríamos forças para suportar. Isso nos deixa claro
os Mandamentos deixados por Iká. Precisamos apenas nos conformar com o que não
podemos mudar, e lutar muito para nosso aperfeiçoamento.
Quantos de nós, não reclamou, já
da luta diária? Quantas e quantas vezes já não nos achamos esquecidos por Deus
e pela espiritualidade? Mas, ocorre que, são justamente nesses momentos que
eles mais estão ao nosso lado, e muitas das vezes nos carregam no colo, só que,
ao contrário de nós, não proclamam aos quatro ventos o que fazem. Preferem sim,
agir no calado, sem que a própria pessoa saiba, pois a Sabedoria Suprema de
Deus assim solicita.
Não podemos pedir que outros
passem por nós o que nos está reservado, pois, estaríamos lutando e pedindo em
vão. Nossos Odús são nossos caminhos e tudo o que temos nessa vida, é resultado
do que fomos em vidas passadas. Nada, mas nada mesmo, passa sem que os Olhos de
Olorúm, estejam observando.
Cada passo, cada gesto que
fazemos, está sendo analisado pelas correntes espirituais, e essas, os levam
para outras esferas que as levam para outras, até que sejam anotadas no Livro
Sagrado. Iká, quando nos deixou os Mandamentos de Olorúm, deixou bem claro que
somente através da resignação e do fazer o bem, poderemos alcançar a perfeição
que buscamos desde nossa criação.
Seguir em frente com sabedoria, determinação,
fé e resignação, é antes de tudo certeza de que Deus em sua soberania e
supremacia nos observa e nos providenciará colheita farta mediante nossa
semeadura.
Não nos compete, pois, julgar a
quem quer que seja, dado que seremos julgados da mesma forma por Zambi e por
seus Ministros, nossos Orixás. Temos ao contrário, que nos ater as coisas do
bem e do amor, esperando que um dia receberemos o soldo de acordo com nosso
trabalho.
Como Pai, jamais Deus daria a um
de seus filhos, pedra no lugar de pão. Porém, deixou bem claro, que sem fazer
por merecer, nada teremos nesse mundo ou no outro. E para que pudéssemos ser
merecedores de todas as maravilhas que criou para nós, deixou no outro mundo,
os Odús, que influenciam diretamente nossos passos aqui na Terra de forma que
nos orientando, garantem que possamos nos adequar às necessidades do espírito e
às exigências das Leis Divinas, a fim de sermos mais que filhos, mas presentes
na perante o Pai.
Sigamos, pois, o que nos orientam
os Odús através do oráculo sagrado de Ifá, pois eles são os porta vozes de
Olorúm para os homens. Mantenhamo-nos firmes no propósito de fazer o bem sem
olhar a quem, pratiquemos a caridade e o amor, pois que, Iká assim nos
aconselha, e veremos a colheita de nossas vidas, ser farta.
Agindo em conformidade com as
Leis Divinas, dificilmente seremos dominados pelas esferas mais inferiores que
tentam de todas as formas nos denegrirem perante nosso Pai. Odús são os
Mensageiros de Deus, os antepassados de nossos Orixás, o que de mais sagrado
podemos invocar, respeitemos, pois, suas
orientações e decisões e assim, com certeza, viveremos mais e melhor.
Tatetú N'Inkisi Odé Mutaloiá.