Como nação, todos conhecemos o Jêje e sua importância na disseminação do Candomblé, mas, como surgiu esse país?
O Dahomey, ou Daomé em português, foi um próspero reino africano, fundado no século XVII, segundo historiadores, e durou até o século XIX, ocasião em que foi conquistado pela França com o apoio das tropas do Senegal.
A origem da nação Dahomey, deu-se com o povo adjá que pertenciam ao reino costeiro de Aladá. Esse povo teria se deslocado para o norte, e se estabelecido entre outro povo de linguagem fon. Como os Adjás era um povo guerreiro, em meados de 1650 dominaram os fons e seu Rei, Hwegbajá se declarou rei de todo aquele território.
Estabeleceu a capital em Agbome ou Abomei, e tanto ele quanto seus sucessores, estabeleceram um estado totalmente centralizado, tendo como base a prática do culto à realeza, instituindo os rituais de sacrifícios e até mesmo o sacrifício humano em honra a seus antepassados.
Como reinado, toda a terra pertencia ao rei, e esse recebia imposto de tudo que ali se produzia. Porém, como eram guerreiros por excelência, Hwegbajá, e todos os reis que vieram depois dele, tinham outra fonte de renda que proporcionava lucros imensos: a venda de escravos.
Para tanto, mantinham esses reis, contato direto com traficantes de escravos, e a eles entregavam os povos vencidos em batalha, para que fossem vendidos para toda a Europa. Sua invencibilidade nas guerras era graças às armas de fogo, que conseguiam trocando escravos pelas mesmas com os europeus.
Mas, mesmo com todas as conquistas alcançadas, faltava ainda um reino a ser aprisionado, e esse era o reino de Aladá, localidade de onde se originava a família real. A conquista desse reino veio com a regência de Agadjá, Rei e guerreiro, que governou entre 1716 e 1740.
Após ser vencida em batalha, Aladá, ofereceu grandes lucros, pois todos seus habitantes foram transformados em escravos e vendidos diretamente aos comerciantes europeus que viviam da venda de pessoas escravizadas.
Alguns estudiosos acreditam que o fato de os Jêjes terem sido os maiores vendedores de escravos, foi o que favoreceu para que as tropas do Senegal ajudassem a França na conquista do mesmo. Ainda existem outros que afirmam terem sido os Jês que criaram o comércio tradicional que conhecemos até hoje, bem como o comércio de escravos, eram guerreiros e segundo estudiosos teriam sido canibais.
Mesmo com toda a sua força e poder aquisitivo, existia um reino vizinho a Agadjá, o qual seus reis nunca conseguiram vencer, e esse era o reino de Oyó, principal reino de sua época, e que se transformou em Império.
Com a dificuldade de se conquistar Oyó, e pelo fator de ser esse Império, o maior concorrente de vendas de escravos, o Rei de Dahomey tornou-se um súdito feudal de Oyó, pagando tributos a seu governante.
Mesmo como Estado submisso de Oyó, Dahomey continuou a crescer e a prosperar, graças ao comércio escravagista. Era também um reino que vivia da agricultura, tanto que mais tarde seu crescimento continuou aumentando com a produção e venda do azeite de dendê, uma vez que nesse reino existia uma imensa plantação de dendezeiro.
Toda a plenitude econômica de Dahomey, no entanto, se deu no século XIX, pois começou a exportar escravos para uma nova terra: o Brasil. Graças a essa prática, ficou o país conhecido pelo apelido de “costa dos escravos”. Ainda nessa época, um brasileiro de nome Francisco Félix de Souza, protegido do rei Guezô, tornou-se num dos mais famosos comerciantes de escravos.
Depois de uma guerra que durou de 1892 a 1894, Dahomey, foi conquistado pela França, mas, essa vitória somente foi alcançada, graças às tropas de africanos que revoltados com o fato desse povo ser o maior vendedor de sua própria gente para os demais países, ingressaram nas fileiras francesas, entre esses, um povo se destacou na batalha, os Yorúbas.
Com a transformação de muitos países, Dahomey também se adequou as novas à modernidade e assim, em meados de 1960, Daomé alcançou sua total independência se transformando na atual República de Benin. Em 1985 a UNESCO tombou os palácios reais de Abomei como Patrimônio Histórico Mundial.
Esses foram os Reis de Daomé:
• Ganiehéssu - Não se tendo uma posição exata do inicio de seureinado, que terminou em1620
• Dǎko-Donu, reinou no periodo de 1620 até 1645
• Hwegbadjá, esse Rei governou de 1645 à 1685
• Akabá,seu governo se deu entre 1685 e 1708
• Agadjá, reinou no período de 1708 à 1732
• Tegbesu, reinado entre 1732 e 1774
• Kpenglá, reinou nos anos 1774 até 1789
• Agonglô, foi Rei de Daomé de 1789 à 1797
• Adandozan, reiando entre 1797 à 1818
• Guezô, Rei deste país no período de 1818 até 1858
• Glelé, Rei entre 1856 à 1889
• Gbehanzin, a história se refere a ele como sendo o ultimo Rei de Daomé, e governou entre 1889 e 1894
Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá. Babalorixá, escritor e pesquisador.
Fonte de pesquisa: Bibliotecas virtuais da África e Wikipédia.