Hoje quero convidar você para aprendermos
um, pouco sobre essa grande entidade da Umbanda Sagrada, quem foi, como viveu e
como é esse guia de luz. Sabemos que, quando manifestado sem seus médiuns, é um
caboclo sério e que não gosta de conversas, mas, não significando que seja
bruto. Ao contrário, tão somente deixa de lado as conversas pois tem ciência da
grande responsabilidade que lhe foi incumbida por Oxalá.
Ele nasceu na região central do
Brasil nos idos de 1425, na tribo dos Tupis, ali, onde hoje se localiza
Brasília e Goiás, era filho do cacique de sua tribo, e, por ser o filho mais
velho, desde cedo sentiu o peso da responsabilidade nos ombros, afinal teria
que um dia substituir seu pai no comando da aldeia. Destacava-se dos demais pela
exuberante inteligência, não havendo nas matas, segredos que não conhecesse.
Vivia em uma época em que, o
intercambio entre as tribos. Mas, ele já como cacique, foi um dos primeiros a
incentivar esse ato, bem como, a troca de alimentos entre as aldeias como forma
de garantir a subsistência das aldeias, entre os povos que ele negociava,
estavam os Proto-Jee os Karib
, entendia o valoroso cacique que, somente assim poderia sobreviver com mais dignidade. Em uma de suas peregrinações pelo Nordeste
brasileiro, conheceu uma linda índia, flor da manhã, que viria a ser sua esposa
e passaria com ele, seu amado, toda a sua vida. Mesmo sendo muito respeitado
por todas as nações indígenas, não parou em momento algum seu trabalho
itinerante, sempre buscando formas de fortalecer a cultura indígena. Era um
visionário!
Certa feita, estava o cacique
Pena Branca no alto de um monte onde hoje situa-se o Estado da Bahia, e notou
barcos vindo em direção à costa, e ali ficou observando aqueles barcos, e, ao chegarem
mais perto, percebeu grandes cruzes vermelhas, era ele, o primeiro a ver a
chegada dos portugueses no Brasil! Também esteve presente na primeira missa
celebrada nessa Terra. Ele então, passou a ser uma espécie de porta voz entre
os nativos e o homem branco, mas, não confiava nesses, ao contrário, mantinha
reservas com relação a eles pois que, desconfiava de suas ações ao chegarem
distribuindo presentes. Dado a sua inteligência, aprendeu rapidamente o português
e a religião cristã que eles traziam.
Também, entabulou diálogos com
corsários franceses, que, sem que notassem os portugueses, entravam no Brasil,
e isso muito antes das invasões de 1555, assim sendo, Pena Branca também aprendeu
a falar o francês.
Os escambos entre índios e
portugueses com o pau-brasil era visto com muita desconfiança por ele, afinal,
começara a era de escravizar os índios, o que, para ele, era uma tristeza, pois
tão somente desejava o progresso cultural com aqueles homens brancos, os quais
tinha como amigos, mas, sabemos hoje que, a única intenção dos portugueses eram,
escravizar os nativos para que pudessem assim depauperar a nação que
consideravam sua, não tendo a mínima complacência com os que aqui estavam desde
sempre.
Este valente índio, viver então toda
a sua vida buscando formas de promover a cultura indígena, buscando sempre as
melhores formas de fazer com que seu povo pudesse melhorar suas condições de
vida. Morreu em 1529 aos 104 anos de idade. Seu falecimento deixou grande
tristeza entre todas as tribos brasileiras, afinal, o Cacique Pena Branca era
na verdade, o maior índio que já havia existido. Chegando no mundo espiritual, foi
reconhecido por seus grandes trabalhos quando encarnado e assim, junto com outros
espíritos como o cacique Cobra Coral, iniciou um trabalho grandioso em prol dos
índios brasileiros.
Hoje em dia, podemos ainda notar
a presença deste grande guerreiro por vários templos de Umbanda pelo Brasil
afora. Ele protege esses terreiros da investida dos espíritos inferiores,
trabalha chefiando uma grande falange de guias curandeiros, e ainda, atua dando
passes, descarregos, nas pessoas que ali estão, como profundo conhecedor de
todos os mistérios da Natureza, Seu Pena Branca, age na transmutação das
energias dos consulentes, promovendo a cura de seus corpos físicos e
espirituais. Também comanda uma imensa falange, onde trabalham os caboclos,
Pena Vermelha, Pena Azul, Pena Verde, Penacho Roxo, Pena Preta, entre outros.
Tatetú N’Inkisi Lambanranguange,
Odé Mutaloiá.