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segunda-feira, outubro 24, 2022

Caboclo Pena Branca

 


Hoje quero convidar você para aprendermos um, pouco sobre essa grande entidade da Umbanda Sagrada, quem foi, como viveu e como é esse guia de luz. Sabemos que, quando manifestado sem seus médiuns, é um caboclo sério e que não gosta de conversas, mas, não significando que seja bruto. Ao contrário, tão somente deixa de lado as conversas pois tem ciência da grande responsabilidade que lhe foi incumbida por Oxalá.

Ele nasceu na região central do Brasil nos idos de 1425, na tribo dos Tupis, ali, onde hoje se localiza Brasília e Goiás, era filho do cacique de sua tribo, e, por ser o filho mais velho, desde cedo sentiu o peso da responsabilidade nos ombros, afinal teria que um dia substituir seu pai no comando da aldeia. Destacava-se dos demais pela exuberante inteligência, não havendo nas matas, segredos que não conhecesse.

Vivia em uma época em que, o intercambio entre as tribos. Mas, ele já como cacique, foi um dos primeiros a incentivar esse ato, bem como, a troca de alimentos entre as aldeias como forma de garantir a subsistência das aldeias, entre os povos que ele negociava, estavam os Proto-Jee os Karib , entendia o valoroso cacique que, somente assim poderia sobreviver com  mais dignidade.  Em uma de suas peregrinações pelo Nordeste brasileiro, conheceu uma linda índia, flor da manhã, que viria a ser sua esposa e passaria com ele, seu amado, toda a sua vida. Mesmo sendo muito respeitado por todas as nações indígenas, não parou em momento algum seu trabalho itinerante, sempre buscando formas de fortalecer a cultura indígena. Era um visionário!

Certa feita, estava o cacique Pena Branca no alto de um monte onde hoje situa-se o Estado da Bahia, e notou barcos vindo em direção à costa, e ali ficou observando aqueles barcos, e, ao chegarem mais perto, percebeu grandes cruzes vermelhas, era ele, o primeiro a ver a chegada dos portugueses no Brasil! Também esteve presente na primeira missa celebrada nessa Terra. Ele então, passou a ser uma espécie de porta voz entre os nativos e o homem branco, mas, não confiava nesses, ao contrário, mantinha reservas com relação a eles pois que, desconfiava de suas ações ao chegarem distribuindo presentes. Dado a sua inteligência, aprendeu rapidamente o português e a religião cristã que eles traziam.

Também, entabulou diálogos com corsários franceses, que, sem que notassem os portugueses, entravam no Brasil, e isso muito antes das invasões de 1555, assim sendo, Pena Branca também aprendeu a falar o francês.

Os escambos entre índios e portugueses com o pau-brasil era visto com muita desconfiança por ele, afinal, começara a era de escravizar os índios, o que, para ele, era uma tristeza, pois tão somente desejava o progresso cultural com aqueles homens brancos, os quais tinha como amigos, mas, sabemos hoje que, a única intenção dos portugueses eram, escravizar os nativos para que pudessem assim depauperar a nação que consideravam sua, não tendo a mínima complacência com os que aqui estavam desde sempre.

Este valente índio, viver então toda a sua vida buscando formas de promover a cultura indígena, buscando sempre as melhores formas de fazer com que seu povo pudesse melhorar suas condições de vida. Morreu em 1529 aos 104 anos de idade. Seu falecimento deixou grande tristeza entre todas as tribos brasileiras, afinal, o Cacique Pena Branca era na verdade, o maior índio que já havia existido. Chegando no mundo espiritual, foi reconhecido por seus grandes trabalhos quando encarnado e assim, junto com outros espíritos como o cacique Cobra Coral, iniciou um trabalho grandioso em prol dos índios brasileiros.

Hoje em dia, podemos ainda notar a presença deste grande guerreiro por vários templos de Umbanda pelo Brasil afora. Ele protege esses terreiros da investida dos espíritos inferiores, trabalha chefiando uma grande falange de guias curandeiros, e ainda, atua dando passes, descarregos, nas pessoas que ali estão, como profundo conhecedor de todos os mistérios da Natureza, Seu Pena Branca, age na transmutação das energias dos consulentes, promovendo a cura de seus corpos físicos e espirituais. Também comanda uma imensa falange, onde trabalham os caboclos, Pena Vermelha, Pena Azul, Pena Verde, Penacho Roxo, Pena Preta, entre outros.

Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá.