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sábado, agosto 29, 2009

O BEM E O MAL, UMA QUESTÃO DE ESCOLHA

Sabemos que Olorúm (Deus) criou o Universo e tudo que há nele, igualmente criou o nosso Planeta e tudo que nele existe. Por uma questão que jamais ser humano algum conseguirá explicar, ele criou também a dualidade das coisas: O macho e fêmea, o direito e o avesso e o bem e o mal.

São as duas faces de tudo que existe, mesmo nós, meros mortais temos nosso lado bom e nosso lado ruim. Existe o vírus que mata, mas, o mesmo vírus se transforma em medicamento para curar a doença que ele causa.

Nas forças espirituais, Olorúm também criou a dualidade, criou as forças para o bem e para o mal, claro que se criou teve um motivo e a explicação que mais gosto, é o de testar continuamente nossa fidelidade. As forças da natureza aí estão para podermos estudá-las e também lançar mão delas para alcançarmos os favores que necessitamos.

Obviamente que sempre que escolhemos para um lado, temos um preço a pagar e se vamos sofrer ou sermos felizes vai depender somente de como lidamos com as forças que temos a nossa disposição.

Ao lançarmos mãos de uma determinada energia para ajudarmos a alguém, estamos nos aproximando de Deus e de seus Santos, seus Ministros, mas, se por outro lado usamos alguma força para prejudicarmos quem quer que seja, estamos nos afastando de Deus e de seus ensinamentos.

E se nos afastamos de Deus e de seus caminhos, temos que ter ciência de que também nos afastamos de suas bênçãos e de tudo que ele tem para nos oferecer.

Algumas pessoas insistem em utilizar a força do espírito para o mal, se esquecem de que o mal é dividido e nunca, nunca será distribuído de forma que não seja a da igualdade para ambas as partes.

O mal e o bem é apenas uma questão de escolha, escolhemos o caminho que desejamos seguir e temos que estar preparados para arcar com as consequências de nossos atos. Quando dizemos que Deus criou tudo, nos lembramos de que ele também criou o livre arbítrio nos concedendo o direito de escolhermos de que lado queremos estar, mas, sempre nos avisa de que temos que pagar por nossos atos.

Seria isso vingança?

Não! De forma alguma! Isso é justiça a toda prova.

Tenhamos em mente o seguinte: se um filho nos é obediente, nos respeita, faz as tarefas que a ele determinamos com amor e carinho, e o outro age de forma totalmente contrária, ou seja: nos desobedece, não realiza suas tarefas, não nos respeita as vontades, para qual dos dois teremos mais prazer em presentear? Em qual dos dois nos apegaremos mais?
Obviamente que ao primeiro, até porque ele mesmo nos cobrará se aquele que não nos respeita, gozar dos mesmos privilégios que ele, e também entenderá que realizar as tarefas, obedecer nossas determinações etc., e tal, de nada adianta, pois que o rebelde tem os mesmos privilégios que ele.

Da mesma forma Zambi Apongue age conosco, nos presenteando conforme nossos merecimentos. Como podemos pagar o mesmo soldo para um trabalhador que cumpre com rigor suas funções e para outro que nada faz para merecer as recompensas? Também assim Olorúm age conosco seus filhos.

Como pode aquele que mata, estupra, rouba, e comete todos os tipos de crimes, serem recompensados da mesma forma que aquele que andou uma vida inteira dentro das leis de Deus? Isso sim seria injustiça!

Assim, sempre recebemos nossas recompensas conforme as ações que praticamos. Se andarmos nas leis de Deus, com certeza seremos merecedores de gozar junto de nossos Orixás da paz que somente o Orúm (céu) pode nos oferecer. Mas se agimos contrários às suas leis, que estejamos prontos a pagar e muito caro por eles.

Lembremos sempre de que temos uma alma e ela é imortal, e como sempre me disse Mametú Indembeleouy, “temos que prestar contas dessa alma, mais dia menos dia”.

Saibamos, pois, escolher de que lado estaremos para não reclamarmos em um futuro muito próximo quando nossos Orixás começarem a nos cobrar por nossas ações, fazendo valer a lei de Olorúm.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com






quarta-feira, agosto 26, 2009

UMA FORÇA CHAMADA ALMA

Desde que o homem descobriu a religião, começou a ter noção de que possuía uma alma e depois passou a ter consciência de que dela daria conta a Deus um dia, após deixar esse mundo.

Como observamos na história, algumas raças como os negros, por exemplo, foram acusados de não possuírem alma. Ledo engano! Afinal são seres humanos como outro qualquer e a cor não diferencia a pessoa nem mesmo a isenta da responsabilidade com seus atos.

Algumas pessoas que não creem em outra coisa que não seja a que seus olhos podem ver, e suas mãos tocarem, acham ridícula a afirmação de que animais e plantas possuem alma. Assim como os que afirmaram que negro não possuía alma, esses também estão sobremaneira equivocados.

Quando Olorúm criou o mundo e tudo que nele habita, criou espíritos para residirem em determinados locais, e estes foram responsabilizados a cuidarem desses elementos.

Com o passar do tempo, seres que ali viviam integraram a sua energia ao se transladarem para o mundo invisível. E assim suas almas se fundiram com as almas de seus elementos.

Para todos os seres que andam ou voam, Deus, Olorúm deu uma alma, e até mesmo para as plantas, árvores e tudo o mais que existe e forma a natureza possui sim sua alma.

Temos assim a alma do seres humanos, dos ditos “animais irracionais” e ainda, a alma dos rios, das florestas, do mar e de tudo o mais. E nós, seres humanos temos que respeitar as almas de todos os seres, assim como faziam os silvícolas de toda à parte do planeta em tempos remotos. Inclusive segundo relatam alguns historiadores, essas pessoas agradeciam a determinado animal quando o abatiam, por sua carne servir de alimento para seu povo.

Eles agradeciam e pediam perdão por tê-lo abatido para que sua carne e sua pele pudessem servir ao consumo de sua tribo. Já presenciei pessoas mais velhas que antes de derrubarem uma árvore, por exemplo, rezavam em agradecimento à natureza por fornecer aquele material que serviria para construir suas casas, de lenha para alimentar o fogo que serviria para o preparo de seus alimentos. Isso sim é sabedoria!

Se nos dedicássemos mais a respeitar a natureza e as almas que nela existem, com certeza teríamos um mundo melhor para vivermos. Temos que entender que as almas existem e ali estão e são partes da força criadora de Deus, e assim sendo são sua própria sabedoria e onipresença.

As almas da natureza clamam para que tenhamos mais consciência e paremos de destruir a nós mesmos, pois até mesmo o planeta tem sua alma: GAIA. E ela como mãe maravilhosa que é, sempre nos proporciona tudo que necessitamos para existirmos, mas, em nossa ânsia de prosperar sem olhar com carinho pela natureza, sangramos a mesma e destruímos com tudo que sua alma construiu em tanto tempo, com uma rapidez que não permite nem mesmo que ela se defenda, ocasionando assim nossa própria destruição.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com

odemutaloia@ig.com.br

domingo, agosto 23, 2009

O PRECONCEITO DOS TRAFICANTES NEGREIROS CONTINUA AINDA HOJE.

Assistindo ao filme, “Jornada da Liberdade”, pude me conscientizar mais um pouco do imenso sofrimento dos nossos antepassados negros. Neste filme é relatada a ânsia de um Deputado em extinguir com o comércio de escravos na Inglaterra. Mostra a película, de forma explícita toda a ganância do europeu que tão somente enxergava os negros como máquinas para suas plantações.

Durante o filme pode-se observar como sofriam os africanos nas plantações de cana de açúcar na Inglaterra e demais países onde se encontrava o regime escravocrata. Nem mesmo as crianças eram poupadas nessas plantações e eram as primeiras a morrerem devido a vários fatores.

Então me perguntei se ainda hoje não sofrem ainda esses negros, com a perseguição religiosa, com discriminação de sua fé por nosso país. Mesmo depois de séculos de suas mortes, ainda podem ver seus descendentes sofrerem com a intolerância da fé que aqui deixaram como seu maior legado para nós. Inclusive, essa intolerância se dá muitas vezes por negros que não comungam da mesma fé de seus antepassados, e culminam por serem tão cruéis como os famosos traficantes de pessoas.

Esses negros nem mesmo tiveram sepultura, pois, conforme a orientação da Igreja Católica, “negro não possuía alma”, logo não era mais que animal, e isso a história nos relata de forma explícita. Mas, mesmo sem terem ao menos direito a um enterro digno, onde seus nomes pudessem ser revistos em alguma sepultura pelas gerações vindouras, não desistiram de buscar em seus antepassados, os Orixás, a fé para seguirem em frente.

Observando as fontes de história da humanidade, podemos ver que nossos Orixás estiveram desde sempre junto a seu povo, amparando-os em seus momentos de fraquezas, alimentando dentro de seus corações a chance de no futuro poderem desfrutar de um paraíso junto a Olorúm.

Se antes se faziam presentes para acalmarem seus corações e almas na fé, devido à escravidão, hoje se fazem presentes clamando pelo direito de verem o culto de nossos ancestrais ser respeitado nessa nação que escolheram para ser a guardiã de seus mistérios.

Hoje nos acalentam diante da perseguição religiosa da qual somos vítimas diárias e intolerância que faz com que pessoas que se dizem cristãs, invadam templos, depredando, quebrando, tratando com vilipêndio a nossa fé e nossa crença.

E se observarmos sem máscaras, veremos que essas pessoas agem da mesma forma que esses mercenários que traficavam seres humanos.

Obviamente que hoje não traficam pessoas, mas pregam, disseminam a intolerância religiosa, mostram que somos dignos de sermos apedrejados em nossa fé, e que não devem ter complacência alguma para conosco.
São covardes seus sacerdotes, da mesma forma que era a Igreja que fomentava o holocausto dos negros. São tão covardes que se escondem atrás da Bíblia e degeneram nossos nomes, tratam com total menoscabo nossas credenciais, culminam por inventarem que somos adeptos de satanás. Mas, não seriam eles, os próprios representantes de belial entre nós? Afinal segundo suas crenças, esse anjo das trevas vive de disseminar o ódio, a vingança e tantos outros males com e contra a humanidade.

Nós não damos crédito algum a esse ser, tão somente por enxergarmos a figura de Deus como o único onipotente, aquele que reina desde antes do inicio do mundo e que assim permanecerá.

Não nos escondemos atrás de uma fé, para sairmos a difamar quem quer que seja, tão somente por não compactuarem de nossa fé. Ao contrário, agimos muitas vezes como o carneiro que se entrega a seu algoz, pois sabemos que acima de tudo está a vontade e a sabedoria soberana de nosso Pai Celestial.

Então, se hoje não somos vendidos, mas por outro lado, somos entregues ao carrasco que se incube de tentar nos destruir com falsas afirmações e com todo tipo de calúnia possível.

Porém, não entreguemos jamais a vitória a nossos inimigos, sejamos perseverantes, pois a vitória nos será sempre concedida pelo céu, o mesmo céu que cobre a todos sem distinção de cor, raça ou credo.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

odemutaloia@ig.com.br

odemutaloia@hotmail.com

quarta-feira, agosto 19, 2009

O QUE É SER UM SACERDOTE

Muitas pessoas confundem o sacerdócio com atitudes que em nada compactuam com a referida prática. São orgulhosos, autoritários, soberbos e tantas outras. Mas, a função de sacerdote requer algo muito maior: humildade, serenidade, perdão incondicional, amor, companheirismo e sobre tudo, obediência a todos os orixás.

Ser um sacerdote é servir aos Orixás, seres que foram criados por Deus nosso Pai Celestial, a fm de governarem a natureza, não importando se esses Orixás são nossos, de nossos filhos ou consulentes. Isso aprendi com a sacerdotisa que me iniciou, Mametú Yndembelouí, a qual sempre que tinha uma oportunidade pregava para todos os seus filhos, o quão importante é, a prática do amor e do perdão acima de tudo.

Nunca em minha vida com ela, foram 15 anos, a vi desejando o mal para quem quer que seja, por maior que fosse a agressão por ela sofrida. Ao contrário, nos ensinava que sem perdoarmos jamais poderíamos ser perdoados por Deus e por nossos Orixás.

Entristece-me vê que hoje em dia, a arrogância, a prepotência, a maldade, a soberba, ocupam lugares onde deveria somente existir a fraternidade de forma universal.

Sermos sacerdotes é como sermos reis: um rei serve muito mais do que é servido, pois que vive em função de seu povo, providenciando desde a justiça, a todas as condições para que sejam felizes.

Um sacerdote também tem que aprender a servir antes de ser servido, precisa aprender amar, mais do que ser amado. Praticar a humildade contra a arrogância e o amor contra o ódio. Devemos nos privar de muitas coisas em nossas vidas, em prol daqueles que necessitam de nosso apoio e de nossos préstimos sacerdotais. Temos que entender por fim, que: o poder está somente em Deus e seus Ministros, nossos Orixás, e que nós somos apenas suas ferramentas nesse mundo.

Um verdadeiro sacerdote conhece bem a prática do amor acima de tudo, amor universal, que temos que ter por todos os seres vivos nesse planeta. Isso sim é ser um sacerdote a serviço de Deus e de nossos Orixás.


Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com

segunda-feira, agosto 17, 2009

OXAGUIÃ O COMEDOR DE INHAMES

Esse Oxalá se apresenta novo, guerreiro, destemido e aguerrido. Segundo as lendas seria filho de Oxalufã. Na África, seu principal templo fica em Ejigbo mesmo estado da radiosa yabá Oxum. Lá, Oxaguiã ostenta o título de Eléèjigbó, ou seja, O Rei de Ejigbo.

Muitas são as suas lendas no Axé Orixá, uma delas nos dá conta de que ele teria nascido em Ifé bem antes de seu pai se tornar o rei de Ifan. Orixá valente e guerreiro desejou em determinada idade, também conquistar um reino. Assim, acompanhado de seu amigo Awolediê, partiu em busca de seu sonho.

Nesse tempo Oxaguiã não atendia por esse nome.

Chegando a um reino chamado Ejigbo, destronou o rei tornando-se assim o seu sonho em realidade. E foi aclamado Elejigbô. Tinha Oxaguiã uma paixão por uma determinada comida: o Yan amassado. Ou seja: inhame amassado.

Contam as lendas que ele comia apenas essa comida, não importando que horas fosse, bastava sentir seu estômago vazio e imediatamente determinava que lhe fosse servida essa comida. Mesmo que fosse de manhã, de tarde, de noite ou de madrugada. Nenhuma outra comida o apetecia e somente aceitava o Yan.

Tamanha era sua adoração por essa comida, que ele chegou, segundo as lendas, a inventar o pilão, para que fosse preparada sua comida. Essa sua preferência fez com que os demais Orixás passassem a chamá-lo de OXAGUIÃ, ou seja: “Orixá comedor de inhame pilado”, e com esse nome é conhecido até os dias de hoje.

Seu amigo de jornada, Awolediê, era babalawô, e sempre o aconselhava no que devia ou não realizar e Oxaguiã nada fazia sem antes consultar seu amigo. Certa feita, Awolediê, lhe determinou algumas oferendas a serem feitas e garantiu que depois dessas, seu reino que era então tão somente um vilarejo na mata se transformaria em cidade grande e de muito poder. E assim, Oxaguiã o fez.

Após essa orientação, o babalawô viajou e suas previsões tornaram-se reais. A cidade crescera espantosamente, muitos habitantes haviam e essa cidade era cercada por altos muros e por fossos muito fundos, além disso, guardas armados, vigiavam todas as vias de acesso a cidade.

Em frente ao palácio de Oxaguiã existia um magnífico mercado que atraía gente de todos os lados do mundo. E o rei vivia com muita ostentação junto de suas mulheres e de todos que o amavam.

Havia uma proibição: que seu nome Oxaguiã fosse pronunciado por ser desrespeitoso devido a sua posição. A palavra usada para se referir a ele era, KABIYESI, que significa “Sua majestade”.

Após muitos anos, Awolediê retorna de sua viajem, mas, para sua infelicidade ele não sabia que o nome Oxaguiã era tabu naquelas terras. E assim, ele ao se aproximar de um dos guardas, pediu sem maiores formalidades, que lhe dessem notícias de seu grande amigo, o comedor de inhame pilado. Espantados com aquilo que chamaram de insolência, os guardas caíram sobre ele de pauladas, chutes, socos, e o jogaram em uma prisão, dizendo ser um ultraje se referir assim a Kabiyesi.

E assim quase morto com o tratamento recebido e com a alma morta pelo ultraje Awolediê dentro da prisão resolveu que iria se vingar de seu amigo, usando a magia que tão bem conhecia; e durante sete anos a chuva não caiu naquelas terras, as mulheres não mais engravidavam, e os cavalos do rei emagreciam cada vez mais pela falta do pasto.

Assim Elejigbô tomado pelo desespero foi em busca de um outro babalawô para que esse pudesse intermediar e assim resolver a situação; então o babalawô disse: “Kabiyesi, todo esse infortúnio se da pela prisão injusta de um de meus confrades! É preciso soltá-lo e implorar seu perdão Kabiyesi!”

E assim foi feito. Porém Awolediê estava tomado de ódio e mágoa e resolveu se esconder dentro da mata. Então o rei teve que deixar de lado sua imponência e ir até lá para lhe suplicar que o perdoasse e a seu povo. Por fim ele resolveu perdoar e permitir que a chuva voltasse a cair em sua terra e que todos os males fossem embora, mas, tinha ainda uma condição: “Oxaguiã, disse ele, todo ano em sua festa você deverá enviar muitos de seus súditos na mata e eles deverão cortar trezentos feixes de varetas. Depois deverão divididos em dois campos, surrarem-se até que as varetas gastem-se ou se quebrem”.

E até os dias de hoje,depois do fim da seca, os moradores de dois bairros de Ejigbo surram-se por um dia na esperança de que a chuva volte a cair, garantindo assim o alimento e a prosperidade.

Na Bahia nas cerimônias de Oxaguiã as pessoas das roças de santo dão surras simbólicas umas nas outras com varetas de café, os atorís, e depois cada um recebe uma porção de inhame amassado.


Sérgio Silveira. Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

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quinta-feira, agosto 13, 2009

MARIA PADILHA

Temos nessa entidade, uma grande e inigualável amiga, sempre disposta a nos ajudar em nossa vida, e em nossa jornada nessa terra. Pombo gira antiga, muitas são as suas histórias e seus relatos de vida terrena, e esses se modificam conforme a qualidade que a mesma se apresenta.

Em alguns médiuns ela se apresenta como Padilha das almas, das estradas, da calunga, das sete encruzilhadas, da praia e tantas outras. Mas, o que importa mesmo é sabermos como cuidar dessa entidade amá-la e respeitá-la. Dando presentes, mesmo que simples, mas que mostrem a ela que não a esquecemos.

Segundo alguns, teria sido ela, mulher da vida que deixou esse mundo com determinada idade e já exaurida das batalhas diárias, aprendeu muito sobre a magia e com ela pode ajudar a muitas pessoas e a si mesma. Já para outros, Padilha teria sido uma mulher muito rica, dona de cabaré que teria vivido em alguma região do Brasil. Mas a verdade mesmo, somente ela carrega e não mostra a quem quer que seja.

Temos nessa entidade, um misto do bem e do mal, uma mulher altamente capaz de levar a diante qualquer intuito que tenha. Jamais ataca a quem quer que seja, sem um motivo muito justo, e costuma cuidar de seus médiuns, como se fossem filhos saídos de suas entranhas. Ao contrário do que pregam algumas pessoas, ela não suporta a traição e a mentira, e quando vê que alguém está usando de artifícios para tirar proveito de uma determinada situação ruim, ela se enfurece e pune a pessoa.

Mulher de Tranca Ruas, Rainha nas encruzilhadas ou onde quer que esteja. Para cada elemento da natureza, encontraremos uma Padilha e ela sempre estará disposta a nos ajudar em nossas dificuldades.

Dentro dos Templos de Umbanda nada se faz sem darmos satisfação a Maria Padilha, pois é a Rainha de todas as Pombas Giras. Até mesmo em algumas casas de Candomblé encontramos seus assentamentos, seja como mensageira de determinado Orixá, seja como guardiã da casa ou de algum filho de santo ou consulente.

Sempre que se manifesta em giras normais, a mesma se transforma em uma festa, e quando manifestada em alguma festividade de exú, culmina por atrair todas as atenções, pois sabe ainda nos dias de hoje, como receber e agradar seus convidados.

Bata que saibamos lidar com ela e teremos aí uma amiga para todos os momentos de nossas vidas, pronta a nos defender de todas as formas, e mesmo que tenha que lutar contra tudo e contra todos, sempre guerreará para nos defender e para atender nossos pedidos.

Como exú mulher, aprecia a farofa de exú, acarajés, mas também aprecia um Martini, uma champanhe de qualidade, um anis e várias outras bebidas mais femininas. Gosta de fumar seu cigarro, e ao soltar sua fumaça, sempre busca através dessa, a purificação do ambiente e nossa também.

Maria Padilha é protetora, amiga fiel e uma exímia guerreira. Guardiã devotada sempre está em pé, pronta a lutar por aqueles que ama.

“Arreda homem que aí vem mulher, ela é Maria Padilha, rainha de cabaré. Tranca Ruas vem na frente pra dizer quem ela é, ela é uma velha feiticeira, rainha de cabaré”.

SALVE MARIA PADILHA!

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

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terça-feira, agosto 11, 2009

IMPLOREMOS AOS ORIXAS E AOS NOSSOS GUIAS, PELA PAZ.

Cada dia ao assistirmos à televisão, mais nos assustamos com a onda de violência que toma conta da nação brasileira. Mais recentemente pudemos ver em um programa nacional, a denúncia contra um rapaz acusado de espancar e incendiar sua ex-namorada, grávida de 07 meses. Em outra oportunidade vimos um avô que abusa de suas netas de seis e oito anos de idade. Pudemos chorar com a tristeza da médica pediatra que foi brutalmente assassinada em Salvador, Bahia.

Com tanta violência nos perguntamos onde vamos parar. Obviamente que com o crescente número de pessoas no mundo, as dificuldades também aumentam e aqueles que não possuem uma mente sã, uma fé viva em Olorúm, Deus, e em seus Ministros, culminam por praticarem atos que nunca poderão serem comparados nem com o de animais, muito menos com de seres humanos.

Porém, no meio de tanta guerra, de tanto derramamento de sangue, uma chance de revertermos à situação se apresenta: A ORÇÃO! Sim! Com a oração fervorosa a Deus, aos Orixás e aos nossos Guias Protetores, podemos reverter isso tudo.

Conclamo, pois, a todos os Umbandistas e Candomblecistas, que tirem uns minutos de seu dia, e façam orações para que a humanidade reconheça Deus e suas leis, e, assim sendo, dêem fim a tantas atrocidades.

Se você que lê essa humilde página, possui amigos sinceros, combinem ente si um horário e neste, recolham-se em suas casas e, no mesmo horário, elevem seus corações a Deus e aos Orixás e Guias protetores e façam orações firmes, fervorosas e implore pela rendição do mal que assola nosso Planeta, destruindo lares, famílias, amigos e outros.

Se cada um de nós, conseguir ficar ao menos cinco minutos diário, em uma comunhão de pensamentos positivos, haveremos de mudar essa triste e calamitosa realidade.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi. Odé Mutaloiá.

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segunda-feira, agosto 10, 2009

A MAGIA E A FORÇA DA SEGUNDA FEIRA

Eis um dia, que todos os que se dedicam à prática da Umbanda e do Candomblé não devem perder a energia que emana. Todos os dias da semana teem sua magia, mas, o que faz a segunda tão especial, é justamente por ser o primeiro dia útil de nosso calendário, assim sendo, esse dia se transforma em dia de abertura literalmente falando.

Devemos aproveitar esse dia e dar oferendas a Obaluayê, às almas, egum e exú, dependendo do credo e da ramificação de cada um.

Se dentro da Umbanda, deve-se aproveitar esse dia e cuidar das almas, seja no primeiro horário do dia ou mesmo ás dezoito horas. Para tanto basta ofertarmos a elas um copo com café amargo, uma vela acesa e um Pai Nosso e uma Ave Maria e com certeza elas nos ajudarão.

Para os que seguem os rituais de Candomblé, é importante alimentarmos Obaluayê e Exú para que os mesmos se dignem a ouvir nossos pedidos.

Para exú, uma boa oferenda é despacharmos um padê de dendê ou de água com nossos pedidos, e para Obaluayê, um alguidá com doburú e coco cortado em fatias com uma quartinha com água e uma vela branca acesa.

Caso não se tenha esse Orixá assentado pode-se fazer da mesma forma, bastando que seja iniciado nos preceitos do Candomblé, e saiba as rezas de invocação do Orixá.

Existem ainda aqueles que gostam de presentear egum, e nesse dia, a oferenda pode ser com um mingau, uma vela e um pouco de café amargo ou mesmo de marafo.

O importante é que essas entidades sejam lembradas na passagem da segunda feira, pois é seu dia e assim sendo, sua energia emana no planeta com mais força.

Ao firmarmos essas oferendas é bom que as mesmas sejam sempre refeitas, seja durante sete segundas feiras seguidas, a primeira ou a ultima do mês, dependendo do problema da pessoa e da rapidez que se precisa de uma resposta.

Em alguns casos, é bom se consultar Ifá para que ele nos diga qual obrigação deve ser arriada e durante quanto tempo. Temos que nos lembrar sempre de que estamos lidando seja com energia que governa a natureza, no caso dos orixás, ou mesmo com alma de pessoas que já se desencarnaram, no caso das almas e de egum, e assim sendo, existem precauções que não podem ser esquecidas de forma alguma.

Agindo em conformidade com as orientações de Ifá, tem-se boas chances de se resolver os problemas com maior rapidez, dependendo é claro, da variação do problema, pois para cada pessoa o tempo varia, assim como as obrigações.

Assim sendo, se você não é devidamente preparado, peça a um zelador ou zeladora que abra um jogo de búzios e veja quais obrigações você deve arriar e durante quanto tempo, e peça as devidas orientações. Não saia por aí tentando fazer algo que não esteja preparado para fazer.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com


sábado, agosto 08, 2009

O QUE É SER UM SACERDOTE?

Algumas pessoas teimam em se afirmarem como sendo sacerdotes de Orixá, mas, muito poucos são os que realmente praticam esse dom. Para sermos um verdadeiro sacerdote, temos que, antes de tudo, estarmos prontos para abrirmos mão de muitas coisas que desejamos e que queremos, e muitas vezes, até mesmo nosso convívio familiar é atingido, pois que somos chamados para atuarmos em situações várias e que até mesmo nos levam a ficar tempos e tempos fora de nossa casa e das pessoas que amamos.

Sermos sacerdotes é estarmos prontos a perdoar nossos maiores inimigos e até mesmo nossos algozes. É pregarmos a paz onde somente existe guerra, é semearmos amor onde a inimizade reina. Atitudes diferentes dessas, não nos fazem sacerdotes, mas sim, falsos profetas dentro dos mistérios dos Orixás.

Muitas vezes vemos sacerdotes que incentivam a desunião entre um casal ou mesmo entre duas pessoas amigas, e essa prática em nada condiz com as leis de nossos antepassados.

Também faz parte do sacerdócio a pregação do amor universal, aquele que não distingue cor, raça, sexo e nem credo religioso. Ao pregarmos o amor, estamos realizando um bem muito maior do podemos imaginar, pois estamos contribuindo para que as forças do mal sejam aniquiladas em varias situações e dentro das residências.

Temos que amar nossos filhos de santo, da mesma forma que amamos nossos filhos carnais, termos para com eles, um senso de responsabilidade em todos os momentos de suas vidas e não somente quando nos pagam para realizarmos alguma obrigação para eles. Aliás, devemos estender esse amor para nossos clientes, uma vez que também sentem, na maioria das vezes, a falta de um amor puro e saudável em suas vidas.

Sermos um bom sacerdote é agirmos com caráter, honradez e sempre primarmos pela verdade como fonte única para tudo e para todos.

Agindo dessas formas, estaremos agradando nossos Orixás, nossos antepassados e com certeza, a Deus nosso pai misericordioso.

Sérgio Silveira. Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.

odemutaloia@ig.com.br

odemutaloia@hotmail.com

segunda-feira, agosto 03, 2009

OXALUFÃ

Orixá do panteão africano mais cultuado em todas as nações de Candomblé existente no Brasil, juntamente com Oxaguiã.

Oxalufã é segundo as lendas africanas, o Orixá mais velho que existe, tem o corpo curvado pelos anos e possui passos inseguros, o que faz com que ande com certa hesitação, mas nem por isso deixa de ser mais respeitado de todos os Orixás.

Devido a seus passos cambaleantes, ele anda apoiado em uma espécie de cajado, chamado de Opá Xorô, encimado por um pássaro, que para muitos seria a pomba branca, e adornado com várias ferramentas que pertencem a seus filhos, os demais Orixás. É considerado o Orixá da paz, da sabedoria, aquela sabedoria que somente os anos podem nos trazer, em suas obrigações a calma se faz imprescindível, assim como em tudo que diz respeito a ele.

Gosta preferencialmente da cor branca e seus filhos não usam tons vermelho, preto, roxo ou de outras cores mais escuras. Em sua homenagem, as pessoas do santo, costumam usar branco toda sexta feira, pois esse é seu dia. Seu bicho preferido é o Igbín, espécie de caramujo africano por ele muito apreciado, juntamente com a canjica branca ou ebô.


Nas casas mais antigas de Candomblé, costumavam-se todas as sextas feiras, realizar a cerimônia de lavagem de seu peji, ocasião em que seu assentamento é retirado de madrugada com muito silêncio e lavado e depois se oferece a ele o ebô, velas e rezas, pedindo sua misericórdia para o mundo.

Seu arquétipo na África é de um senhor muito velho e muito sábio e seu principal templo fica na cidade de Efon, próximo a Oxogbô. Em sua cidade de origem, a tranquilidade se faz presente, conforme nos relata Pierre Verger, e seu culto ainda é por lá difundido.

No Brasil seu culto é muito difundido, e na Nação Angola, todos os Orixás quando são feitos, comem juntamente com Oxalufã, pois é ele o pai supremo de todas as cabeças, uma vez que está ligado diretamente a criação do mundo e de todos os seres humanos.

Em outra lenda, teria sido esposo de Yemanjá com quem teve 16 filhos, os nossos 16 Orixás cultuados em nossa nação.

Não importando qual é a bandeira de uma nação de candomblé, todos, reverenciam Oxalufã e o amam, por sua sabedoria e por sua capacidade de nos acalmar em nossos momentos mais difíceis.

Sempre que nos reportarmos a esse Orixá, devemos fazê-lo prostrados no chão, pois estamos nos direcionando ao pai maior, àquele que todos os Orixás veem em socorro quando chamados, a quem todos os Orixás devem respeito e satisfação de seus atos, bem como dos atos de seus filhos.
Infelizmente na África, algumas regiões já não mais o cultuam em seu dia próprio, mas encontra aqui em terras brasileiras, o amor, carinho e dedicação por parte de todas as pessoas iniciadas, não importando de que santo sejam.

Em seu dia, não se pratica sexo, não se come carne vermelha, não se bebe, nem se usa roupas escuras, para o mais velhos, os mais novos se trajam de banco em respeito ao Senhor da Criação, ao Pai maior.

Nenhum Orixá pode realizar nada se não for com sua permissão. Mesmo assim, Oxalufã está sempre disposto a perdoar e a amar seus filhos, mesmo sendo o Orixá que mais nos cobra por nossos erros. É sincretizado com Senhor do Bonfim na Bahia e com Jesus Cristo nas demais regiões brasileiras.

Sérgio Silveira. Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com