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sexta-feira, agosto 27, 2010

EXISTEM SIM, AQUELES QUE NÃO PRECISAM SER RASPADOS.

Em postagem anterior, falamos sobre a importância da feitura e o porquê de uma pessoa ser raspada para que possa ser iniciada nos preceitos dos Orixás. Tenho recebido alguns e mails de pessoas questionando se são lendas as afirmações de que existem algumas pessoas que não precisam ser raspadas.

Sim, essas pessoas existem sim, mas são raras. São pessoas chamadas de Abikú, ou seja: já vêm prontas antes mesmo de seu nascimento. A essas pessoas é dado todo o preceito do Santo, mas seu cabelo não é retirado.

São feitos outros tipos de fundamentos, que somente zeladores preparados podem realizar, pois senão forem feitos de forma correta, podem acontecer coisas terríveis com a pessoa e essas não terem mais retorno.

Os abikús são pessoas sensíveis com uma mediunidade aguçada e avançada e precisam de auxilio especial, pois muitas vezes são incompreendidos, pois têm uma percepção que vai além do alcance de seu aprendizado.

Porém, seu processo de iniciação é diferente dos demais, justamente por ser ele, uma pessoa que dispensa a iniciação comum. Claro que ele passa por obrigações, mas, ao contrário do iniciante comum, não cumpre os sete anos de yawô, pois já nasce com sete anos.

Seu ibá já posto no alto, mas, repito somente pessoas que realmente estejam preparadas para isso podem realizar seus fundamentos, pois existe até mesmo o risco de desencarne para ambos os lados.

Abikú já nasce feito, mas isso não o isenta de obrigações e é justamente aí que o zelador tem que estar muito ciente para não fazer coisa errada, pois como muita coisa dentro do santo, pode ter consequências gravíssimas depois.

Um processo de iniciação é por demais complexo, ainda mais se tratando de um abikú, pois esse tem outros tipos de fundamentos a serem feitos em sua cabeça. Da mesma forma, como existem determinados santos que não são raspados, e outros que não trazem mãos nas dores.

Assim sendo, não se trata somente de uma lenda, existem sim, pessoas que não precisam ser raspadas.

Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá





domingo, agosto 15, 2010

TEMOS QUE TER REPRESENTANTES NA POLÍTICA

Mais um ano de eleições chegou e ao que me consta faltam candidatos que sejam adeptos do Candomblé ou da Umbanda. Isso é um erro.

Todas as eleições acontecem às mesmas coisas: candidatos que nunca tiveram compromisso com nossa religião usam o pleito para buscar apoio de membros das religiões afro-brasileiras, para se elegerem.

Nesse período prometem “mundos fundos”, se dizem contrários à intolerância religiosa, contra a discriminação seja ela qual for, pedem nosso voto e prometem que em sua gestão não encontraremos obstáculos para praticar nossa fé. Alguns mais abusados, mesmo sendo evangélicos, se dizem até mesmo a favor da liberdade religiosa. Porém, depois de eleitos, nos abandonam nos perseguem de todas as formas.

E isso acontece por quê?

Porque não temos candidatos de nossa religião. Eu mesmo já vi uma pessoa feita de santo filho de uma das maiores babás de Umbanda do Espírito Santo, visitar templo por templo, pedindo apoio das pessoas para sua candidatura e teve uma péssima votação.

Pergunto-me até quando iremos votar em pessoas que nada teem com nossa fé! Busco noite e dia respostas que sei, nunca virão e por quê?

Porque sempre votamos errado! Não buscamos promover reuniões e quando são promovidas, muito poucos aparecem, para que possamos ter um candidato nosso.

Não quero crer que seja por vergonha de nosso povo! Não quero acreditar que nossa gente, ainda continua vendendo seu voto e dando assim poderes a quem nunca fará algo por nossa religião!

Se não temos um candidato de nossa fé, façamos então reuniões com os que existem, e peçamos um documento registrado em cartório, no qual, ele se comprometa a combater a discriminação e a intolerância religiosa e ainda mais: façamos com que nesse documento existam parágrafos dizendo que aquele candidato irá apoiar as causas de nossa religião, como por exemplo:

• Novos templos sejam construídos com a ajuda das prefeituras e até mesmo dos governos estaduais.

• Que fará aquele candidato fazer valer a lei que isenta os terreiros de impostos, assim como as demais religiões são isentas.

• Que terá ele, compromisso com a questão religiosa sem que para isso tenhamos que oferecer suborno.

• Que promoverá a reforma de monumentos das religiões afro-brasileiras que existem em todo o país.

• Que buscará dentro das leis, coibir a forma pejorativa como somos tratados por igrejas como a universal etc.

Somente quando tomarmos consciência de nossa importância, poderemos obter o respeito desses que são SUSTENTADOS com o dinheiro público e que nada fazem para coibir os abusos que sofremos em nosso dia a dia.

Busquemos apoio de pessoas sérias, conscientizemos os zeladores e seus filhos para que possamos fazer valer nossos direitos que estão na Constituição Federal, pois da forma que andam as coisas, não me surpreenderá se daqui a algum tempo, estiverem queimando nosso povo em fogueiras como fez a Igreja Católica.

Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.

sábado, agosto 14, 2010

ORIXÁ EXISTE PARA TODOS, MAS, NEM TODOS EXISTEM PARA O ORIXÁ


Durante minha trajetória dentro do Candomblé, encontrei as mais diversas pessoas, e, todas professavam fé nos Orixás. Mas posso garantir que muito poucas encontrei que realmente tivesse a tal fé professada.

Ocorre que, antigamente, uma pessoa fazia santo, para ser esposa ou esposo de Orixá. Tinha em mente que seu Orixá era nada mais nada menos, que uma religião e como tal, intercederia sim em sua vida, mas suas provações não deixariam de existir.

Não se fazia Santo com o intuito de enriquecer, de se tornar celebridade. Apenas se fazia Santo para se cumprir uma exigência daquele ser Divino, que cobrava a iniciação. Eram as pessoas; felizes com seu Orixá, não importando os problemas que tivessem em suas vidas, pois sabiam que vivemos em um mundo onde a maldade e a desigualdade imperam.

Não havia o tipo de pergunta: “onde está o santo?” “Foi para isso que dei comida ao Santo?”.

As pessoas eram felizes pelo simples fato de estarem comungando com sua fé, sabendo que dias melhores estavam por vir.

Hoje, coitado do Santo que não der um carro zero a seu filho, uma mansão para determinado cliente e assim por diante. Trocaram a fé pelo conforto material, o amor pelas divindades foi trocado pelo luxo e pela avareza.

Não sou muito velho no santo, fui iniciado em 1983 e muito aprendi no quesito de amor ao santo acima de tudo nessa Terra. Vi muitas pessoas realmente velhas no santo, professarem seu amor, sua dedicação aos seres que governam a natureza. Tive o privilegio de conviver com pessoas que não mais estão nesse mundo, mas, que deixaram sua marca de amor e submissão ao Orixá e às vontades de Deus.

O que vejo hoje, muito me entristece, pois vejo pessoas que se dizem com fé, blasfemarem aos quatro cantos do mundo contra os Orixás, quando algo não sai do jeito que desejam.

Já encontrei até mesmo pessoas que nunca tomaram sequer água de obi, mas por terem santo de alguém de sua família em casa, que ao passarem certas dificuldades, perguntou aos Santos:

“O que vocês estão fazendo aqui?”

Quanta pobreza de espírito! Quanta maldade no coração dessa pessoa! Pergunto-me: por que a sua religião, a qual frequentou tanto tempo, não deu moral em seu espírito nem a livrou de tanto sofrimento?

Simples, porque era somente sua religião e nada mais, além disso.

O fato de termos um Orixá, não significa que não mais iremos ter problemas em nossas vidas!

Ao contrario: sabe-se que toda pessoa que tem muita fé, sofre ainda mais que os demais, pois é testada a cada dia pelas forças negativas. Encontro sempre em meus caminhos, pessoas que professam outra religião, mas que sofrem muito e nem por isso culpam Deus por seu sofrimento.

Eu mesmo já passei por muitas coisas ruins nessa vida, de chegar ao ponto de ser roubado por um filho de santo, mas nem por isso culpei santo algum, nem mesmo o dele, pois penso que as coisas do mundo, tratamos no mundo.

Mas, as pessoas do Candomblé não podem passar por nada, que logo questionam: “onde está o santo”? Até mesmo pessoas de outras religiões, perguntam a mesma coisa. Quem disse que pelo fato de ser iniciada no Candomblé, uma pessoa deixaria de ter problemas ou de sofrer nesse mundo, sendo ele um planeta de expiações?

Passamos hoje e passaremos sempre por nossas provações, independente da religião que sigamos. Os Orixás existem para nos darem forças para seguir em nossa jornada e não como promessa de uma vida perfeita.

Ao invés de reclamarem do santo, por que não dizem: “ainda bem, porque senão fosse o santo poderia ter acontecido algo muito mais grave comigo”.

Viver para o santo é viver em uma eterna clausura, onde a vida material muito pouco existe para nós. Não cabe dentro do axé Orixá, reclamações, vinganças, lamúrias nem nada parecido.

Dentro do mundo dos Orixás cabe somente o amor e a submissão às vontades de Deus. Não nos é permitido questionarmos os mistérios de Deus nem de seus mensageiros. Se sofremos é tão somente porque estamos em um mundo onde a dor e a tristeza são partes ativas do viver.

Ao que me lembre de Orixá nunca nos prometeu, dia sem chuva, noite sem luar, vida sem tristeza, a única coisa que prometem, são fidelidade, amor e companheirismo por toda a vida!

Assim, se sua vida anda ruim, não se lamente, nem blasfeme contra os Orixás, mas faça algo para modificar seus dias e sua vida!

Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.


terça-feira, agosto 10, 2010

TEMOS QUE APRENDER A LIDAR COM A MORTE

Existe um antigo dito popular que diz que: “tudo na vida passa, tudo se acaba”. Até mesmo a vida finda algum dia. Infelizmente para alguns, a perda de um ente querido, torna-se em dor que o acompanha para sempre. Isso se deve ao fato e não saber lidar com a morte.

A morte nada mais é que uma transformação, da mesma forma que a água se transforma em vapor, e vice versa, somos transformados por essa mensageira do além. Quando morremos na carne, começa a real vida do espírito, ou seja: nosso espírito, livre do invólucro que é seu corpo físico, retorna para a pátria espiritual e vai começar uma nova etapa, só que essa ao contrário da etapa terrena, não possui os vícios e necessidades da carne.

Morremos no corpo, mas, continuamos vivos no espírito, pois esse sim é eterno e puro, muito embora insistamos em contaminá-lo com as vicissitudes do mundo.

A morte como transformação, faz parte de todos os mistérios de Deus, e esse sabe perfeitamente o que cada um de nós, precisa e merece.

Não devemos temer a morte, mas sim, o sofrimento da carne e do espírito, e para isso, precisamos aprender a nos preparar para esse momento certo de cada um de nós. E a melhor forma de nos prepararmos, é vivendo mais o espírito que a carne, ou seja: vivermos sem ganância, sem mentiras, sem intrigas, sem ódio, rancores, mágoas, avareza, desejar coisas ruins para nossos irmãos, além de tantos outros defeitos da carne.

Temos que nos lembrar de que; independente do tipo de vida, do credo, da cor e da raça, somos todos filhos do mesmo Pai, e esse mais dia menos dia, nos chamará de volta para seu Reino, para que possamos dar conta de nossos atos aqui na Terra.

Termos em nossa consciência que, somente Deus tem o poder absoluto, que somente Ele pode por e dispor de tudo nesse mundo, é estar atentos às suas leis e vontades. O ser humano precisa entender que nem mesmo os Orixás, podem proporcionar aquilo que aos olhos da Justiça Divina, não se fez merecedor.

Nem mesmo nossos Orixás podem interpor-se entre a vida e a morte, pois as duas fazem parte do viver. Ao nascermos, damos o primeiro passo em direção ao túmulo, e essa caminhada somente termina no tempo que nos foi designado, pois nada se passa sem que a espiritualidade acompanhe.

Precisamos, pois, fazer-nos merecedores de suas intervenções em nossa jornada, inclusive, na hora de nosso desenlace material.

Nada tem de anormal na morte. Ela faz parte da rotina de vida de tudo que existe nesse planeta. Basta olhar e ver que, mesmo as plantas possuem seu ciclo e um dia perecem para dar lugar à outra de sua espécie.

Quando morremos, na verdade, cedemos lugar para que outros possam nascer e assim darem seguimento à sua jornada nesse mundo. Para cada um que morre, nasce outro em seu lugar e assim, a vida segue, tanto aqui, quanto no mundo espiritual.

Não devemos ter na mente que com a morte se findam as coisas. Se finda a vida terrena, mas como ser infinito que é o espírito continua seguindo em frente sem olhar para trás. Devemos seguir esse exemplo, e continuar sempre, pois a cada passo que damos, é uma folha que viramos uma página a menos no grande livro de Olorúm.

Não devemos nos apegar em valores mundanos, mas sim, “juntarmos tesouros no Reino de Deus” porque somente dessa forma estaremos nos aproximando mais da pureza. Como ser ancestral, nosso espírito caminha sempre por sua estrada e nada desse mundo tem valor para ele. Então, por que temermos a morte?

Ao chegar em casa, após um exaustivo dia de trabalho, o que faz uma pessoa? Toma seu banho e troca de roupa, pois aquela está suja e ele simplesmente a deixa em um canto sem que seu olhar pouse nela.

Da mesma forma age o espírito quando seu corpo morre: ele simplesmente abandona aquela vestimenta terrena que usou e segue em busca de seu caminho, sem o peso da Terra e sem as dificuldades mundanas.

Se choramos por alguém que se vai, é tão somente, porque temos dentro de nós, a ideia de que não mais veremos aquela pessoa. Mas isso está errado. Aquele ser passou a completar a energia do Cosmo e com certeza estará ao nosso lado sim. E mais dia menos dia, estaremos todos juntos de novo.

Então, esqueçamos o medo da morte. Vivamos nossa vida, como se cada dia fosse o último e procuremos nos aperfeiçoar para que sejamos dignos das bênçãos de Olorúm que recai não somente sobre os encarnados, mas também sobre aqueles que já deixaram esse mundo.

Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.




segunda-feira, agosto 09, 2010

A ENTREGA DE DEKÁ

Esta é uma cerimônia na qual, a pessoa recebe seu Deká ou sua Cuia como se diz na nação Angola. É o momento tão esperado pelo filho de santo, como também pelo seu Orixá.

Após sete anos de iniciado e tendo cumprido todas as obrigações: de um ano, de três anos, e a de cinco anos de iniciado, o filho ou filha de santo, se recolhe para o recebimento de seus direitos sacerdotais.

É uma obrigação sem a qual uma pessoa não pode se dizer sacerdote ou sacerdotisa de Orixá, pois nela são entregues a ele, todos os fundamentos pertinentes para que possa exercer o sacerdócio.

Nesse período a pessoa, após passar pelos ebós de praxe, fica recolhida sete dias, e muitos fundamentos lhe são entregues. É o momento em que a pessoa deixa de ser yawô ou noviço. Mas algumas regras têm que ser obedecidas e muitos fatores devem ser analisados com calma pelo zelador que vai entregar os direitos de um determinado filho de santo.

Uma das coisas que devem ser observadas é se aquele Santo traz para seu filho o que chamamos de “balaio de axé”, ou seja: o cardo para ser sacerdote ou sacerdotisa de Orixá. O fato de uma pessoa tomar a obrigação, não significa necessariamente que terá uma casa aberta, que poderá administrar um templo, somente poderá agir assim, se seu santo trouxe para ele o cargo.

Caso seja positivo, ou seja, seu Santo traz essa determinação de Orumilá, essa pessoa terá todo direito de abrir sua casa, de tocar festas, tirar yawô e realizar todos os atos pertinentes ao cargo para o qual terminou de ser consagrado.

Caso a pessoa não tenha o “balaio de axé” ele tomará sua obrigação de sete anos, porém, não será um sumo sacerdote ou sacerdotisa. Será um ebomi que permanecerá na casa de santo, auxiliando seu sacerdote em todos os fundamentos que acontecerem naquela casa. Isso não diminui sua importância dentro do Axé Orixá, de forma alguma. Ao contrário: essa pessoa deverá ser respeitada por todos daquela casa ou de outras, pois seu Santo traz para ele, outros cargos, outras missões, que são da mesma forma, imprescindíveis ao axé.

Se ele tem o “balaio de axé”, deverá receber seus direitos e com eles, em suas mãos, poderá abrir seu templo, observando que a pessoa que entregou os mesmos, é que deverá plantar todos os fundamentos, pois ninguém planta seu próprio axé, temos que ter uma pessoa para realizar os atos, e justamente quem nos entregou nossos direitos é quem deve realizar os mesmos.

Depois de plantados os fundamentos, a casa, erguida com todos os cômodos necessários para abrigar as divindades, será realizada uma festa na qual aquele sacerdote anunciará ao público que aquela pessoa tem seu consentimento para seguir em frente governando o templo, durante toda sua vida.

Deve-se obervar que tudo dentro do Candomblé, obedece a uma rigorosa hierarquia e estas tem que ser respeitadas, pois é o baluarte da religião. E dentro dessa hierarquia toda, existem os cargos que cada Orixá traz muito antes do nascimento carnal daquela pessoa, e esses cargos tem que ser respeitados, pois ninguém é um zelador ou zeladora de santo tão somente porque deseja ser ou por achar bonito. Se não se tem aquele cargo, nem adianta tentar, pois, jamais terá bons êxitos em suas realizações.

Não basta tomar obrigação de sete anos, receber um jogo de búzios e sair se dizendo “pai” ou “mãe” de santo. Precisamos observar as regras e termos consciência de que temos ou não, determinado cargo,

Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.



sexta-feira, agosto 06, 2010

NEM SÓ DE REALIZAR TRABALHOS SE PRATICA O SACERDÓCIO

Muitas são as pessoas que procuram um sacerdote, com vários problemas em sua vida pessoal, financeira, amorosa e outros. Em sua grande maioria os trabalhos são imprescindíveis, pois existe a necessidade de dar-se um rumo na vida da pessoa.

Porém, nem sempre o cliente nos procura para realizar obrigações, ainda mais quando são clientes que já se cuidam há tempos com o mesmo sacerdote.

Existem momentos que a pessoa busca mais, alguém para ouvir seus desabafos, seja por uma incompreensão de seu conjugue, seja por algum dilema com filhos, ou mesmo por estar deprimido com outros problemas.

Nessa hora, é que exercemos o outro lado do sacerdócio: o lado de ouvir e aconselhar. Como sacerdotes, somos um pouco de “psicólogos”, não que tenhamos estudado e com direito de exercer a profissão, mas interagimos como tal sim. Explicamos as coisas da vida e do mundo, orientamos em qual caminho a pessoa deve seguir, e muitas vezes orientamos até mesmo na criação de seus filhos ou apaziguarmos uma briga conjugal.

Se agirmos sempre dessa forma, veremos que aquele cliente se sentirá tão seguro, que nunca mais sentirá vontade de buscar outra casa. Nem sempre a obrigação é fato decisivo. Muitas vezes, um bom conselho, uma orientação ou somente o fato de ouvirmos um desabafo, ajuda e muito àquela pessoa a entender melhor sua vida e seus problemas.

Obviamente que se enxergamos um problema que foge ao nosso alcance e vemos que obrigação não resultará de muito, temos o dever de sugerir que aquela pessoa, busque uma ajuda profissional, pois para isso existem os psicólogos e a medicina tradicional, ou seja: o neurologista e o psiquiatra. Temos apenas que enxergar o momento certo e orientarmos a pessoa a buscar essa ajuda.

Quantas vezes um vivente, busca uma casa, tão somente na intenção de ser ouvido, pois já não suporta mais as agruras que a vida o impõe!

Claro que uma mesa para Oxalá e para Yemanjá, por exemplo, ajuda em muitos aspectos da vida humana, do cotidiano, mas existem momentos que mesmo essas, são dispensáveis, pois o problema é físico e não espiritual.

Saber ouvir é uma dádiva, uma prova de que a pessoa se encontra pronto para o sacerdócio.

Ter sempre uma palavra de consolo, uma opinião construtiva, e ainda a sensatez para agir com a delicadeza que o momento requer, nos faz verdadeiramente sacerdotes no sentido real da palavra.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.


segunda-feira, agosto 02, 2010

DEVEMOS RESPEITAR AS FASES DA LUA

Ao realizarmos qualquer obrigação dentro do Candomblé, devemos obrigatoriamente respeitar as fases lunares, pois as mesmas influenciam tudo no Planeta Terra, sejam as marés, o tempo para plantar, para colher, até mesmo o crescimento de nosso cabelo.

O mesmo ocorre com as energias de nossos Orixás.

Como sabemos, são eles, partes da natureza, governam a mesma em nome de Olorúm, o Supremo criador de tudo. Assim sendo, existem limitações para que nós, seres humanos, possamos buscar suas influências em nossa vida e daqueles que nos procuram.

E a maior limitação está justamente nas fases da lua. Não devemos, por exemplo, fazer nada para Orixá em lua minguante, exceto em determinados momentos e determinadas obrigações, pois corremos o risco de ver as coisas minguarem de forma que dificilmente poderemos desfazer.

Para cada obrigação, existe uma fase propicia da lua, a cheia, para uns casos, a nova para outros, a crescente serve para outras finalidades e mesmo a minguante tem sua serventia, porém a pessoa deve saber como irá realizar determinados trabalhos no quarto minguante.

Nessa lua podemos sim, mexer com algumas coisas, exú, por exemplo, não conhece fase lunar, assim pode-se invocar sua presença para trabalhos os mais variados. Da mesma forma acontece com egum, que não reconhece a lua, e dentro da minguante, podemos invocar egum, sem maiores problemas, pois ele com certeza irá receber a oferenda que a ele se destina e se encarregará de tomar as medidas para que a pessoa alcance a graça que pede.

Obrigação para Orixá é algo demasiado delicado e temos que nos acautelar quando formos arriar qualquer obrigação, e principalmente quando o trabalho requer sacrifício de animais.

Nessa fase de obrigação, é imprescindível que recorramos à lua, para vermos em que fase ela se encontra para que não corramos risco algum, e muito menos aquele consulente que tanto vem sofrendo com seus problemas e dificuldades.

Mesmo, no entanto, que a fase da lua seja outra que não a minguante, temos que observar o tipo de trabalho que fazemos e se naquele momento a lua está propícia para aquele evento. Se a lua estiver cheia, muito se pode fazer, mas nem para tudo ela serve. Dependendo da circunstância, a lua nova ou crescente é de muito mais valia que a cheia e por aí vai.

Ao observarmos a fase da lua, estamos observando o exato momento em que está passando o Planeta e assim, estaremos respeitando a transição pela qual o satélite da terra está, e quais os benefícios que traz consigo.

Povos muito antigos, já respeitavam a lua, pois tinham conhecimento de sua importância, e o mesmo acontecia com sacerdotes muito antigos de nossa religião.

Porém hoje, muitos seja por desconhecimento, o que prova o despreparo para o sacerdócio, seja mesmo por se tratar de pessoa moderna, não leva em consideração o momento pelo qual nosso mundo está passando, devido à fase da lua.

Alguns dizem ser esse fator apenas superstição da parte dos zeladores antigos, mas, como poderiam pessoas que não possuíam nenhum conhecimento de escrita, não sabiam ler, ter tanta sabedoria dentro de si?

Enganados estão os que não respeitam o momento pelo qual a lua está passando e levando nosso planeta com ela, pois se soubermos respeitar esse momento, teremos muito mais a colher em nossas obrigações.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.