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quinta-feira, março 24, 2011

OS MANDAMENTOS DA DOUTRINA YORUBÁ, CONFORME O ODÚ IKÁ.

Muitas pessoas pensam que nossa religião, apenas segue em frente sem um parâmetro, sem uma regra, sem nada que contenha seus sacerdotes. Enganam-se. Outras dizem que apenas é um meio de se ganhar dinheiro fácil, pois seus sacerdotes cobram por seus trabalhos realizados. Se cobram é tão somente para que possam manter seus templos em funcionamento assim como em qualquer igreja.

Nossa fé segue regras sérias e sem as quais ficamos à mercê de espíritos atrasados. O mesmo acontecendo se não seguirmos à risca essas regras que foram ditadas por Olodumarê (Deus) no inicio dos tempos.

Sabemos que para tudo existem leis. Um país, um reino, não vive, não sobrevive sem as leis que o regem, pois elas são para garantirem a igualdade entre todos, independente de sua classe social, de seu credo, cor ou sexo. Também, servem as leis para que protejam seus cidadãos, evitando que sofram nas mãos de pessoas sem escrúpulos que somente, pensam em enganar para enriquecerem ilicitamente.

O mesmo acontece com a fé. Nela existem suas leis, em forma de mandamentos, e essas devem ser cumpridas evitando assim, que mais tarde, sejamos punidos por nossas atitudes erradas. Dentro dos cultos aos Orixás não seria diferente e aqui passamos a apresentar os 16 mandamentos que Olodumarê (Deus) criou, e mandou que os homens vivessem dentro dessas leis:

Contam as lendas, que no inicio dos tempos, assim como hoje, os homens andavam sem um rumo certo pela vida e culminavam por irem pedir conselhos à Ifá. Nossos ancestrais assim procediam, e iam mais longe: buscavam em Ifá a promessa de Olodumarê de que os seres humanos teriam uma vida longa na Terra. Então Ifá mostrou a eles os mandamentos de Olodumarê, os quais eles deveriam seguir para que a promessa fosse comprida:



1) wón ní kí wón ma fi èsúrú pe èsúrú

2) wón ní kí wón ma fi èsúrú pe èsúrú

3) wón ní kí wón ma fi odíde pe òòdè

4) wón ní kí wón ma fi ewé Ìrókò pe ewé Oriro

5) wón ní kí wón ma fi àimòwè bá won dé odò

6) wón ní kí wón ma fi àìlókó bá won ké háin-háin

7) wón ní kí wón ma gba onà èbùrú wo'lé Àkàlà

8) wón ní kí wón ma fi ìkóóde nu ìdí

9) wón ní kí wón ma su sí epo

10) wón ní kí wón ma tò sí àfò

11) wón ní kí wón ma gba òpá l'ówó afójú

12) wón ní kí wón ma gba òpá l'ówó ògbó

13) wón ní kí wón ma gba obìnrin ògbóni

14) wón ní kí wón ma gba obìnrin òré

15) wón ní kí wón ma s'òrò ìmùlè l'éhìn

16) wón ní kí wón ma sàn-án ìbàntè awo

Wón dé'lé ayé tán ohun tí wón ní kí wón má se wón nse

Wón wá bèrè síí kú

Wón fí igbe ta, wón ní Òrúnmìlà npa wón

Òrúnmìlà ní òun kó l'óún npa wón

Òrúnmìlà ní àìpa ìkìlò mó o won ló npa wón

Àgbà re d'owó re.


Tradução para o português

1 - não digam o que não sabem

(èsúrú pode ser tanto uma conta sagrada como um nome de uma pessoa);

2 - não façam ritos que não saibam fazer

(novamente avisa não troquem a conta sagrada pelo nome);

3 - não enganem as pessoas (trocando a pena de papagaio por morcego);

4 - não conduzam as pessoas a uma vida falsa

(mostrando a folha de ìrókò e dizendo que é folha de oriro);

5 - não queiram ser uma coisa que vocês não são

(não queiram nadar se vocês não conhecem o rio);

6 - não sejam orgulhosos e egocêntricos;

7 - não busquem o conselho de Ifá com más intenções ou falsidade

(Àkàlà é um título usado para Òrúnmìlà);

8 - não rompam (não mudem) ou revelem

os ritos sagrados, fazendo mal uso deles;

8 - não sujem os objetos sagrados com as impurezas dos Homens;

busquem nos ritos sagrados somente coisas boas;

10- os templos devem ser lugares puros,

onde a sujeira do caráter humano deve ser lavada;

11- não desrespeitem ou inferiorizem

os que têm maior dificuldade de assimilar conhecimentos ou

deficiências no caráter, ajude-os a mudar;

12- não desrespeitem os mais velhos, a sabedoria está com eles, a vida os fez aprender;

13- não desrespeitem as linhas de condutas morais;

14- nunca traiam a confiança de seu semelhante;

15- nunca revelem segredos que lhe são confiados;

falar pouco e somente o necessário demonstra sabedoria;

16- respeitem os que possuem cargos de responsabilidade maior;

o Babalaô é um Pai, portanto, é devido grande respeito aos Pais.

Porém, nossos ancestrais, da mesma forma que nós, no mundo atual, não cumpriram as determinações de Deus. Olorúm adverte a humanidade através de seus Ministros, os Orixás, mas nem sempre consegue o sucesso desejado.

O homem persiste no erro e mesmo assim, acusa Olorúm, Deus, por sua vida estar ruim e suas coisas não andarem como ele deseja, e também por sua vida não ser tão longa quanto foi prometida. Pois é mais fácil culpar os demais do que assumir nossos erros.

Oras, se não seguimos seus mandamentos, Olorúm, Deus, fica totalmente sem a obrigação de cumprir seu trato com a humanidade, e isso faz com que ele morra velho e renasça de novo, para que, talvez em uma nova vida, uma nova jornada quem sabe ele aprenda e obedeça aos mandamentos, que são as Leis Divinas.

É de suma importância que nós aprendamos os mandamentos de Ifá, pois são de Olorúm e assim ponhamos fim a um eterno ciclo vicioso de dor, angústia e sofrimento. Temos que aprender a nos amar, a nos respeitarmos uns aos outros como irmãos somente, e acima de tudo: seguirmos as Leis de Olodumarê para que, quem sabe um dia, podermos ser um egungun agbá, ou seja: um ancestral ilustre e assim recebermos funções importantes no Orúm, Céu!

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá. Presidente do Conselho Sacerdotal da UNESCAP.


quinta-feira, março 17, 2011

OYÁ OU YANSÃ

Orixá muito cultuada no Brasil tanto no Candomblé como na Umbanda. Muito aclamada em momentos de dor, de medo e até mesmo em momentos de angústia, pois sofreu por amor e se dedicou a seu amado como nunca outra mulher se dedicou ao esposo. Foi casada com Xangô e até hoje, é sua grande e verdadeira paixão.

Seu nome Oyá, se origina de um rio no antigo país de Kêto, hoje a Nigéria, o Rio Oyá, onde seu culto sempre foi realizado. Mas, como tudo se modifica, hoje esse rio se chama Rio Níger. Em sua terra natal, ela é associada às águas, mas, como tudo tem sua dualidade, ela também é associada com o ar, sendo a deidade africana que comanda os ventos.

É comum louvar-se Oyá antes de Xangô, como o vento que precede às tempestades, sendo essa uma das formas da divindade do fogo. Oyá está diretamente ligada ao culto dos mortos, pois segundo as lendas afros, recebeu de Orumilá, Deus, a incumbência de guiar os mesmos até um dos noves céus de acordo com suas atitudes aqui na Terra.

Para que pudesse levar a termo sua função, ela recebeu de um feiticeiro que lá existia cujo nome era Oxossi, um instrumento chamado de Eruexím, e com ele se protegia dos mortos conhecidos como eguns.

Para algumas lendas, o nome Yansã, significa: Yá = Mãe, Sã = Trovão, ou seja: Mãe do trovão, por se tratar da esposa de Xangô o Senhor do trovão. Já outros acreditam que seu nome foi um título que Xangô a concedeu, e que este faz alusão ao entardecer: A Mãe do Céu Rosado ou a Mãe do Entardecer. Ainda hoje nas casas de Candomblé é costume saudar Yansã nos momentos de tempestade pedindo a ela que interceda junto a Xangô pedindo misericórdia evitando assim que sejamos vítimas de sua fúria, e durante o trovão, costumamos colocar nossa mãos para cima e louvar Xangô com a cabeça no chão, pois para os antigos africanos, seria o trovão a voz de Xangô.

No Brasil ela é sincretizada com Santa Bárbara e tem sua festa em 04 de Dezembro no mesmo dia da Santa Católica. Esse sincretismo se dá pelo fato de ser Bárbara, a Santa defensora contra a fúria das tempestades.

Diz-se que nunca se deve maltratar um filho de Yansã, pois terá um inimigo até a morte, pois essa Yabá tomará raiva da pessoa que maltratou seu filho. Ela também é relacionada à justiça e costuma ser invocada em casos onde a mesma seja necessária.

Seu dia é Quarta feira.

Sua cor na Angola é o Vermelho translúcido e no Kêto, o marrom.

Sua comida preferida é o acarajé.

Seu sacrifício é cabra, galinhas, galinha de angola e pombo.

Sua saudação é: Eparrei Oyá. Yá Mensá Orúm.


Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.








terça-feira, março 15, 2011

ASSASSINATOS ENVOLVEM FILHOS DE SANTO E ZELADORES.

Muito me deprime na qualidade de sacerdote e de Presidente do Conselho Religioso da UNESCAP, União Espírita capixaba, ao ver noticias veiculadas nas emissoras de TV sobre crimes de morte envolvendo pessoas do santo. Faz-me sentir tão pequeno que muitas vezes tenho vontade de me trancar em um local onde ninguém mais possa me ver.

Mas sei que esse não é o caminho certo. Se sou um filho de santo um babalorixá não posso me calar diante de tamanha crueldade com nossa religião.

É muito constrangedor vermos esse tipo de notícia, pois sabemos que nada tem a ver com a realidade das casas de Umbanda e Candomblé. Quem conhece as doutrinas sabe que jamais uma pessoa iniciada nesses ritos será capaz de tirar uma vida humana.

O que acontece é que falsos sacerdotes se infiltram em nosso meio e como Anti Cristos pregam uma doutrina que em nada compactua com nossa filosofia de vida.

Acontece que essas pessoas se esquecem de que há um Deus acima de tudo e de todos e que, Ele mais dia menos dia fará sua justiça.

Nunca, em momento algum, nossa religião teve nada a ver com assassinatos, com estelionatários e pedófilos, nem com nada que vá contra as leis que regem nossa Nação. Não podemos mais nos calar diante de tanta barbaridade, pois estão sujando o nome de nossos antepassados e de nossa fé.

Jogam em uma mar de lama, séculos de uma religiosidade que busca somente a ajudar a quem precise. Dento de nossa religião, nem mesmo cabe o sentimento de ira, vingança ou outro que não seja o amor, a paz e o respeito a Deus e aos seres humanos.

Tenho visto constantemente em programas de televisão, pedófilos e até mesmo estelionatários e assassinos, se dizendo pais e mães de santo.

Jamais um verdadeiro sacerdote seja da Umbanda ou do Candomblé, se prestará a esse tipo de atitude, nem mesmo contribuirá para que ladrões saiam impunes de seus crimes.

Para que possam ter uma noção nossos códigos religiosos, nos obrigam a fornecer comida e água mesmo que seja para nosso pior inimigo, pois acreditamos sermos todos, independente de credo, cor raça, opção sexual ou de vida, filhos do mesmo Pai, e este somente quer seus filhos se amando e a ele entregando a justiça para que possa ser feita.

Os verdadeiros sacerdotes possuem uma conduta dentro da moral e da ética, e nunca compactuam com barbaridades como essas. Temos amor por nossos Orixás e Guias Protetores, e eles nos cobram a permanência dentro dessas éticas morais.

Quando virem noticiar que “pai” ou “mãe” de santo está compactuando com coisas ilícitas, saibam que, na verdade, são falsos profetas que somente se preocupam com o enriquecimento material, e que mantém seu espírito afogado em uma mar de podridão sem igual.

Já caminhei por muitos lugares, visitei muitos e muitos templos e nunca soube de um verdadeiro sacerdote que se dedicasse a tamanha brutalidade como o assassinato seja ele de quem que seja.

Primarmos por nossa religião é mantermos nossa honra inatingível, pois somente assim poderemos ser chamados de sacerdotes e filhos de um Orixá.

Se você minha irmã ou meu irmão sabe de algum caso como os relacionados acima, não pense duas vezes: denuncie na delegacia de polícia mais próxima e na federação, pois jamais nossa religião nunca conceberá ou compactuará com atos horripilantes como esses.


Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá. Presidente do Conselho Sacerdotal da UNESCAP.