Não podemos nos declarar filhos
de Orixá, se não agimos com amor e submissão aos mesmos. Algumas pessoas por
mais que se digam filhos de Orixá, costumam agir totalmente fora de seus
mandamentos, e assim culminam por despertarem a ira desses Ministros de Olorúm,
Deus.
Dentro de nossos preceitos somos
ensinados a respeitar o próximo, amar a Deus acima de todas as coisas e aos
nossos Orixás, mais que as coisas e os prazeres do mundo. Porém, muito fácil é
falar, difícil mesmo é agir dentro de suas leis.
Para começar, temos os 16
mandamentos do Odú Iká, e esses nada mais são que os mandamentos de Olorúm,
dentro dos preceitos e da visão Yorúba, de como é o mundo e seu funcionamento.
Não respeitarmos essas leis, é irmos contra as determinações que Olodumarê, tem
para nós, seus filhos.
Somente dentro de suas leis,
podemos encontrar a paz para nosso espírito, o acalanto para a dor e o fim de
nossas lágrimas. Não temos como viver bem, se não for desta forma, pois que;
Olorúm em sua Sabedoria conhece o que é melhor para cada um de nós. E passa
para nossos Orixás, seus Ministros, a determinação que convém para seus filhos
nesta terra.
Ao nos distanciarmos dessas leis,
entramos em choque com o Universo, pois que, este é somente o esplendor das
mesmas. Ao nos depararmos com uma situação triste, é que nos damos conta de
como nossos Orixás, são maravilhosos abaixo de Deus, e aí, nesse momento, nos
lembramos de todas as coisas que nos são ensinadas desde nossos mais remotos
dias na Terra.
Ocorre que, quando pedimos
determinada graça a nosso Orixá, devemos sempre nos reportarmos a Ele com as
palavras: se for da vontade de Deus, pois somente assim estaremos
caminhando para o rumo correto de nossas vidas, e, causando potencialidade em
nossos pedidos.
Algumas vezes, pedimos, pedimos,
mas, não merecemos a graça que desejamos. Isso pode ocorrer devido a falhas
nossas tanto nessa vida, como em outras passadas. Pois, como podemos saber o
que fizemos em outra encarnação? A matéria termina, é mortal, mas, o espírito:
este é imortal.
De nada nos adianta revoltas
contra nosso Orixá, porque passamos por esse ou aquele problema. Devemos sim,
nos curvar perante a decisão de Olorúm, pois que, somente Ele sabe tudo que
precisamos e merecemos.
Analisemos, por exemplo, um filho:
ele pede ao pai, que lhe dê determinado presente, mas, o pai, analisará se ele
merece o que está pedindo, irá verificar com a mãe, se seu filho é digno de tal
presente. O mesmo acontece com o Orixá. Ao presentearmos o mesmo, pedindo
determinada coisa, Ele vai até Olorúm, interceder para que tenhamos o que
precisamos. Porém, Olorúm, irá ver se somos mesmo merecedores de tal.
Nunca, em momento algum, nosso
Orixá poderá nos dar algo sem que Orumilá permita. Se assim o fosse, não
haveria justiça, mas sim, injustiça no Universo, e o caos tomaria conta de
tudo.
Em outros momentos, costuma o ser
humano, se revoltar, pois que, vê que uma pessoa ruim está crescendo muito, e
ele, que somente busca ser bom, está cada vez mais sofrendo. Ocorre que muitas
vezes para nós, somos a personificação do bem. Mas, no julgamento de Olorúm,
não somos assim, porque Ele analisa nossas ações desta vida e de outras. Busca
nos registros de nosso espírito, a essência que possuímos.
Então, como pode nosso Orixá
atender nosso desejo? Ensinam-nos, os espíritos, que quando Deus cria um
espírito, Ele lhe dá uma mente, e esta age como um cartório, registrando tudo
que fazemos durante nossa passagem pela Terra. E, enquanto esse cartório, não
der por quitadas nossas dívidas, não conseguiremos lograr êxito no que
desejamos.
Devemos entender e aceitar de uma
vez por todas que somente a Deus compete o rumo de nossos destinos e que os
Orixás podem sim, nos ajudar, desde que mereçamos a ajuda.
Sermos do Santo é agirmos com
amor e submissão aos Orixás, pois que nós dependemos deles, mas eles não
dependem de nós.
Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi:
Odé Mutaloiá. Presidente do Conselho Religioso da UNESCAP.