Com o crescimento da população mundial
e consequentemente o uso da Internet para pesquisas, tivemos, nós povo do
Santo, ou, iniciados nos preceitos da religião dos africanos, o Candomblé, a
falsa esperança de que o pré-conceito e a discriminação com nossa classe fosse
suplantada. Mas, ao contrário, pois que, essas ferramentas tão promissoras e
que tanto nos auxiliam em diversos trabalhos, tem sido usada com frequência para
aumentar ainda mais a discriminação e perseguição que as pessoas do Candomblé e
mesmo da Umbanda sofrem.
Vemos cada dia mais, nossos nomes
e de nossos Orixás, serem usados como referência ao satanismo, com afirmações
ridículas e escabrosas de que até mesmo praticamos o sacrifício de pessoas e de
crianças. Mas, para os que estudam, existe a prova contrária a isso.
Nós, do Santo, amamos a vida
acima de tudo. Não compartilhamos jamais de rituais que incluam sacrifícios de
pessoas, pois temos a certeza de que, todos, independentemente da cor, raça,
sexo ou credo, somos filho do mesmo Deus que a tudo criou e assim sendo Reina
no Infinito. Como podemos então, admitir tais coisas em nosso meio?
Ocorre que a demonização das religiões,
ditas, “pagãs” veio com o fanatismo ainda, dos primeiros cristãos, que sedentos
de poder, destruíram os cultos de outras civilizações sem ao menos dar-lhes o
direito de apresentarem sua defesa.
Se formos olhar a história, como
ela é, veremos que alguns de seus “profetas” e pastores, tinham muito medo de
que a religião que se implantava desde o Século I, se perdesse e com isso,
manipulando a tudo e todos, partiam para as aldeias e queimavam e destruíam tudo
que encontravam em sua frente.
Não foi somente um povo a ser destruído,
mas vários, e isso a história nos conta e nos prova. Existem aqueles que teimam
em dizer que os evangelhos como conhecemos, foi na verdade manipulado desde o início
com a compilação de Constantino, que segundo historiadores foi quem determinou
esta reunião de textos e suas correções segundo ele mesmo acreditava. Mas isso
é coisa para a ciência e os estudiosos.
O que podemos ter como certeza é
que, foram sim massacrados esses povos e condenados a morrerem de forma brutal,
tudo em nome do fanatismo, que tanto dano causa ainda no mundo de hoje. Temos provas
disso as mais variadas, como o caso do deus Baal, antiga divindade cananeia que
somente era cultuado como sendo o deus da fartura e da virilidade, como nos
mostra o Professor, Pablo Michel Magalhães, em sua página: http://ohistoriante.com.br/baal.htm.
Segundo
esse Professor, “Baal era cultuado pelos povos
semitas ocidentais, que eram politeístas (adoravam várias divindades), e seus
deuses possuíam características muito parecidas. A eles, os semitas davam o
nome de Baal. Juntamente com El, representava a divindade suprema do panteão
cananeu”.
Segundo seu relato, Baal, “era cultuado como sendo
uma divindade relativa à fertilidade, tinha sua imagem associada às chuvas que
renovavam as colheitas. Seu principal rival era Mot, divindade da seca e da
morte. Assim, Baal representava a vida e suas forças ativas, enquanto El tinha
como principais atribuições a sabedoria e a prudência da vida adulta.”
E
o fim de seu culto se deu graças aos cristãos como retrata para nós: “As tribos israelitas, ao chegarem à Canaã (a terra
prometida por Iavé nas tradições hebraicas), passaram a denominar de Baal todos
os deuses locais, sem distinção. No século IX, a princesa Jezabel (fenícia,
casada com Acabe de Israel), pretendeu instituir o culto ao seu deus, Baal, em
detrimento do culto a Iavé, divindade única dos hebreus. Tal atitude fez com
que os israelitas passassem a repudiar Baal, transformando esta divindade em
uma personificação de todos os "falsos deuses".
Além disso, havia a lenda de que cartagineses faziam sacrifícios
de crianças (os primogênitos de cada família) ao deus Baal Hammon, Esses
acontecimentos contribuíram para que os israelitas cultivassem uma imagem
sanguinária desse deus semita.”
Então, prova-se mais uma vez, que somente o fanatismo foi o
culpado por atos totalmente fora dos ditames da boa convivência. Sem contar que
a própria palavra demônio, tem suas contradições: sua origem é da língua grega
e era muito usada por Sócrates: demos
e sim daimon
(“divindade, gênio”). Seu sentido entre os gregos antigos, bem diferente do
atual, era o de espírito que atuava como mensageiro entre deuses e homens. A
acepção de “espírito do mal, diabo” colou-se à palavra latina daemon
na era cristã. (http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/as-palavras-democracia-e-demonio-tem-algo-em-comum/)
Então,
o que temos se não o fanatismo mais uma vez espalhando o terror por onde quer
que passe? Muito preocupa a todos nós, sacerdotes de Orixá, a demonização cada
vez maior de nossa religião e de nossa fé. É de suma importância que todos os
que tiverem algo relacionado a desmistificação desse fator horroroso, publique,
pois que, somente através de ações esclarecedoras ´poderemos retirar de nosso
seio atos tão impregnados de ódio, como a invasão de templos por pessoas de
outros credos.
Somos
constantemente violentados em nosso sagrado direito de praticar nossa fé, o que
aliás é garantido pela Carta Magna de nossa Nação, a Constituição Federal, mas
muito pouco a justiça tem feito para calar a boca daqueles que não perdem tempo
nem medem esforços para nos atacar.
Mesmo
nossos representantes, Deputados, Vereadores e Senadores, muito pouco ou quase
nada têm feito para coibir tais abusos. Cabe a nós, rezar aos nossos Orixás e
Guias para que essa era passe e que possamos ver nossos filhos convivendo
harmoniosamente com outros que não comunguem de nossa fé.
Não
nos enganemos, pois a demonização e a perseguição contra nós, é algo ainda de
maior importância para os cristãos, pois que, julgam-nos o câncer da
humanidade, o tumor que tem que ser extirpado de qualquer forma. E, enquanto ações
severas dentro da Lei não forem tomadas, continuaremos a ver nossos Templos
invadidos e nossos irmãos sujeitos até mesmo a surras por parte dessas pessoas
que são tudo, menos filhos de Deus.