Algumas pessoas pensam que por
sermos do Santo, temos uma vida maravilhosa, sem problemas. Ledo engano! Temos
problemas que muitas vezes são maiores do que os que possuem os que nos vêm
pedir ajuda. Mas, pela fé, seguimos em frente na esperança de dias melhores. Outros
acham que por seremos do Santo e servirmos como sacerdotes e sacerdotisas não temos
uma vida humana, e vivemos em eterna clausura. Outro erro, pois somos tão
humanos como qualquer outro, Divinos são nossos Oriás.
Existem ainda algumas pessoas que
acham que o Orixá não se comove com nossas dores. Mas na verdade se incomodam
sim, e sempre que estamos feliz nosso Orixá é feliz junto de nós, da mesma
forma ocorrendo com a tristeza.
O que precisamos entender de uma
vez por todas, é que somos a complexidade de uma máquina maravilhosa que é o
corpo humano, criação mais sublime de Deus, segundo todas as religiões antigas.
E como seres humanos, somos passiveis de erros e de acertos, de enganos e de
tudo o mais que se diz relação a essa complexa máquina que é o cérebro humano.
Orixá não deseja ver seu filho
sofrendo de forma alguma, pois como deuses que governam a natureza em nome de
Olorúm, querem que todos sejamos felizes. Ouvi quando era yawô, uma frase de
meu padrinho de Santo, que dizia assim: “meu filho, o Orixá quer que seu filho
seja feliz, não interessando para ele se a felicidade é com essa ou aquela pessoa,
com este ou aquele emprego, pois para ele o que vale é seu filho estar feliz”.
Foi uma das maiores verdades que
já ouvi em minha vida, pois pude comprovar a mesma durante minha vida. Em momentos
que estamos tristes, podemos sentir, se observarmos, que nosso Orixá, não responde
com clareza em determinados momentos, pois está sentindo a injustiça que seu
filho sofreu. Sim, pois a injustiça dos outros é nossa maior fonte de
tristeza.
Em minha vida sacerdotal, pude observar
também, que muitas vezes, determinado Santo, não está bem, fui jogar para ver o
que meu filho ou filha estava passando, e enxerguei que seu Santo, estava num
tipo de tristeza e revolta, pois via que seu filho não merecia o que estava passando,
então, prontamente dei início a uma grande conversa com meu yawô e depois fiz
algumas coisas para ele, e pude comprovar que o resultado, foi: depois da
obrigação e de várias conversas, como se fosse um Psicólogo, as coisas mudaram
na vida da pessoa.
Em determinado momento, temos que
agir assim, funcionando como um tipo de Psicólogo, pois temos como sacerdotes,
a obrigação de orientar aqueles que são iniciados em nossa casa, pois nem
sempre o sangue é a solução de todos os problemas. Precisamos ouvir nossos
filhos, dar atenção a seus problemas, afinal, somos pai ou mãe daquela pessoa
dentro das leis de nossa religião, mas, antes de tudo, aquela pessoa e aquele
Santo, são sim, filhos de nosso Orixá, e assim sendo, temos a obrigatoriedade
de agir como pai e mãe carnal sim.
Se observarmos com carinho nossos
filhos, poderemos notar que em determinados momentos, algo não está de acordo
com o que aquela pessoa é. Isso seja na incorporação de um Guia, na manifestação
de seu Orixá, e nesse momento, precisamos chamar a pessoa em um canto, e
sozinhos, deixarmos que ele desabafe, e buscar sim, junto ao Céu, uma solução
para que devolvamos a felicidade ao rosto de nosso filho, afinal, para um pai
verdadeiro, nada é mais gratificante do que o sorriso de um filho.
Nosso Orixá, quando somos
iniciados, aprende que: Ele, pertence ao Orúm, Céu e nós, pertencemos ao Ayê,
Terra e assim sendo, temos nossas dificuldades e nossos problemas como qualquer
outro ser humano. Porém, temos a obrigação de cuidar para que possamos ao menos
minimizar a dor de nossos filhos, pois como disse meu padrinho, “Nosso Orixá
apenas deseja ver nossa felicidade”. Orixá não se intromete, por exemplo, com
quem dormimos, mas nos exige uma vida longe da promiscuidade e de vícios, pois
estes são a ferrugem da alma.
Sejamos então, pais e mães
verdadeiros e não apenas chocadeiras, porque este é um ato que tem levado
muitas pessoas a saírem de nossa religião e buscarem apoio em outras, afinal, a
dor e o sofrimento nos força muitas vezes a tomar atitudes que não desejamos. Temos
a prova disso constantemente e se não ajudarmos para que os que confiaram suas
vidas à nós, sejam felizes, outros com certeza irão oferecer todo apoio e nesse
momento, perdemos todos: nós, o Orixá e nossa religião, porque será mais um a
difamar tudo de mais sagrado que temos.
Lembremos de que: NOSSO ORIXÁ
DESEJA APENAS A NOSSA FELICIDADE.