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terça-feira, junho 14, 2016

Olorúm

Olô – Senhor, Dono, Orúm – Céu, logo Olorúm,  Senhor, Dono do Céu,  esse é um dos nomes de Deus dentro da mitologia africana, é o nome mais conhecido dentro do Candomblé. Em todas as religiões, existem citações de um Ser que a tudo criou, o Universo, a Terra, os animais, sejam o que habitam dentro ou fora das águas, as estrelas, o Sol, e sua criação mais sublime, os homens. Se olharmos as lendas egípcias, encontraremos Rá, o Grande Deus dos deuses, o Sol, que a  tudo criou e a tudo governa. Nas religiões, muçulmanas encontramos Alá, no cristianismo, Deus, Jeová, Yahweh, Adonai, que criou o homem à  sua imagem e semelhança. Então, vemos que sozinhos nada somos nem nesse mundo nem no outro , afinal, somos todos filhos do mesmo Pai Eterno.

Dentro das crenças dos africanos, temos sim, um Deus onipotente que à tudo criou e deu vida, e não somente aos seres que vivem na Terra, mas, aos nossos Orixás, seus Ministros que governam a natureza em seu nome. Nada se faz em nossa religião, sem a permissão de Olorúm, Deus onipotente, afinal somente Ele é quem governa absoluto todo o Universo. 

Algumas pessoas questionam o porque de não citarmos Olorúm diariamente, mas, temos em nossas leis, a determinação de ser o Seu nome, algo tão sagrado que não podemos mencioná-lo a não ser na realização de nossos rituais, onde sempre pedimos aos Orixás que serão homenageados, que atendam nossos pedidos, em nome de Olorúm. Como podem ver, somos sim, filhos de Deus.

Na realidade africana, temos o Pai Supremo, e este não possui filhos na Terra, ou seja, sua importância é tão grande que não existem filhos preparados para Ele, afinal, nenhum ser humano é digno do Pai ocupar seu corpo. Da mesma forma, não existem templos dedicados a Olorúm, pois que, todos os templos, independente do Orixá patrono, pertencem também à Deus, uma vez, que nada se faz sem sua permissão. Quando tocamos uma festa, sempre cantamos para todos os Orixás, de Exú à Oxalá, pois que, louvamos primeiro aos ancestrais e quando cantamos para Oxalá, invocamos através deste, a presença do Pai, pois, é Oxalá o seu rebento e como tal, sua presença representa a presença do Onipotente.

Cremos que, ao encerramos o Candomblé, podemos voltar tranquilos para casa, porque os Orixás estão satisfeitos conosco e consequentemente Olorúm, e com isso, a paz reina das novo na Terra. Engana-se quem pensa que tocamos apenas para fazer barulho ou mesmo para festa profana, não, nossos toques, nossos festejos, são para agradar a nossos Orixás e à Deus acima de tudo. Candomblé é antes de mais nada, uma forma africana de ver Deus, e nada podemos fazer sem que Ele nos abençoe. Se tocamos nossos atabaque , é  tão somente porque assim o faziam nossos antepassados, ainda na mãe África, e se, algo de demoníaco existe no som dos tambores, por que então, igrejas também os usam? E se vermos uma missa da renovação carismática ou mesmo um culto de determinadas congregações evangélicas, veremos ali a presença desses instrumentos.

Olorúm, Zambi a Pongo, Olodumarê, são nomes do mesmo Ser que a tudo e todos criou. Dentro das roças mais antigas, costumava- se ter escrito em uma espécie de placa:  Só há um Rei, Deus. Ocorre que tanto na África como nos Candomblés antigos, esse único Rei, passava desapercebido para os menos atentos , pois tanto os africanos como os zeladores de Santo mais antigos, não costumavam pronunciar seu nome em vão, tinham muito respeito por Ele.

Invocavam os Orixás, seus Ministros para que pudessem interceder por aquele que estava iniciando nos preceitos do Santo, ou mesmo, para o consulente, que buscava junto aos Orixás, a solução para seus problemas. 

Hoje em dia, até mesmo nos deparamos com pessoas que dizem não acreditarem em Jesus Cristo, e que tudo isso não passa de uma alegoria barata. Temos que entender no entanto, que quando Cristo andou pelo mundo, já existia sim, o culto aos Orixás na África, mas, esses africanos ao chegarem no continente europeu, e outros países como o Brasil, tomaram conhecimento de Cristo sim, e entenderam que era Este, o rebento de Deus, da mesma forma que Oxalá o é de Olorúm. Então, esses mesmos africanos viram que Jesus pregou a paz e o amor entre os homens e, com isso, viram que era sim, um ser divino, e desde então, entenderam que, negar a existência de Jesus, seria o mesmo que negar a existência de Deus.

O problema é que pessoas despreparadas andam pregando isso e outras coisas, criando assim, uma discrepância entre o real culto do Candomblé, e as fábulas que em nada arremetem ao que realmente ocorre dentro do quarto de Santo. Isso precisa ser revisto, dado que, a falta de informação ou, a informação equivocada, levam ainda mais o nome de nossa religião aos atoleiros da difamação que somos vítimas todos os dias por seguimentos contrários aos nossos.

Olorúm, o Grande Pai, que preside o destino do Universo,  quer somente  que nos amemos e a Ele em primeiro lugar.  Deus, Olorúm, Zambi a Pongo, Catú, Olodumarê, são apenas alguns dos nomes que nosso Criador possui, e nada de misterioso e demoníaco existe em nosso culto.

quinta-feira, junho 09, 2016

Amor, fé e perseverança, nos fazem vencer

Vivemos e um mundo onde cada vez mais, as pessoas se vêm no desassossego, muitas vezes se perguntando onde erraram, pois nada em suas vidas da certo. Sempre encontramos em nossos caminhos, pessoas que se perdem no dia a dia, atormentados pela dor, pelo sentimento de abandono, tristeza e tantos outros males, que torna difícil até mesmo a crermos que vivemos no mesmo mundo. 

Quantas lágrimas são derramadas diariamente por mães e pais que perderam seus filhos ainda tão jovens; quantas lágrimas outros pais derramam por não terem alimento digno para seus filhos, outros, choram pelo amor perdido, pelo desemprego, pelo despejo sofrido, etc. 

Vivemos em um mundo de tribulações diárias, onde os governos não se importam nem um pouco  com os menos favorecidos, onde as políticas que deveriam atender a  todos, atende somente a uma parcela pequena, mas, que possuem o poder em suas mãos. E ainda, quantos já perderam a fé em Deus e nos Orixás, por não mais suportarem tanta dor e tanto sofrimento?  Sim meus amigos, esse mundo está  cada vez mais complicado. 

Porém, como sacerdote, posso afirmar que o mundo em nada mudou desde sua criação por Deus nosso Pai. Quem mudou muito, e, para pior em todos os sentidos,  fomos nós, seres humanos. Porque, muitos se deixaram levar pela ganância e soberba, se esquecendo de que Olorúm criou a todos da mesma forma e com o mesmo amor, e, tanto nos ama, que nos deu de presente o convívio com seus Ministros, nossos Orixás, deidades que governam a natureza em seu nome, e ainda, presidem nosso destino.

E esses seres, estão sempre dispostos a nos ajudar, intervindo de forma benéfica à nosso favor, interagindo junto ao Pai, para que possamos viver com mais dignidade. Ocorre que, possuídos pela dor e pela angústia, muitos não enxergam a interferência  do Orixá em suas vidas, e pensam que aqui estamos apenas para sofrer.

Aqui estamos para reparar erros do passado muitas vezes milenar, mas, estamos também para nos elevarmos à presença de Deus. Sabem, essas deidades, o quanto é difícil vivermos aqui, e, passarmos por nossas provações, e, sempre estão nos auxiliando na jornada para que, através de nosso sacrifício diário, possamos alcançar os degraus que elevarão nosso espírito até as esferas superiores.

Mas, existe uma passagem interessante: “faça sua parte e Eu te ajudarei”, e, esta passagem, nos é passada pela Bíblia,  pelo Alcorão, e até mesmo por outras religiões como a nossa, onde nossos Orixás esperam que façamos o que nos é pedido, para que consigam nos ajudar. Obviamente que obrigações fazemos, presentes aos Orixás e demais entidades ofertamos, na esperança de que nos ajudem.

O que algumas pessoas não sabem, ou preferem ignorar, é que; ao plantarmos,  por exemplo,  a semente de uma árvore frutífera na Terra,  temos que cuidar para que a mesma germine, e, após a geminação, temos toda uma fase de novos cuidados para que ela cresça e se transforme na árvore e nos dê os frutos que irão nos alimentar. Algo parecido ocorre dentro do Axé Orixá, onde, depois de assentar o mesmo, temos uma série de cuidados e rituais para que possa o mesmo então, nos trazer todos os seus benefícios. Não basta assentarmos aquela deidade e nunca mais cuidar, pois que, como poderá ele, intervir junto à  Deus por nós?

' Existem dentro de nossa fé,  várias formas de cuidarmos de nossos Pais e Mães para que possam nos ajudar, seja colocando água em suas quartinhas, acendendo velas, dando o osse anual ou trimestral, e até mesmos as obrigações onde são feitos os holocaustos em honra daquele Santo. E são justamente esses cuidados que nos permitirão ter acesso a todas as coisas maravilhosas que podem nos oferecer, seria como, faço minha parte e meu Santo faz a sua. E isso porque, através desses rituais, criamos uma cumplicidade daquele Orixá conosco, e, como ser Divino que é, sempre irá nos ajudar para que possamos cada vez mais, lhe dar o que tem direito. 

9Ao cuidarmos de determinado orixá, criamos ainda uma barreira contra nossos inimigos, visíveis e invisíveis. E mostramos também a nossa  fé. A fé por sua vez, mostra a certeza que temos de que, tudo irá mudar para melhor e os dias ruins ficarão para traz. 

A batalha do dia a dia é árdua, mas, com fé,  Amor e dedicação tudo se transforma. A fé é a crença fiel de que estamos protegidos e amados por nosso Orixá, a dedicação, esta mostra a nosso Orixá o quanto o amamos, mas, a perseverança, essa sim, nos traz as vitórias, pois quem ama seu Orixá, tem a certeza da transformação , e com isso luta incansavelmente, mas somente a perseverança nos trará os louros da batalha.