Antonio Pinto de Oliveira, conhecido como "Tata Fomotinho" nasceu em Salvador - Bahia em data desconhecida.
Foi numa visita ao candomblé do Sejá Hunde, em Cachoeira, que Antonio foi tomado por seu vodun, "bolando" de forma definitiva.
A queda de Antonio representou um problema para a Mãe de Santo da casa, Gaiaku Maria Angorense, já que, por tradição, jamais havia raspado um homem, postura que pretendia manter até o fim de sua vida.
Ao consultar Ifá, no entanto, a sacerdotisa foi obrigada a render-se à vontade de Oxum que não abria mão da exigência de ser "feita" na cabeça de Antonio e, naquela casa. Assim, Antonio foi recolhido num barco composto de oito yaôs, sendo ele o único representante do sexo masculino.
Depois de iniciado, Antonio participava como Pai Pequeno na casa de candomblé de Manuelzinho de Oxóssi, filho de Maria Neném. Como a casa era de Angola, Antonio passou a ser chamado pelos yaôs de "Tata" e assim ficou definitivamente conhecido como "Tata Fomotinho".
Transcorria o ano de 1930 quando Antonio, a bordo de um navio do Lloyd Brasileiro, chegou ao Rio de Janeiro, acompanhado de seus amigos João Lesengue e Bananguami.
O jovem sacerdote foi residir numa casa muito humilde situada na rua Navarro, mudando-se, pouco tempo depois, para a estrada da Portela, 606, no subúrbio de Oswaldo Cruz.
Naquela época a repressão ao candomblé era terrível, mas Antonio, contava com a proteção de Paulo da Portela, fundador da tradicional Escola de Samba da Portela, o que de certa forma, mantinha a polícia distante da casa de candomblé.
Foi somente em 1935 que Tata Fomotinho, depois de haver plantado definitivamente os fundamentos da casa, confirmou o seu primeiro ogan, tratava-se de um jovem fuzileiro naval, Agostinho, mais tarde Pejigan Gebê, primeiro ogan de Oxum.
No dia 16 de janeiro de 1936, auxiliado por seu ogan e por sua amiga Maria da Cruz, Fomotinho tirava seu primeiro barco de iyaôs, do qual faziam parte Olegário e Marcionílio.
Pouco depois o axé era transferido para a Estrada do Areal de onde se alastraria. A semente por ele trazida da distante Bahia transformava-se em tronco sólido que estendia inúmeros galhos representados por seus muitos filhos de santo.
No dia 8 de junho de 1961, na esquina da rua Silva Gomes, no subúrbio de Cascadura, Tata Fomotinho foi atropelado por um lotação que trafegava em alta velocidade, sendo socorrido em estado desesperador no Hospital Carlos Chagas.
A recuperação foi lenta e dolorosa, mas, meses depois, o sacerdote reassumia suas funções na casa de candomblé. Sua saúde, entretanto, ficara muito abalada e, no dia 19 de fevereiro de 1962, Tata Fomotinho foi acometido de derrame cerebral quando se encontrava em São Paulo. Socorrido no Hospital das Clínicas daquele Estado foi, depois, transferido para a casa de seu filho de santo Jamil de Omulú e daí para a residência de Marcionílio no Rio de Janeiro.
Mas foi em Nilópolis, na casa de seu filho Djalma de Lalú, que Táta Fomotinho, no dia 26 de junho de 1966, veio a falecer.
Dele ficou, além da saudosa lembrança, um legado religioso inestimável, preservado por todos aqueles que foram por ele iniciados, cujos nomes relacionamos a seguir:
Vodunsis: Olegário, Beija-flor, Marcionílio, Antonio Cabeludo, Djalma de Lalú, Jorge de Yemanjá, Leandro, Esmeralda, Jorge de Oxóssi, Corina, Orlando de Omulú, Natália, Zezinho da Boa Viagem, Lucinda, Nicéia, Lucy, José Velho, Idelfonso, Edith, Irene, Marina, Jacy, Jorge de Omulú, Durval de Logun, Joana de Ogum, Berenice, Ivan, Manú, Petronílio de Oxóssi, Avanir, Luíza, Lusinete, Arlete, Tiana, Gumercindo, Filomena, Jorge, Marcílio, Luiza de Oxum , Belinha, Hilbert, Walter, Ernani, Orlando, Edith, Ester, Babazinho, Aidê, Negazinha, Joana, Nina, Toninho, Otávio, Décio, Jamil, João d'Ogun, Ladislau, Valmir, Jussan, Jorge Macuco, Joventino, Maria dos Santos, Leninha, Matilde, Fernando de Oxaguian e Cavalcante de Oxalá.
Ogans: Agostinho, Bento, Beto, Eduardo, Luiz, Walter, José, Damasceno, Wilson, Gabriel, Rubens e Miúdo.
Ekéjis: Sara, Biê e Rosa.
OBS: Pesquisa realizada no Centro de Estudos Afro Americano – CECAA, por Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambaranguange: Odé Mutaloiá.
OBS: Pesquisa realizada no Centro de Estudos Afro Americano – CECAA, por Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambaranguange: Odé Mutaloiá.
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