Muito temos ouvido falar na discriminação religiosa, na visão jurídica, sendo o autor do ato, passivo de sanções previstas em lei. Claro que é válida tal atitude, e temos sim, que combater judicialmente tais arbitrariedades que vão contra a Carta Máxima de nossa Nação, a Constituição Federal.
Porém existe um “crime” praticado dentro das casas de santo, e que a maioria de nós se cala perante a mesma. A discriminação interna! Sim, ela existe!
Sempre que algum irmão está tocando para Orixá, a fim de festejar algum de nossos Deuses, do panteão maravilhoso, que nos foi dado por nossos antepassados, ou mesmo quando está tirando um yawô, são comuns as rodas de bate papo entre alguns zeladores e até mesmo filhos de santo. E ali, para nossa tristeza ocorre a discriminação. Falam mal da casa e de outras casas e sacerdotes, criticam uns aos outros, falando desse ou daquele ritual d’alguma casa, e de algum zelador ou zeladora.
Se uma pessoa não alcança seus objetivos em determinado assunto, junto com algum zelador, não faltam irmãos para caluniarem, dizerem que fulano não sabe o que faz etc. e tal.
Temos que coibir tais atitudes. Temos que nos unir, independente de nação ou da procedência de nossos irmãos. Se agirmos com sabedoria, poderemos dar combate ferrenho à discriminação que sofremos por parte de pessoas evangélicas, que usam de nossos pontos fracos para nos agredirem sem dó nem piedade.
Temos que levar em conta que cada um pratica o Candomblé que aprendeu com o sacerdote ou sacerdotisa que o iniciou, e essa pessoa por sua vez, aprendeu com quem o iniciou.
Nossa religião é hierarquia e ancestralidade, assim teremos sempre pontos de divergência entre as centenas de milhares de casas de santo espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. Dificilmente veremos os rituais, ao menos alguns deles, serem feitos da mesma forma, sempre sofrerá variações por mínima que seja, pois cada um aprendeu de uma forma.
Não nos compete dizermos que casa tal, ou sacerdote tal, esteja certo ou errado, até mesmo pela miscigenação da qual se formou o Candomblé. Temos que nos lembrarmos que os africanos para aqui vieram, oriundos de diferentes partes de sua terra natal, e lá, os rituais litúrgicos, se diferenciam, dado à localização de tal aldeia ou reino.
Então, me pergunto: qual de nós pratica o culto aos Orixás, da mesma forma que eles? Posso afirmar que nenhum de nós, pois para início, as tradições eram passadas apenas de forma oral, e assim, como em outras religiões e culturas muito se perderam. Afirmarmos o contrário seria querer nos intitular os “guardiões da sabedoria” e isso estaria muito longe da realidade e, pertíssimo da soberba e arrogância, fatos, aliás, que contrariam a lei de nossos Orixás.
Devemos nos unir, buscarmos formas de nos ajudarmos mutuamente, claro que não sairemos distribuindo nossos segredos sem saber para quem estamos dando tais riquezas, mas, se conhecemos a pessoa, se sabemos que ele realmente é um zelador, por que não nos ajudarmos mutuamente? Não seria esse o caminho para o respeito que tanto desejamos para nossa fé?
Queridos irmãos, busquemos apoio um no outro, façamos das dificuldades de um, a dificuldade de toda uma religião, afinal, independente de nação, de casa, somos todo membros de uma só tribo.
Se somos de uma nação e vamos mexer em algum fundamento de outra, por que não buscarmos ajuda de outro zelador que seja daquela nação e assim sendo, conhece seus segredos? Mas, se algum irmão vai dar uma ajuda pertinente a sua nação, é importante que essa ajuda seja dada de forma correta e coesa, além de também ser de forma secreta para que não coloquemos nossos irmãos em situações delicadas. E não devemos também, buscarmos glórias por aquilo, pois que essa pertence a nossos Orixás que sem os quais nada saberíamos.
A discriminação interna, é no mínimo uma aberração perante nossos Orixás, estamos cometendo erro terrível perante eles, podem ter certeza, pois que quando seus sacerdotes vieram para nossa terra, como escravos, não se preocuparam em dizer que essa ou aquela gente estava errada em sua forma de cultuar os antepassados. Ao contrário: se uniram em prol de uma mesma necessidade! Aí é que entra a verdadeira política, que visa o bem de uma comunidade e não apenas interesses particulares e pessoais.
De nada adianta combatermos a discriminação por parte de outros seguimentos religiosos, se continuarmos a nos discriminarmos.
Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.
odemutaloia@gmail.com
odemutaloia@hotmail.com
Porém existe um “crime” praticado dentro das casas de santo, e que a maioria de nós se cala perante a mesma. A discriminação interna! Sim, ela existe!
Sempre que algum irmão está tocando para Orixá, a fim de festejar algum de nossos Deuses, do panteão maravilhoso, que nos foi dado por nossos antepassados, ou mesmo quando está tirando um yawô, são comuns as rodas de bate papo entre alguns zeladores e até mesmo filhos de santo. E ali, para nossa tristeza ocorre a discriminação. Falam mal da casa e de outras casas e sacerdotes, criticam uns aos outros, falando desse ou daquele ritual d’alguma casa, e de algum zelador ou zeladora.
Se uma pessoa não alcança seus objetivos em determinado assunto, junto com algum zelador, não faltam irmãos para caluniarem, dizerem que fulano não sabe o que faz etc. e tal.
Temos que coibir tais atitudes. Temos que nos unir, independente de nação ou da procedência de nossos irmãos. Se agirmos com sabedoria, poderemos dar combate ferrenho à discriminação que sofremos por parte de pessoas evangélicas, que usam de nossos pontos fracos para nos agredirem sem dó nem piedade.
Temos que levar em conta que cada um pratica o Candomblé que aprendeu com o sacerdote ou sacerdotisa que o iniciou, e essa pessoa por sua vez, aprendeu com quem o iniciou.
Nossa religião é hierarquia e ancestralidade, assim teremos sempre pontos de divergência entre as centenas de milhares de casas de santo espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. Dificilmente veremos os rituais, ao menos alguns deles, serem feitos da mesma forma, sempre sofrerá variações por mínima que seja, pois cada um aprendeu de uma forma.
Não nos compete dizermos que casa tal, ou sacerdote tal, esteja certo ou errado, até mesmo pela miscigenação da qual se formou o Candomblé. Temos que nos lembrarmos que os africanos para aqui vieram, oriundos de diferentes partes de sua terra natal, e lá, os rituais litúrgicos, se diferenciam, dado à localização de tal aldeia ou reino.
Então, me pergunto: qual de nós pratica o culto aos Orixás, da mesma forma que eles? Posso afirmar que nenhum de nós, pois para início, as tradições eram passadas apenas de forma oral, e assim, como em outras religiões e culturas muito se perderam. Afirmarmos o contrário seria querer nos intitular os “guardiões da sabedoria” e isso estaria muito longe da realidade e, pertíssimo da soberba e arrogância, fatos, aliás, que contrariam a lei de nossos Orixás.
Devemos nos unir, buscarmos formas de nos ajudarmos mutuamente, claro que não sairemos distribuindo nossos segredos sem saber para quem estamos dando tais riquezas, mas, se conhecemos a pessoa, se sabemos que ele realmente é um zelador, por que não nos ajudarmos mutuamente? Não seria esse o caminho para o respeito que tanto desejamos para nossa fé?
Queridos irmãos, busquemos apoio um no outro, façamos das dificuldades de um, a dificuldade de toda uma religião, afinal, independente de nação, de casa, somos todo membros de uma só tribo.
Se somos de uma nação e vamos mexer em algum fundamento de outra, por que não buscarmos ajuda de outro zelador que seja daquela nação e assim sendo, conhece seus segredos? Mas, se algum irmão vai dar uma ajuda pertinente a sua nação, é importante que essa ajuda seja dada de forma correta e coesa, além de também ser de forma secreta para que não coloquemos nossos irmãos em situações delicadas. E não devemos também, buscarmos glórias por aquilo, pois que essa pertence a nossos Orixás que sem os quais nada saberíamos.
A discriminação interna, é no mínimo uma aberração perante nossos Orixás, estamos cometendo erro terrível perante eles, podem ter certeza, pois que quando seus sacerdotes vieram para nossa terra, como escravos, não se preocuparam em dizer que essa ou aquela gente estava errada em sua forma de cultuar os antepassados. Ao contrário: se uniram em prol de uma mesma necessidade! Aí é que entra a verdadeira política, que visa o bem de uma comunidade e não apenas interesses particulares e pessoais.
De nada adianta combatermos a discriminação por parte de outros seguimentos religiosos, se continuarmos a nos discriminarmos.
Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.
odemutaloia@gmail.com
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