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sexta-feira, março 30, 2012

A IDONEIDADE

Muitos sonham em ser do Santo, e os feitos sonham em ter sua casa aberta. Mas, o que poucos sabem é que se precisa de muito mais que vontade para se ter uma “roça” aberta.

Todos podem se iniciar para o Santo, mas, muito poucos são os que carregam o “balaio de axé”, que é o cargo que seu santo traz para ter-se o direito de abrir um Templo.

Os zeladores mais antigos costumavam observar se a pessoa tinha ou não, o dom para ter casa aberta, durante seu processo de iniciação e muitas vezes antes mesmo do rito inicial. Tomava-se todo o cuidado para não cair no erro de dar casa para quem não tivesse direito a isso.

Porém, mesmo com o cargo de zelador e com as obrigações em dia, era um costume dos mais antigos, não permitirem que as pessoas com menos de 48 ou 50 anos de idade, abrisse sua casa.

Este ato devia-se tão somente à maturidade que requer o sacerdócio.

Para se ter uma casa aberta, temos que entender antes de tudo, estamos assumindo responsabilidade não somente com nosso Santo, mas, também, com os Orixás que nos buscam e com a vida das pessoas que confiam seu destino em nossas mãos.

Como ouvi de meu Pai, meu Amigo, o Alabê, Orlando Santos: "Temos que ter responsabilidade primeiro com nossa vida, para depois assumirmos compromisso com a vida de terceiros”. E isso ele me disse, confirmando a informação de que pessoas como a saudosa Mãe Menininha, o saudoso Luís da Muriçoca, não permitiam que as pessoas abrissem seus Templos antes do amadurecimento imprescindível para o lido com os assuntos da Religião.

Encontramos hoje, pessoas que além de serem novas no Santo, não possuem o mínimo discernimento necessário para terem uma casa aberta. E essas pessoas se auto intitulam zeladores e zeladoras de Orixá, mas nem mesmo sabem o significado de certas rezas e cantigas que usamos em nossos rituais.

Encontramos outros, que dizem aos quatro cantos do mundo: “eu mesmo corto para meu Orixá”!  Oras se é tão fácil assim, porque temos que ter um zelador que cuide de nossa cabeça?

Não importa o tempo de Santo que temos, a lei determina que tenhamos alguém para cortar para nosso Santo. Esta é uma forma de Olorúm, mostra que ninguém é alto suficiente nesse mundo, e que sempre precisamos um do outro, assim como os Orixás, que precisam uns dos outros. A prova disso, é que: Todos dependem de Exú, e este depende, por exemplo, de Ogum de Odé e dos demais.

Os demais precisam de Ogum que é a estrada, os caminhos, e ele juntamente com os demais Santos depende de Odé para caçar e alimentar as tribos.

Ogum e Odé dependem de Oxum que é o rio, o leite da Terra, e esta depende de outros. Todos dependem de Agué por causa das folhas, mas ele depende dos demais, inclusive de Obaluayê que é o dono do chão, e assim consequentemente, nossos Orixás, uns vão dependendo dos outros, mas todos são irmãos e dependentes do único que não depende de nada: Olorúm Deus.

Bem, se assim o é no reino dos Orixás, por que nós, pobres, fétidos seres humanos não dependeremos de ninguém?

Já encontrei nessa minha humilde jornada, pessoas que mesmo novas de Santo, buscam um conhecimento que não lhes pertence ainda, e ao nos negarmos a passar, pois seguimos ordens, somos até mesmo espraguejados.

Já vi pessoas que solicitam fundamentos até mesmo de como assentar sua cumeeira, mas se negam a serem filhos de Santo, pois dizem que os zeladores são um bando disso ou daquilo. Mas, o engraçado é que ninguém se raspa no Santo.

Se desejamos ter fundamentos, é de suma importância que tenhamos um zelador ou zeladora e este sejamos fiéis. Antigamente as pessoas obedeciam a seus zeladores, pois estavam obedecendo a seus Orixás, mas hoje, menosprezam os mais antigos e se auto intitulam pais e mães de Santo, mas não enxergam o primeiro erro: somos zeladores e não pais e mães de Santo, até porque se estes possuem um Pai, este é Deus que a tudo criou.

Por esses e muitos outros motivos é que os mais antigos na Religião não permitiam que as pessoas abrissem suas casas antes do amadurecimento necessário.

Quantos não cometeram erros, pois não tinham ainda o tempo ideal para assumirem o sacerdócio?

Encontramos sempre, pessoas as mais humildes e bem antigas no Santo, que se orgulham de abaixar-se para um Orixá, mas, os de hoje, se negam aos preceitos e se acham acima de tudo e de todos.

Quando encontramos uma pessoa do Santo, sofrendo em demasia, não nos enganemos, ela está apanhando do Santo, pois este bate sim, sem dó naqueles que não seguem seus preceitos.

A hierarquia é tão séria, que mesmo Olookê, dependeu de outros Orixás para vir para a Terra. Mas poucos são os que o conhecem e sabem de seus preceitos. Santo, queridos irmãos, é devoção, amor e submissão a leis muito sérias que regem o Universo, pois este é regido por Olorúm.

Assim, se você tem cargo para zelador, tenha calma, espere a hora que lhe for autorizado abrir seu Templo e verá que da mesma forma que a fruta só é saborosa colhida no tempo certo, assim nós, seres humanos, somente poderemos ser bons sacerdotes dentro do hábil de Deus e dos Orixás.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá, Presidente do Conselho religioso da UNESCAP.



terça-feira, março 27, 2012

A IMPORTÂNCIA DO RETIRO ESPIRITUAL


Muito comumente vemos somente pessoas de outros seguimentos religiosos, dedicarem-se ao retiro espiritual, e, dentro de nossa Religião, é muito raro encontrarmos essa prática.

Acontece que o retiro espiritual é de suma importância tanto para os adeptos da Umbanda como mesmo do Candomblé, afinal é uma oportunidade de estarmos em contato direto com a Natureza e consequentemente com nossos Orixás e Guias Protetores.

Para que possamos promover um retiro espiritual, é imprescindível que tenhamos acesso a um local onde a mata e a cachoeira sejam presentes.
Não se deve ter acesso à bebida alcoólica, carne vermelha e muito menos aos prazeres da carne, pois ali estão as pessoas, tão somente para que possam se energizar e conseguirem assim alcançar a força e o poder da natureza.

No retiro espiritual, temos a oportunidade ímpar, de entrarmos em contato com a natureza e consequentemente com os encantados que nela habitam.

O recomendável para se obtiver sucesso no retiro, é mantermos o ambiente puro. Para tal, devemos ao chegar, defumar todo o espaço que será utilizado, acender velas e arriar oferendas aos encantados para que eles possam assim, entrarem em contato conosco e trazerem a essência mais pura de Deus.

Para tal, é imprescindível que se faça essa reclusão durante três dias: sexta, sábado e domingo. E, desde a chegada, devemos orar, pedindo aos encantados que se dignem a vir até aquele local, trazer a paz e a harmonia necessárias.

Antes de se dar inicio ao retiro, tanto o dirigente do Templo, como as pessoas que dele farão parte, devem-se abster de sexo, bebida e carne vermelha com três dias de antecedência e, antes de sair do Templo, todos devem tomar banhos de ervas cheirosas, deixar seus anjos da guarda acesos com velas de sete dias, bem como o gongá e seus Orixás, (se forem de Candomblé).

Outra oportunidade ótima que temos durante a reclusão, é trocarmos ideias sobre a religião, sobre os caminhos que devemos seguir em nossas vidas, e até mesmo, formas de combater a discriminação e o pré-conceito de que somos vítimas no dia a dia.

Pedir orientação aos seres de luz, para que possamos seguir nossa jornada nessa Terra, sempre voltados ao bem a ao amor ao próximo. O dirigente deve aproveitar ainda, essa chance, para doutrinar seus médiuns e até mesmo os Guias que compõem o corpo astral da casa. E para isso, deve-se fazer uso de orações, cânticos sagrados, e pregar toda a doutrina necessária para que sejam seus filhos, médiuns exemplares.

O retiro deve fazer parte do calendário anual de eventos da casa e é recomendado que aconteça ao menos duas vezes por ano. Nunca deve o dirigente, perder uma oportunidade de zelar pela moral de sua casa e de seus filhos, pois estará antes de tudo, colaborando para o bom andamento das causas espirituais e para o aperfeiçoamento de seu corpo mediúnico.

Ao fazer o retiro espiritual, o dirigente de um templo, está antes de qualquer coisa, dando sua parcela para que a religião que tanto amamos, seja mais humana e que tenha mais condições de se ver seus praticantes seguindo as orientações primárias da espiritualidade: o amor ao próximo, à Deus e a todas as suas criações.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá. Presidente do Conselho Religioso da UNESCAP.

segunda-feira, março 19, 2012

SERIAM NOSSOS ORIXÁS DEMÔNIOS?


Antes de respondermos a essa pergunta, se faz necessário que aprendamos o significado correto das palavras. Porém, temos que primeiro nos lembrar de que; todas as palavras usadas em nossos dias são na verdade, derivadas de outros vocabulários  como o grego, o latim e tantas outras, hoje chamadas de “línguas mortas”, mas, na verdade deveríamos nos reportar a elas como LÍNGUAS MÃES.

Dentro de nosso vocabulário, temos também, que nos lembrarmos de que; ao “reinventarem” os idiomas, os grandes tradutores, (que eram padres), obviamente que traduziram muitas coisas dentro do interesse de sua fé, ou seja: a Igreja Romana.

Através de séculos e séculos, essa mesma igreja que tanto prega hoje o amor, o perdão, a caridade etc., matou sim sem piedade, milhões de pessoas tão somente por não possuírem sua mesma filosofia.

Queimaram milhares e milhares de mulheres acusadas de bruxaria e, em sua grande maioria, a sua “bruxaria” era nada mais, nada menos que espécies de medicinas que usavam para curar as pessoas de suas aldeias ou quem mais precisasse.

Essa mesma igreja, matou sem nenhum escrúpulo e manuseou as palavras de forma a manterem as pessoas PRESAS em sua teia de ambição, corrupção e sede de poder. Para isso, basta que vejamos com atenção o que nos diz a historia de Lutero e entenderemos muita coisa.

Mas, aqui tratamos se “são nossos orixás demônios”.

Bom, antes de qualquer coisa, se faz imprescindível que estudemos a palavra em sua língua de origem, e eis o que podemos encontrar:

Do Latim: DAEMON. Palavra que se usava para se referir aos espíritos de forma geral.

Do Grego: DAIMON. Que era a forma de se falar em “deuses” de menor importância em seu dia a dia, ou de uma deidade que tinha a tutela dos seres vivos, sendo que muitas vezes eles se referiam com essa palavra até mesmo às almas do desencarnados.

Já no Indo-Europeu, a palavra era: DAI-MON, que significa “aquele que divide”, ou até mesmo “provedor”, dentro da base DA- que vem a significar “repartir ou dividir”.

Ainda no Grego, Daimon cujo plural é Daimons, se referia também aos anjos da guarda, conforme podemos pesquisar em varias fontes sobre o grande filósofo Sócrates.

Vejamos agora o que nos diz o “resumo da doutrina de Sócrates” no Evangelho Segundo o Espiritismo:

“VI – Os demônios preenchem o espaço que separa o céu da terra, são o laço que liga o Grande Todo consigo mesmo. A divindade não entra jamais em comunicação direta com os homens, mas é por meio dos demônios que os deuses se relacionam e conversam com eles, seja durante o estado de vigília, seja durante o sono”.  Observemos que essa ENTIDADE nada mais era que Deus. E os demônios, seriam seus Mensageiros, nossos Orixás, Guias e até mesmo nossos anjos da guarda.

O que temos aqui senão a manifestação gloriosa dos mensageiros de Deus?

Não devemos, pois, nos atermos ao que nos ensinam, sem que para isso, tenhamos uma base.

Acontece que a grande maioria das guerras medievais e até mesmo antes desta época, foram vencidas pela Igreja Católica e como sempre, a história é contada pelo vencedor e não pelo perdedor. Assim sendo, transformaram tudo para que o poderio papal não caísse em mãos erradas, ou seja: em mãos que não fossem de suas bases.

A tradução de forma negativa da palavra Daemon, ou Daimon, tem sua origem com os primeiros cristãos que diziam ser essa palavra uma forma de se expressar a existência de um Deus pagão. Mas, mesmo sendo os grandes estudiosos, da época, os tradutores dos evangelhos, permaneceram incitando a alusão de um ser chifrudo e que na falta do que fazer, passa dias e dias a cozinhas as pessoas em um caldeirão.

Pois bem: quem de nós, pai ou mãe, teria coragem de cozinhar uma mão ou mesmo um dedo de nossos filhos? Então, como podemos crer em um Deus que por amor, criou tudo e todos e se arrependeu depois, e passou a destinar seus filhos, a comida de um banquete infernal?

Como acreditarmos em um Deus que ao se sentir solitário, depressivo, fica sentado jogando raio na cabeça de quem não o obedece? Afinal ele é Deus ou um dos ditadores que a humanidade conheceu?

Vejamos essa gravura que traz Sócrates sendo assistido por seu Demônio:


 
 Sócrates e seu Demônio, de Eugéne Delacroix

Esses mesmos gregos acreditavam que cada um tinha um Daimon ou Daimonion pessoal; uma espécie de protetor que o acompanhava e o orientava em seus problemas.
Então, com certeza podemos afirmar que: SIM, SÃO NOSSOS ORIXÁS DEMÔNIOS! E podemos amá-los sem o mínimo peso na consciência, afinal, são seres puros que habitam fora da atmosfera terrestre e que trabalham para nos auxiliarem em nossas vidas.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.