Muito comumente vemos somente pessoas de outros seguimentos
religiosos, dedicarem-se ao retiro espiritual, e, dentro de nossa Religião, é
muito raro encontrarmos essa prática.
Acontece que o retiro espiritual é de suma importância tanto
para os adeptos da Umbanda como mesmo do Candomblé, afinal é uma oportunidade
de estarmos em contato direto com a Natureza e consequentemente com nossos
Orixás e Guias Protetores.
Para que possamos promover um retiro espiritual, é imprescindível
que tenhamos acesso a um local onde a mata e a cachoeira sejam presentes.
Não se deve ter acesso à bebida alcoólica, carne vermelha e
muito menos aos prazeres da carne, pois ali estão as pessoas, tão somente para
que possam se energizar e conseguirem assim alcançar a força e o poder da
natureza.
No retiro espiritual, temos a oportunidade ímpar, de
entrarmos em contato com a natureza e consequentemente com os encantados que nela
habitam.
O recomendável para se obtiver sucesso no retiro, é mantermos
o ambiente puro. Para tal, devemos ao chegar, defumar todo o espaço que será
utilizado, acender velas e arriar oferendas aos encantados para que eles possam
assim, entrarem em contato conosco e trazerem a essência mais pura de Deus.
Para tal, é imprescindível que se faça essa reclusão durante
três dias: sexta, sábado e domingo. E, desde a chegada, devemos orar, pedindo
aos encantados que se dignem a vir até aquele local, trazer a paz e a harmonia necessárias.
Antes de se dar inicio ao retiro, tanto o dirigente do
Templo, como as pessoas que dele farão parte, devem-se abster de sexo, bebida e
carne vermelha com três dias de antecedência e, antes de sair do Templo, todos
devem tomar banhos de ervas cheirosas, deixar seus anjos da guarda acesos com
velas de sete dias, bem como o gongá e seus Orixás, (se forem de Candomblé).
Outra oportunidade ótima que temos durante a reclusão, é
trocarmos ideias sobre a religião, sobre os caminhos que devemos seguir em
nossas vidas, e até mesmo, formas de combater a discriminação e o pré-conceito
de que somos vítimas no dia a dia.
Pedir orientação aos seres de luz, para que possamos seguir
nossa jornada nessa Terra, sempre voltados ao bem a ao amor ao próximo. O
dirigente deve aproveitar ainda, essa chance, para doutrinar seus médiuns e até
mesmo os Guias que compõem o corpo astral da casa. E para isso, deve-se fazer
uso de orações, cânticos sagrados, e pregar toda a doutrina necessária para que
sejam seus filhos, médiuns exemplares.
O retiro deve fazer parte do calendário anual de eventos da
casa e é recomendado que aconteça ao menos duas vezes por ano. Nunca deve o
dirigente, perder uma oportunidade de zelar pela moral de sua casa e de seus
filhos, pois estará antes de tudo, colaborando para o bom andamento das causas
espirituais e para o aperfeiçoamento de seu corpo mediúnico.
Ao fazer o retiro espiritual, o dirigente de um templo, está
antes de qualquer coisa, dando sua parcela para que a religião que tanto
amamos, seja mais humana e que tenha mais condições de se ver seus praticantes
seguindo as orientações primárias da espiritualidade: o amor ao próximo, à Deus
e a todas as suas criações.
Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá. Presidente do
Conselho Religioso da UNESCAP.
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