“mas vocês que são filhos de
pemba, mas vocês que são filhos de fé, bata com a cabeça e peça a Deus o que
quiser”.
Assim é o ponto onde em muitas
casas de Umbanda terminavam as sessões. Ocasião em que os médiuns iam aos pés
do Guia Chefe batia sua cabeça, tinha suas costas cruzadas, depois ia até o
Peji, batia a cabeça e fazia seus pedidos.
Porém, com muita tristeza em
nossa alma, podemos afirmar que raríssimos são os dignos de se dirigirem aos
pés de seus Guias Chefes e de seus zeladores ao ser entoado esse ponto. Pois
que, filhos de pemba são poucos, e filhos fé; bem, nem sei se existem mais. Afinal,
o que impera nos corações das pessoas de hoje, é somente o orgulho, a prepotência,
a intolerância, a desobediência, a ânsia de crescer sem trabalhar, a falta de
respeito com os mais velhos na religião e principalmente com seu zelador entre
tantas outras coisas.
Em tempos atrás, uma pessoa por
mais que sofresse, tinha orgulho de ser do Santo ou de ser da Umbanda, pois
erámos iniciados para sermos esposos e esposas de Orixá, porém, hoje tão
somente visam o material e nem estão aí para os preceitos das casas onde
frequentam.
Em nenhum momento nos
levantávamos contra nossos zeladores, pois que, estaríamos nos levantando
contra nosso Santo, mas, hoje em dia o zelador que se cuide se não quiser
apanhar de seus filhos de Santo.
Recordo-me de minha saudosa
zeladora, Mametú Yndembeleouí, que Olorúm a tenha em seu reino, quando nos
ensinava que somos escravos de nosso Orixá para o resto de nossa vida. Que temos
que amar a todos os Orixás, pois, são todos eles, nossos pais e mães, não importando
se é este ou aquele Orixá, mas, é uma Deidade que governa a natureza e assim
sendo, um Ministro de Deus e temos que respeitar a todos, porque dependemos de
todos eles.
Também nos ensinava essa grande sacerdotisa,
que, todos os zeladores e zeladoras, eram nossos pais e mães, porque eram muito
mais velhos que nós e assim sendo, devíamos a eles, o mesmo respeito que
devíamos a quem nos iniciou. E o que vejo hoje? As pessoas mal respeitam seu
zelador, que dirá o zelador de outras casas.
Ainda com essa sacerdotisa,
aprendi junto de meus irmãos, que; nada nesse mundo passa sem que Olorúm veja e
anote em seu caderno, e assim sendo, temos que nos ater a nossos atos, pois,
por mais idade que tenhamos no Santo, não somos nada nesse mundo e um dia
teremos que dar conta a Deus de nossos atos.
E hoje o que mais vejo são pessoas
usando a religião para fazer maldade para seus desafetos. Segundo minha saudosa
mãe Yndembeleouí, quando desencarnamos, e chegar à hora de nosso espírito dar
contas de nossos atos, Xangô abre a porta para o egum entrar, e Logum Edé com
sua balança, vai pesando tudo que é relatado, para que outra qualidade de Xangô
nos dê a sentença de acordo com as leis de Deus. E neste momento ai daquele
espírito que somente praticou o mal nessa Terra.
E as pessoas hoje se preocupam
com isso? Nada! Somente se preocupam com o que vão ganhar financeiramente
falando. Esquecem-se de que nesse mundo, tudo por pior que seja é finito, mas,
no mundo do espírito, uma dor pode ser infinita.
Mas, os médiuns em sua maioria não
são mais dignos de serem chamados de médium nem mesmo de filhos de santo. Mentem
descaradamente, pisam no nome de quem tanto fez por eles, e que muitas vezes
até matou sua fome e de sua família, como ocorre em muitos barracões, afrontam
seus pais e mães no santo, acusam-nos de coisas horríveis. E se tomam uma baixa,
xingam, jogam praga, expulsam de sua casa se o zelador lá estiver, e depois
quando a coisa fica feia, ainda saem por aí metendo o pau no zelador de santo.
Seria muito mais bonito se
assumissem seu erro. Se confessassem aos quatro cantos do mundo que sua vida
está dessa ou daquela forma, porque desafiou a lei do Santo. Mas não. Preferem
denegrir a imagem de quem somente os ajudou, do que assumirem seus erros.
Apenas se esquecem de um detalhe:
a vida pode até demorar, mas cobra por tudo de ruim que fazemos nesse mundo. Esquecem-se
também de que Orixá não é cego, nem surdo, nem mudo muito menos louco e que
está sim, vendo tudo que se passa, e não têm pressa de nos cobrar nada.
Temos que amar nosso Orixá, mas
temos que amar e respeitar nossos zeladores, todos os mais antigos, os Ogãs, Ekédis,
enfim, todos os cargos que são concedidos por um Orixá, pois caso contrário, não
passaremos de enxerto onde quer que estivermos.
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