foxyform

Contador de visitas

contador grátis

quarta-feira, julho 23, 2014

A IMPORTÂNCIA DOS BANHOS DE ERVAS



Todos nós sabemos da importância do nosso banho de asseio em nosso dia a dia, pois que, ele tira as impurezas de nosso corpo, leva consigo a poeira e todas as partículas que nos são nocivas, evitando assim doenças as mais variadas. Dentro dos rituais da Umbanda e do Candomblé, temos a mesma obrigatoriedade com os banhos de erva e até mesmo com outros, como os preparados com a água do milho vermelho, milho branco e outros, e cada um tem sua utilidade e hora certa.

Se por um lado, o banho de asseio, ou seja, com água, sabonete e shampoo, nos limpa o corpo físico, o banho de ervas tem a função de purificar nossa aura espiritual, refazer nossa energia e assim, permitir que as nossas entidades, possam se aproximar de nós de forma mais forte e sem influencias negativas. São esses banhos que nos aproximam mais, do Divino e dos espíritos mais elevados.

Em nossa jornada diária, passamos por encruzilhada, porta de hospitais, cemitérios, estradas, e tantos outros locais, e dentre estes, podem perfeitamente ter ocorrido, por exemplo, um desencarne e nós nem mesmo tomamos conhecimento. E aquela energia nos acompanha. Quantas vezes chegamos em casa ou no trabalho, com uma sensação de peso nos ombros? São essas energias que nos acompanham sem que percebamos.

Já em outras ocasiões, podemos passar por perto de algum Exú pagão, ou mesmo de algum egum que não fique satisfeito com nossa presença, e assim sendo, nos segue. Pode ocorrer que até mesmo um espírito em busca de luz nos acompanhe, pois como médiuns, funcionamos como antenas, e captamos tudo que há em nossa volta. E os banhos com as ervas sagradas servem justamente para afastar de nós essas energias negativas.

Quando vamos participar de uma corrente de Umbanda, é imprescindível que tomemos antes um banho de descarrego como é chamado o banho de ervas, para que seja retirada toda a negatividade de nossa volta e de nosso corpo, proporcionando assim, condições para que, nossos Guias possam se comunicar conosco de forma saudável. Antes de fazermos uma obrigação para Orixá, temos a obrigação de nos banharmos com ervas, pois somente assim, estaremos em sintonia com o Sagrado, e aptos para que a energia desses possa vibrar na mesma sintonia que a nossa.

Temos que nos ater, que lidamos com forças muito além da nossa, e até mesmo, muito além de nosso conhecimento, por mais que entendamos do assunto, e assim sendo, temos que nos prepararmos para a comunicação com este mundo tão Sagrado.

O banho de ervas, repara nossa aura, reconstrói toda a nossa energia, refaz o nosso contato com o mundo espiritual, portanto é de suma importância seu uso antes e depois de nossos ritos. Os antigos tinham o habito, por exemplo, de ao terminarem um ebó, tomarem um banho de ervas, a fim de afastarem de si, a energia negativa com a qual lidaram naquele trabalho. Isso é a mais pura sabedoria! Pois ao tomarem esse banho, era como se fizessem um ebó em si mesmo depois de darem o ebó em seu cliente ou filho de Santo.

As ervas sagradas ou Insabas, como chamamos na Angola, são partes de uma natureza viva que Deus criou, e depositou a mais pura energia para que purificassem os homens dos males que encontrassem em sua vida terrena. São elas protegidas pelo Orixá Agué e fazem parte dos mistérios mais profundos deste ser.

Porém, é de suma importância que um banho de ervas, seja receitado por um zelador, pois que, o banho que serve para um, não necessariamente serve para outra pessoa. Mesmo que o problema seja o mesmo, mas, temos a questão de que, existem ervas que servem para determinado Orixá, mas, são quizilas para outros. E isso pode sim, trazer consequências sérias para a vida da pessoa.

Existem ervas, por exemplo, que são ótimas para pessoas do Oxóssi, mas, que são quizilas para filhos de Xangô, e assim por diante. E esses fatos têm que ser observados e respeitados, e somente um zelador está apto a saber isso, pois faz parte dos fundamentos da religião, e esses fundamentos não são passados para os que não sejam iniciados, ou mesmo, para os que sejam iniciados, mas que não tenham idade de Santo suficiente para saber. Afinal, Candomblé é Hierarquia e Ancestralidade e temos que respeitar isso também.

Muitas vezes na ânsia de ajudar, a pessoa passa um banho que para ela foi muito bom, para outra pessoa, e isso termina causando mais problemas ainda na vida desta. Deve-se este fato à questão do Orixá, pois de acordo com a qualidade do Orixá da pessoa, muda-se tudo inclusive as ervas que ela pode fazer uso.

É muito importante então, que se mantenha o acompanhamento de um sacerdote para que, possa sempre estar tomando um banho de ervas, pois este é de grande importância para todos os rituais, seja de Umbanda, seja dentro dos preceitos sagrados dos Orixás.

Se o banho de asseio retira as partículas materiais de nosso corpo, o banho de ervas, retira as partículas negativas espirituais, dando-nos assim, uma percepção maior e melhor da vida, concedendo-nos maior capacidade de incorporação e até mesmo uma melhor visão no jogo de búzios. Sempre devemos tomar um banho de ervas. Que seja um por semana, afinal, andamos todos os dias, e todos os dias, acontecem fatos novos na vida.um banho a cada sete dias, é suficiente para nos manter em uma sintonia boa com nossos Orixás e Guias, isso se não formos realizar nenhum tipo de trabalho.

Depois de tomarmos o banho, é importante também, devolvermos a erva macerada na natureza, ou seja, depositemos a mesma em baixo de uma árvore ou arbusto para que Agué a reutilize afinal, dentro do Candomblé nada se perde, tudo se aproveita. Não temos o direito de desperdiçar nada. Depois de usarmos a erva, ela serve ainda de adubo para oura planta, e isso é sim, o reaproveitamento que Ossanha, espera de nós, seres humanos, porque assim Deus determinou.

Podemos observar que dentro das Leis do Orixá, a natureza está acima de todos os interesses, isso porque eles mesmos, os Orixás, dependem dela. Nosso corpo depois da morte, não volta para a Terra? Por que seriam então, as ervas desperdiçadas?

Omim eró: banho de ervas, a força dos Orixás, Caboclos e Pretos Velhos.

terça-feira, julho 22, 2014

OBALUAYÊ



Obá= Rei, Ilú= Céu, Ayê= Terra, esta é a tradução mais comum e mais próxima para o nome de nosso Grande e amado Obaluayê. Mas, traduzimos ainda como: Rei dos espíritos do céu e da terra. Isso porque esse grande e valoroso Orixá, além de guerreiro, caçador, e curandeiro, é também o senhor absoluto da morte, ou seja: guardião dos cemitérios e dos mortos que lá residem. É o nosso elo de ligação com nossa ancestralidade e nada podemos fazer sem sua permissão, dentro do culto aos ancestrais.

Dentro da abrangência de seu reinado, está o solo, o mesmo solo que pisamos, andamos, cuspimos, escarramos e depositamos nossos mortos e tudo que não mais nos interessa, ou seja: mais dia, menos dia, tudo volta para o mesmo local de onde saímos, a terra e este é domínio de Obaluayê.

Do mesmo material que Olorúm usou para nos criar, também lançou mão para criar várias outras espécies de vida e de riqueza. E tudo isso pertence a Obaluayê que como seu guardião, divide com quem achar merecedor, até mesmo as riquezas que surgem em baixo do solo. Que somos oriundos do pó, disso não resta dúvidas e quem ousa duvidar, coloca em xeque a existência do próprio Deus, esse mesmo que criou a tudo e todos, e que nos provém, da mesma forma que provém aos pássaros, aos peixes, aos quadrúpedes e todos os seres vivos. Então, não temos o direito de duvidar de nossa criação e muito menos de nosso Criador.

Somos sim, feitos do pó e para o pó voltaremos mais dia menos dia. Outros já foram antes de nós e esses são nossos antepassados, e para que possamos render-lhes o culto necessário, precisamos da permissão de Obaluayê, pois que, sem esta, não podem nem mesmo nossos ancestrais virem receber as oferendas que lhes ofertamos.

Seu poder é incomensurável e inenarrável, porém, mesmo com tanto poder em suas mãos, veste-se de chita e palha da costa, tão somente para nos mostrar que nesse mundo nada somos, nem nada seremos nunca, pois que, somente à Deus compete toda a sabedoria e glória por tudo.

Como Ministro de Olorúm, Obaluayê tem capacidade para fazer de nós, seres humanos o que achar necessário, mas, passa seu tempo a nos dar exemplo de dignidade e humildade, pois quando sai em nossas festas vestido de forma tão humilde, revela ali antes de tudo, o verdadeiro sentido da vida: a humildade.

Como Rei dos espíritos do Céu e da Terra, tem responsabilidade imensa sobre nós e nossos antepassados, representa nosso elo de ligação direta com nossa ancestralidade, mas, nem por isso, usa de tanto poder para satisfazer seus caprichos, pois em sua visão, bem como na de todos os Orixás, a vontade suprema é de Deus e a eles, cabe somente o respeito às suas leis.

Irmão de Oxum Marê, de Agué e consequentemente, filho de Nanã Buruquê, tem seu culto nas segundas feiras, pois sendo filho de sua mãe, governa com ela as almas e a morte. Senhor absoluto dentro dos cemitérios, cabe a ele a permissão para que uma alma possa voltar a esse mundo mesmo que para uma visita aos que aqui deixou.

Erroneamente vemos esse Orixá ser associado a Exú. É ele na verdade, nossa ligação com nossos antepassados. Senhor do culto a estes, somente através de oferendas a ele podemos entrar em conexão com os espíritos daqueles que se foram desse mundo, seja para pedir um favor, seja para matar a saudade que sentimos. Como médiuns, sabemos que a morte nada mais é, que a transformação de uma energia que somos. Ou seja: deixamos de existir na carne, e passamos a existir no mundo espiritual apenas. Nada é finito naquele mundo, e à Obaluayê, compete tanto o zelo, quanto a guarda e assim sendo, a manutenção dos segredos dos mortos.

Seu poder permite que nós que ainda estamos habitando a esfera terrena, tenhamos através de seu Xaxará, condições de termos a presença invisível de nossos entes queridos conosco. Não fosse assim, não saberíamos dizer as proporções que poderíamos ter de caos no mundo que conhecemos, pois que, inimigos da humanidade, poderiam ir e vir livremente e causar danos irreversíveis em nosso meio.

Se precisamos de um favor de babá egum, temos que agradar Obaluayê, para que aceite que aquele ser transpasse o portal de seu mundo e venha até nós, receber sua oferenda e intervir em nosso favor. Se temos uma pessoa sofrendo perseguição de um egum, ele da mesma forma, se encarregará de por as coisas em seu devido lugar e devolver a paz para a vida daquela pessoa. Afinal é ele o guardião dos mortos, e o elo de ligação entre nós, nosso mundo e nossos ancestrais.

Não viveríamos pois não existiríamos, se não fossem nossos ancestrais, e Obaluayê é a principal fonte de lembrança que temos deste fato. Pois que, ali está, presente em todos os nossos rituais com seu doburú, pipocas, tão utilizadas, tanto na vida, quanto nos ritos fúnebres. Em praticamente todos os rituais que fazemos, temos a utilização desta comida, e ai de nós se a deixarmos de fora, pois ele como Orixá guerreiro, caçador, curandeiro e até mesmo, feiticeiro das tribos africanas, nos cobrará por termos nos esquecido.

Ao louvarmos Obaluayê, louvamos também toda a ancestralidade, seja nossa, como de toda a humanidade, afinal, tudo e todos, possuem seu começo, nada nem ninguém, nasceu por si só. Atotô Ajuberú Balé Balé, diz a sua saudação. Louva-se assim toda uma hierarquia, louva-se o princípio de tudo, honremos pois este nome, e o saudemos com respeito, afinal, grande é seu poder, mas maior ainda é sua humildade.