Todos nós sabemos da importância do
nosso banho de asseio em nosso dia a dia, pois que, ele tira as impurezas de
nosso corpo, leva consigo a poeira e todas as partículas que nos são nocivas,
evitando assim doenças as mais variadas. Dentro dos rituais da Umbanda e do
Candomblé, temos a mesma obrigatoriedade com os banhos de erva e até mesmo com
outros, como os preparados com a água do milho vermelho, milho branco e outros,
e cada um tem sua utilidade e hora certa.
Se por um lado, o banho de
asseio, ou seja, com água, sabonete e shampoo, nos limpa o corpo físico, o
banho de ervas tem a função de purificar nossa aura espiritual, refazer nossa
energia e assim, permitir que as nossas entidades, possam se aproximar de nós
de forma mais forte e sem influencias negativas. São esses banhos que nos
aproximam mais, do Divino e dos espíritos mais elevados.
Em nossa jornada diária, passamos
por encruzilhada, porta de hospitais, cemitérios, estradas, e tantos outros
locais, e dentre estes, podem perfeitamente ter ocorrido, por exemplo, um
desencarne e nós nem mesmo tomamos conhecimento. E aquela energia nos
acompanha. Quantas vezes chegamos em casa ou no trabalho, com uma sensação de
peso nos ombros? São essas energias que nos acompanham sem que percebamos.
Já em outras ocasiões, podemos
passar por perto de algum Exú pagão, ou mesmo de algum egum que não fique
satisfeito com nossa presença, e assim sendo, nos segue. Pode ocorrer que até
mesmo um espírito em busca de luz nos acompanhe, pois como médiuns, funcionamos
como antenas, e captamos tudo que há em nossa volta. E os banhos com as ervas
sagradas servem justamente para afastar de nós essas energias negativas.
Quando vamos participar de uma
corrente de Umbanda, é imprescindível que tomemos antes um banho de descarrego
como é chamado o banho de ervas, para que seja retirada toda a negatividade de
nossa volta e de nosso corpo, proporcionando assim, condições para que, nossos
Guias possam se comunicar conosco de forma saudável. Antes de fazermos uma
obrigação para Orixá, temos a obrigação de nos banharmos com ervas, pois
somente assim, estaremos em sintonia com o Sagrado, e aptos para que a energia
desses possa vibrar na mesma sintonia que a nossa.
Temos que nos ater, que lidamos
com forças muito além da nossa, e até mesmo, muito além de nosso conhecimento,
por mais que entendamos do assunto, e assim sendo, temos que nos prepararmos
para a comunicação com este mundo tão Sagrado.
O banho de ervas, repara nossa
aura, reconstrói toda a nossa energia, refaz o nosso contato com o mundo
espiritual, portanto é de suma importância seu uso antes e depois de nossos
ritos. Os antigos tinham o habito, por exemplo, de ao terminarem um ebó,
tomarem um banho de ervas, a fim de afastarem de si, a energia negativa com a
qual lidaram naquele trabalho. Isso é a mais pura sabedoria! Pois ao tomarem
esse banho, era como se fizessem um ebó em si mesmo depois de darem o ebó em
seu cliente ou filho de Santo.
As ervas sagradas ou Insabas,
como chamamos na Angola, são partes de uma natureza viva que Deus criou, e
depositou a mais pura energia para que purificassem os homens dos males que
encontrassem em sua vida terrena. São elas protegidas pelo Orixá Agué e fazem
parte dos mistérios mais profundos deste ser.
Porém, é de suma importância que
um banho de ervas, seja receitado por um zelador, pois que, o banho que serve
para um, não necessariamente serve para outra pessoa. Mesmo que o problema seja
o mesmo, mas, temos a questão de que, existem ervas que servem para determinado
Orixá, mas, são quizilas para outros. E isso pode sim, trazer consequências sérias
para a vida da pessoa.
Existem ervas, por exemplo, que
são ótimas para pessoas do Oxóssi, mas, que são quizilas para filhos de Xangô,
e assim por diante. E esses fatos têm que ser observados e respeitados, e
somente um zelador está apto a saber isso, pois faz parte dos fundamentos da religião,
e esses fundamentos não são passados para os que não sejam iniciados, ou mesmo,
para os que sejam iniciados, mas que não tenham idade de Santo suficiente para
saber. Afinal, Candomblé é Hierarquia e Ancestralidade e temos que respeitar
isso também.
Muitas vezes na ânsia de ajudar,
a pessoa passa um banho que para ela foi muito bom, para outra pessoa, e isso
termina causando mais problemas ainda na vida desta. Deve-se este fato à questão
do Orixá, pois de acordo com a qualidade do Orixá da pessoa, muda-se tudo
inclusive as ervas que ela pode fazer uso.
É muito importante então, que se
mantenha o acompanhamento de um sacerdote para que, possa sempre estar tomando
um banho de ervas, pois este é de grande importância para todos os rituais,
seja de Umbanda, seja dentro dos preceitos sagrados dos Orixás.
Se o banho de asseio retira as partículas
materiais de nosso corpo, o banho de ervas, retira as partículas negativas
espirituais, dando-nos assim, uma percepção maior e melhor da vida,
concedendo-nos maior capacidade de incorporação e até mesmo uma melhor visão no
jogo de búzios. Sempre devemos tomar um banho de ervas. Que seja um por semana,
afinal, andamos todos os dias, e todos os dias, acontecem fatos novos na vida.um
banho a cada sete dias, é suficiente para nos manter em uma sintonia boa com
nossos Orixás e Guias, isso se não formos realizar nenhum tipo de trabalho.
Depois de tomarmos o banho, é
importante também, devolvermos a erva macerada na natureza, ou seja,
depositemos a mesma em baixo de uma árvore ou arbusto para que Agué a reutilize
afinal, dentro do Candomblé nada se perde, tudo se aproveita. Não temos o
direito de desperdiçar nada. Depois de usarmos a erva, ela serve ainda de adubo
para oura planta, e isso é sim, o reaproveitamento que Ossanha, espera de nós,
seres humanos, porque assim Deus determinou.
Podemos observar que dentro das
Leis do Orixá, a natureza está acima de todos os interesses, isso porque eles
mesmos, os Orixás, dependem dela. Nosso corpo depois da morte, não volta para a
Terra? Por que seriam então, as ervas desperdiçadas?
Omim eró: banho de ervas, a força
dos Orixás, Caboclos e Pretos Velhos.
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