Dentro dos cultos de Umbanda, e
principalmente no culto de Jurema, no Nordeste brasileiro, essa árvore é
venerada por todos, sejam caboclos, pretos velhos, enfim, nas raízes dessa
arvore está o fundamento destas entidades que trabalham de forma incansável em
prol da humanidade.
As histórias sobre essa árvore,
tem seu inicio ainda no Brasil colonial, onde já podiam ser observados os
rituais indígenas em torno dela. Ali eles se reuniam e através de suas ervas
sagradas, cânticos, danças e demais liturgias, e entravam em contato com o
Sagrado e consequentemente com seus antepassados, fossem para buscar ajuda para
uma batalha, fosse para pedir interseção para a colheita ou até mesmo para a
cura de um doente, segundo sua crença, através das raízes, galhos e folhas da
Jurema, seus antepassados podiam voltar ao mundo, trazendo seus conselhos,
curas e tudo o mais que se fizesse necessário.
Ocorre que, os índios do nordeste
brasileiro, principalmente de Pernambuco, sepultavam seus mortos, aos pés da
Jurema, pois acreditavam que, por ela ser muito alta, através de seus galhos, eles
poderiam alcançar o reino dos Céus, ou seja, a morada de Tupã. Mas, não somente para isso a Jurema tem
serventia para esses silvícolas.
O nome Jurema vem da língua Tupi yú-r-ema que significa espinheiro. Os índios nordestinos,
sabiam de suas propriedades e de sua fundamentação no culto a ancestralidade,
e, também, de sua grandiosa importância farmacológicas, sendo esses somente conhecidos
pelos índios.
Segundo pesquisadores, o culto a
essa árvore vem de datas longínquas, arremetendo aos tempos de Jesus Cristo
ainda menino: segundo eles, essa árvore teria sido usada para esconder a Sagrada
Família quando da perseguição dos soldados de Herodes, quando esses fugiam para
o Egito.
Assim sendo, temos aí a prova de
como essa árvore é sagrada e de como os índios souberam aproveitar todo o
misticismo da mesma. Observamos que esses povos nada faziam sem utilizarem a
Natureza, buscando nela toda a sabedoria armazenada desde os primórdios da
humanidade. Obviamente que a Jurema não poderia estar de fora dessa ciência.
Da mesma forma, seu culto, pois
que, somente através dos mestres juremeiros podemos ter acesso a tanta riqueza.
A árvore Jurema se divide em dois ramos:
a jurema branca ou Mimosa ophthalmocentra, e a jurema preta, Mimosa
hostilis.
Sua casca é utilizada para a
fabricação de uma bebida mística a qual, concede força, sabedoria e proporciona
contato com o mundo espiritual. O culto a Jurema, conquistou uma serie imensa
de adeptos em todo o Nordeste brasileiro e quem por lá passa, percebe que o nordestino
tem no culto a Jurema Sagrada a fonte para solucionar vários de seus problemas,
sejam eles, físicos ou espirituais. Mesmo
alguns babalorixás e ialorixás do Nordeste não abrem mão do assentamento da
Jurema, eu mesmo, conheço pessoas da Paraíba, Pernambuco entre outros, que,
mesmo praticando o Candomblé, mantém esse culto vivo.
Salve Jurema!
Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá
Foto: jurema preta, portal Embrapa
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