Dentro da mitologia afro, muitas são as lendas que formam o maravilhoso universo religioso que muitos brasileiros bem como cidadãos de vários países aprenderam a amar e cultuar.
Muito se fala nessas lendas, mas, de forma como se fossem elas, apenas lendas, parte do imaginário popular. Mas, diz um antigo ditado popular que, “toda lenda tem seu fundo de verdade”.
Quando começamos a nos embrenharmos nos caminhos do aprendizado de uma cultura, muito estudamos de suas lendas, suas práticas religiosas, e até mesmo sua culinária.
E com o mundo da África não seria diferente. Entramos em seu universo, sabendo que temos um Orixá e que esse coordena nosso destino segundo as vontades e determinações de Olorúm (Deus). Aprendemos que nosso Orixá, sempre estará disposto a nos auxiliar, desde conseguirmos nosso emprego, até mesmo a constituirmos uma família saudável e harmoniosa.
Aprendemos que nesse mundo existem lendas, e que essas lendas reportam-se à vida terrena de nossos antepassados. Muito poucos, no entanto, sabem que essas “lendas”, muitas vezes são na verdade fatos reais e que constituíram a vida de determinado ser quando de sua passagem aqui na Terra.
Observando os relatos dos antigos sacerdotes e sacerdotisas, nos é ensinado uma vasta gama de conhecimento de nossos Santos, e depois comparando esse aprendizado, com estudos realizados por historiadores, pesquisadores e demais estudiosos, vemos que na verdade, nos foi passado por nossos mestres espirituais, verdadeiros conhecimentos da história de um povo, suas glórias, vitórias, derrotas, tristezas e mais fatos.
Descobrimos então que fazemos parte de uma raça que existiu de forma sobre maneira às demais, e que escreveu seu nome com sangue e suor, fossem como escravos no Brasil ou ainda, como escravos em sua terra natal, servindo a seus próprios irmãos como servos insignificantes.
Essa servidão se dava, porque era comum nas guerras que o vencido se submetesse ao vencedor, sob pena de verem seu povo ser morto, suas mulheres e filhas estupradas e vários outros meios de torturas, e assim sendo, por pior que fosse a escravidão, essa seria melhor que as maldades que lhes seriam impostadas.
Estudando a cultura de povos antigos, vemos que a escravidão era comum e os indivíduos escravizados, muito pouco poderia ter. geralmente seus reis eram guerreiros imbatíveis e temidos, e não poderia ser diferente com a África e os fundadores de seus reinos.
Na África existiu um Rei que foi segundo historiadores, um dos mais temido guerreiros que já existiu, seu nome: Nimrod, no Brasil é conhecido por Ododúa.
Ele existiu segundo estudiosos no período de 2000 à 1800 A.c e, era um temível guerreiro e invasor, não conhecendo limites para suas conquistas nem mesmo a palavra medo e seu significado. Quando seu exército se aproximava de um determinado reino, seu governante sabia que, mesmo que mandasse todos os homens de seu reino, mais os de outros reinos vizinhos, não conseguiria deter Nimrod e sua legião.
Como valoroso e temido guerreiro, ele invadiu e dominou muitos reinos da África antiga e tornou-se o Patriarca de várias nações, entre elas a famosa Oyó que segundo os Pesquisadores, foi onde se deu início a nossa atual civilização.
Nos relata a história que Nimrod, teria descido do Egito até o reino de Yarba local onde fixou sua morada. Contam que no decorrer do caminho do Egito até Yarba, Nimrod teria fundado vários reinos e nomeou governadores para agirem em seu nome. Afinal naqueles tempos uma viajem como essa levava anos.
Na Bíblia encontramos relatos de que Abraão teria feito um pacto com Jeová, e esse determinou que ele viajasse, fundasse novos reinos e se tornasse o Patriarca de vários povos e de sua Geração. Com Nimrod, teria sido um pacto com Olodumarê, Olô = Senhor, dono, Odú = Destino, marê = Supremo; Olodumarê, senhor supremo do destino, = Deus.
Nas pesquisas encontramos relatos de que Olodumarê, teria mandado que Nimrod viajasse para a África para que ele pudesse redimir os descendentes de Caim, que assim como esse, traziam um sinal em suas testas.
Então ele seguiu a viajem e por onde passava, fundavas reinos que mais tarde fariam parte de um só Império: Oyó. Afinal sua missão vinha diretamente do Deus que a tudo criou.
Após fundar Ilê Ifé, ou seja Oyó, Nimrod adotou o nome de Ododúa, que significa, aquele que tem existência própria. Ele adotou esse nome, segundo a história, pelo fato de cultuar uma entidade santa, chamava, Oduá. Essa divindade por sua vez, nos relata a história, era Odulobojé e seria a representação feminina da criação, ou seja. Aquela que tem o poder da gestação.
Temos inclusive relatos na história de que, um branco vivia entre os negros em Oyó e governava a tudo e a todos, e Nimrod, ou Ododúa, vinha do Egito, local onde as pessoas como o Faraó, os sacerdotes e mesmo aqueles que pertenciam a nobreza, possuíam a pele mais clara.
Segundo Pesquisadores, ele como outros Reis e Guerreiros valorosos de seu tempo, passou a ser cultuado após sua morte, afinal esse era o costume dos yorúbas: cultuarem seus ancestrais. Assim, criou-se ainda em África, o culto a Ododúa, que aqui no Brasil, teve seu nome associado ao Próprio Deus, devido a esse pacto entre eles firmado.
Como tal poder não se consagra a qualquer um, ele passou ainda em África a ser cultuado como Divindade Máxima, ou seja: não tinha filhos a ele iniciados e assim o permanece até hoje.
Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.
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