Sabemos que para os Nagôs ele se
chama Olorúm. Já os angolanos tinham outra denominação para Deus: Nzambi
(Zambi) ou Nzambi Mpungu (Zambiapongo) - O Deus supremo e criador de tudo e de
todos. Sendo que este é apenas um de seus títulos, pois para outras regiões de
Angola, ele ainda é conhecido como, Sukula e para outros como Kalunga. Porém,
muitos outros nomes ainda estão associados ao Pai Supremo.
Dentro da cultura Banto, nada se
fazia que pudesse vir a contrariar as leis de Zambiapongo, pois temiam que este
os castigassem através de suas deidades, os Inkisis.
Assim como Olorúm dos Yorúbas, Zambiapombo
não possuía Templo nem mesmo um culto especifico, pois acreditavam que através
de seus mensageiros, tinham acesso ao Grande Pai e agradando a estes, agradavam
o Criador.
O engraçado é vermos que pessoas
de outros seguimentos religiosos, dizem que no Candomblé praticamos satanismo.
Em nossa cultura, não cremos que possa existir algum ser com capacidade para afrontar
a Deus e muito menos para desejar tomar seu Reino.
Acontece que falamos outra língua
sim, e por esse mesmo motivo, vale a pena lembrar, que os escravos foram
martirizados a mando da igreja de Roma, pois não entendiam o que falavam e logo
os associaram a um ser horrendo.
Também foi associada a este ser,
a religião que traziam de sua Terra. Pregavam que os negros cultuavam um ser
que chamavam demônio e com ele matariam as pessoas.
Se Zambiapongo, Olorúm, é o
diabo, então Alá dos mulçumanos também seria? Temos que entender que são nomenclaturas,
que a forma de pronuncia muda conforme a região do Planeta, na qual vivemos e
assim, o mesmo Sagrado tem um nome em cada canto deste mundo.
Bom, se cultuamos um ser trevoso
e maléfico, como podemos basear nosso credo em um ser Supremo e bondoso que a
tudo criou?
Não cultuamos deuses como falam,
mas sim, Ministros de Deus, seja ele chamado de Zambiapongo ou Olorúm. Para que
tenhamos uma ideia, os Bantos, não faziam nada sem consultar seus Inkisis e se
esses achassem que tal ato confrontaria com as leis de Deus, imediatamente eram
suspensos qualquer ritual.
Deus, ou Nzambi, Zambiapongo,
sempre foi muito sagrado para esse povo, tanto que jamais pronunciam seu nome
em vão (2º Mandamento da Bíblia: Não tomarás em vão o nome do Senhor seu Deus).
Quando precisam se reportar a
ele, é somente em situações extremas. Nesta ocasião, eles rezam e invocam
Nzambi, e geralmente é fora de suas aldeias, em baixo de uma árvore ou mesmo na
beira de um rio.
Fazem desta forma, porque se
acham impuros e também sua moradia, para que ali, a Fonte Suprema de tudo se
manifeste.
Dentro da cultura Banto, Nzambi
não tem uma representação física, uma vez que ele é o Incriado, ou seja: não
foi criado, mas sim, criou a tudo e a todos, é Ele: o princípio, o meio e o
fim. Então, reassentar o Ser Sagrado, seria um sacrilégio em sua cultura.
Quando precisam de favores,
chamam por suas divindades, pois para eles, estes são seus Ministros e assim
sendo, têm toda autonomia para interceder junto a Ele em seu favor. E mais
ainda: quando terminam seus rituais, Zambi é louvado, pois graças a Ele é que
tudo foi criado e assim sendo, ele é o principio e o fim de tudo e de todos.
Zambiapongo, o Pai Grandioso, que
criou todas as criaturas, na visão dos Bantos, e segundo eles, Zambi criou até
mesmo o que está acima: as nuvens e eles, naqueles tempos não tinham a mínima
condição de sequer imaginar o que existiria lá, nas alturas.
Acreditavam que acima das Nuvens,
estava a morada de Zambi e que somente através de muita dedicação é que poderia
uma pessoa chegar aos mais ínfimos degraus que levariam à sua morada.
Na cultura Banto, Zambi criou o
mundo e tudo que nele existe. Criou o homem, e a mulher para que eles pudessem
gerar filhos e assim, perpetuar a raça humana. Criou os animais para que
andassem pela Terra e servissem de comida para seus filhos, os humanos.
Criou as Insabas, para que
servissem umas de alimento, outras para remédio, criou a chuva para que
molhasse a Terra, criou as aves, os peixes, enfim, tudo e toda espécie de vida.
Mas, ao ver que suas criações
estavam á mercê dos homens, ele criou os Inkisis, e deu-lhes poder para
governarem a natureza em seu nome, e assim sendo deu-se início ao culto aos
sagrados.
Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi:
Odé Mutaloiá, Presidente do Conselho Religioso da UNESCAP.
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